quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

BATE-PAPO COM EUDES FONSECA - Parte 2

Foto: Daniel Filho

SAÚDE 

Tocamos no ponto que o vereador mais domina. Por ser profissional da saúde e ter trabalhado na área como funcionário da prefeitura, discutimos longamente sobre o setor no município. Temas delicados e polêmicos, mas respondidas com toda franqueza.
Por ter sido muito extensa, dividimos em duas partes. A começar:

Daniel Filho – Vereador, o senhor costuma visitar o hospital e PSF (Programa Saúde da Família) para avaliar as condições dos serviços?
Eudes Fonseca – Sim. Como minha rotina. Vou ao hospital, passo pelo PSF. Agora, recentemente, eu tive no PSF dos Mandantes, do Limão Bravo, Brejinho da Serra. Já fui profissional de saúde do município e costumo fazer essas visitas.

DF – Segundo sua avaliação onde esse serviço público está como o senhor espera e onde precisa ser melhorado?
EF – Rapaz, essa é uma pergunta um pouco delicada porque a gente sempre espera cada vez mais. Sempre queremos melhoria na área de saúde e educação. Hoje Petrolândia é um município pequeno onde nós tínhamos uma receita considerável devido os impostos da hidrelétrica. Mas agora, recentemente, nós tivemos um corte de 70% dos impostos da usina.
A gente vinha na saúde do município com algumas especialidades médicas. O prefeito vinha arcando com alguns especialistas como cardiologista, urologista, entre outras áreas. Perante a lei não é responsabilidade do município contratar médicos de alta complexidade para o hospital, mas nós tínhamos porque tínhamos como pagar. Hoje a gente não tem essa garantia. Com esse corte de, aproximadamente, R$700.000,00 mil reais por mês, vai fazer falta.
Então não sei se vai ter como manter esses especialistas. A atenção básica primária é, sim, responsabilidade do município e vamos ter que manter. A começar pelos PSF’s. Hoje, se não me engano, o que é repassado do Ministério da Saúde ao município para manter um é, se não me engano, em torno de R$11 a R$ 12.000,00 mil reais por PSF. E esse dinheiro engloba todo o custo. Só que sabemos que só o salário do médico é, aproximadamente, R$12 a R$13 mil reais. Então o que vem não dá nem pra pagar o médico. E sabemos que há outras despesas como dentista, técnico de enfermagem, enfermeiro e material de consumo. Ou seja, a contrapartida do município acaba sendo maior, mas, mesmo assim, a atenção básica é compromisso nosso.

Foto: George Novaes

Eu sempre cobrei muito da gestão municipal até porque sou da área de saúde. A gente vinha fazendo o possível. Sei que não podemos agradar a todos, mas sempre tentamos adequar o sistema da melhor maneira para poder levar uma melhor saúde para nosso povo.
Os PSF’s passaram agora por reformas. Eu até vi, alguns dias atrás, um colega vereador questionando algumas reformas por aparecer rachaduras. Eu acho isso até normal. Por exemplo, estou construindo minha casa lá na Apolônio Sales. E construí pouca coisa. Botei muito ferro embaixo e a casa rachou.

DF – O senhor, então, não acha que falta um estudo técnico antes das construções dos PSF’s já que nosso solo tem suas peculiaridades?
EF – Você diz analisar o terreno, o solo, antes, né? É interessante. Mas eu acredito que a equipe da secretaria de infraestrutura é competente e responsável. Problema sempre vamos ter e a gente vai se adequando para solucionar esses problemas. Voltando aos PSF’s acredito que Petrolândia está quase toda coberta. Claro, ainda falta para a Quadra 3 e um para o centro.

DF – Mas ficarão prontos ainda esse ano?
EF – Há poucos dias vinha conversando com Lourival sobre isso. Eu sei que o da Quadra 3 estava bem adiantado, mas teve que dar uma paradinha. Dá pra entender que o prefeito trabalha com muita segurança. Porque estava na cara que o Brasil ia passar por crise. Então não adianta a gente construir, dar o emprego e depois não ter como pagar o funcionário. Pior do que não dar o emprego é não ter como pagar depois.
O PSF do centro também estava bem adiantado, mas deu uma paradinha para fazer o equilíbrio e ver como vai ficar. Vamos precisar esperar dois, três meses para organizar a casa.

George Novaes – Quanto ao PSF do centro, esse que tinha na Avenida Barreiras, foi fechado? Era esse que seria o PSF do centro?
EF – Na verdade ali não era um PSF, era como se fosse um posto de saúde para dar alguma assistência ao pessoal do centro. Tinha enfermeiro, acho que médico, mas não era legalmente um PSF.
Só que a contrapartida não deu muito resultado. O custo estava sendo bem elevado. A população não estava frequentando muito. Então tinha que reduzir o quadro, diminuir as despesas do município porque o negócio tava começando a apertar. Então optou em fechar lá e todas as necessidades de lá irem para a secretaria de saúde e hospital. Infelizmente. Eu fico triste quando vejo um posto ou escola fechando, mas administrar não é fácil.

DF – Ainda falando sobre saúde. O senhor apontou problemas financeiros do município. Como o senhor vê os programas do Governo Federal como o Mais Médicos e, futuramente, o Mais Especialidades. O município poderá vir a recorrer a esses programas ou você acha inviável?
EF – Eu acho interessante. Eu não sou contra o Mais Médicos e o Mais Especialidades. Eu acredito que tudo que venha para somar é importante não importando de onde vem. O problema que vejo, Daniel, dos médicos estrangeiros é com relação à língua. Acho que deveriam passar por um aperfeiçoamento, de seis meses a um ano, do nosso idioma. Em Petrolândia não tem, mas vejo em outros municípios que a população as vezes não entende o que ele quer dizer. Mas acho importante eles virem.

GN – Você acha que eles precisariam passar pelo REVALIDA(Sistema de Revalidação dos Diplomas Médicos) ou esse aperfeiçoamento do idioma seria o suficiente?
EF – O REVALIDA é para exercer a medicina no Brasil, mas os médicos do programa não fazem.

GN – Mas há uma cobrança da classe médica que eles passem por esse teste.
EF – Rapaz, é democracia. Eu sou favorável que venham, pois estão trazendo saúde, assistência. Eu acredito que Petrolândia não sofre tanto. Nossa cidade hoje tem uma assistência boa... Regular. Mas tem município por aí que não tem médico nenhum. Então acho importante.
Não sou médico, sou dentista. Mas vejo alguns médicos falando que se acham injustiçados, pois eles estudaram tanto, disputaram vestibular e vem os cubanos aí para atrapalhar o negócio deles. Eu não vejo por esse lado.

PRÓXIMA PARTE – Ainda tratando do tema saúde o vereador comentará sobre as condições dos ônibus usados para os pacientes que precisam se deslocar para Recife (TFD - Tratamento Fora de Domicílio) e sobre o funcionamento de consultórios odontológicos em escolas municipais. Aguardem.

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