terça-feira, 29 de setembro de 2015

ENTREVISTA COM A CINEASTA QUE VIRÁ À PETROLÂNDIA

Foto: Isabela Cribari. Acervo Pessoal

Como extensão do trabalho de prevenção anunciado na SEMANA MUNICIPAL DE COMBATE À DEPRESSÃO E AO SUICÍDIO EM PETROLÂNDIA, pela secretária de saúde Andreza Carvalho, está previsto para o mês de Outubro a vinda da psicanalista e cineasta Isabela Cribari diretora do projeto cinematográfico DE PROFUNDIS, documentário que investiga a depressão coletiva na cidade de Itacuruba.
Pesquisamos mais sobre a cineasta. A seguir você lê na íntegra a reprodução  de uma entrevista concedida ao jornal DIÁRIO DE PERNAMBUCO à época de divulgação da obra. Uma prévia do encontro previsto. Boa leitura:

 Como a recorrência de transtornos mentais em Itacuruba chamou sua atenção? O que buscou captar com o documentário?
Sou psicanalista e documentarista. Quando li reportagens sobre o assunto, aquilo me atraiu pelas duas vias. A imprensa falava da depressão como sintoma da cidade em decorrência da mudança de lugar, mas eu quis saber mais sobre a pesquisa do Cremepe, fonte dos jornalistas. No município havia um índice de suicídio dez vezes maior do que a média nacional. Segundo o levantamento, em 70% das famílias de Itacuruba, alguém já atentou contra a própria vida. Confrontei esses dados com indicadores nacionais e eles não batiam. Conversei com colegas da área e ninguém sabia a respeito. Então quis fazer uma pesquisa qualitativa para se referir a essa outra, quantitativa, mas para evitar a confusão e a burocracia de se fazer isso na academia, escolhi usar a via da arte para retratar a situação com liberdade e velocidade.

Houve resistência por parte dos moradores para contar as histórias?
Pouco tempo antes, uma rede de televisão havia gravado uma matéria bastante melodramática. As pessoas estavam magoadas. O sofrimento e a dor não são naturalmente expostos com facilidade. A população estava há 25 anos com uma dor e, de repente, isso foi mostrado explicitamente. Todos estavam receosos, negaram o problema e apenas exaltaram o quanto a cidade estava linda. Mas reconheci nas pessoas uma impregnação de medicação. Muitos tomavam psicofármacos.

Quais foram as estratégias de aproximação?
Exibi o filme Cinema, aspirinas e urubus, cujo enredo narra a tentativa de um alemão de vender aspirinas da Bayer no Sertão. Debatemos a ligação da indústria farmacêutica com a depressão, a necessidade de usar a medicação como instrumento e não tratamento. Mais tarde, os moradores começaram a vir falar comigo, individualmente, para contar vários casos de suicídio. Eram relatos tanto dos mais velhos, habitantes da cidade "antiga", quanto dos jovens que não tiveram contato com a mudança. Também promovemos oficina de cinema. Usando celulares, eles fizeram vídeos sobre o observatório de estrelas do município, sobre o alcoolismo e a respeito da mudança da cidade velha para a nova. A partir desses filmes, entrei no universo deles.

Como o povo reagiu ao remexer no passado traumático?
Quando ninguém queria falar, exibimos em praça pública imagens de arquivo fortíssimas, de pessoas desenterrando seus mortos, colocando ossos em caixas para a água não levar. Na gravação antiga, alguns defendiam a mudança como oportunidade para desenvolver a região. Uma das cenas é a procissão dos moradores andando a pé da cidade velha para a nova, rezando e chorando, pois não queriam se mudar. No dia da exibição, com a praça lotada, todos cantaram novamente aquela música e começaram a desabafar, exprimir raiva. Até que resolvi parar de tentar entender aquilo tudo. Aprendi pela emoção, porque não tem muita lógica. Agora querem levar para Itacuruba uma usina nuclear que ninguém no Brasil quer. É difícil de compreender.

Por que a opção de não mostrar nenhum rosto no documentário, com vozes somente em “off”?
Ninguém quis aparecer no vídeo. Pensei em reproduzir os depoimentos com atores, mas perderíamos muito. Optei pela linguagem sensorial, por mostrar aquele lugar inundado com galhos de árvores saindo das águas. Parece uma cidade insepulta, como é insepulto esse sentimento e a dor que ninguém fala.

Cenas do curta exploram o ócio e a falta de lazer. São agravantes?
Nas cidades muito pequenas há, naturalmente, poucas ofertas de lazer, o que se intensificou com a transferência da cidade. Nas imagens da Itacuruba antiga, dá para perceber um clima diferente. As pessoas criavam maneiras de se divertir. O rio, por si só, era uma fonte de diversão. Depois da mudança, os moradores receberam por muito tempo uma verba de manutenção temporária, ela veio junto com mudanças de hábito. Quem acordava quando o sol nascia e dormia quando o sol se punha, depois de pescar, plantar, cuidar dos animais, perdeu tudo isso. Passaram a viver como funcionários públicos. A ociosidade tornou os moradores sujeitos passivos. Para ofertar a VMT, precisaria mais tempo e preparo da população pobre, que se viu diante de muito dinheiro. As pessoas têm muita mágoa da Chesf. Elas não viram o desenvolvimento chegar e se sentiram enganadas.

Existe solução para o problema de Itacuruba?
Ela precisa ser buscada. O atendimento à saúde mental não existe nos planos particulares, e no setor público a oferta é completamente deficiente para a enorme demanda. O médico da cidade nos perguntou o que mais ele poderia fazer, pois lá não tem Caps (Centro de Atenção Psicossocial), não tem nenhum serviço de saúde mental. As taxas de suicídio em Itacuruba só são comparáveis com as do Japão. Ainda assim, não há estrutura alguma. O fenômeno existe e está subnotificado no Ministério da Saúde. Se o mal do século é a depressão, temos que aparelhar o estado para uma oferta de tratamento adequada.

Terminado o curta-metragem, como ficou a relação com os moradores?
Deixamos 250 filmes na cidade para um grupo local criar um cineclube e promover exibições e debates. Também estou organizando antologia de filmes pernambucanos para eles, na tentativa de mudar a energia dessas pessoas. Alguns psiquiatras estão interessados em ajudar, oferecer tratamentos. É importante que o documentário circule não somente em festivais, mas seja discutido no âmbito médico e de planejamento urbano. Também vou distribuir cópias em todos os cineclubes de Pernambuco e estou à disposição para agendar grupos de pessoas interessadas em assistir e discutir o filme.


 Matérias do Blog que tratam do tema:
http://www.bloggotadagua.com.br/2015/09/suicidio-e-depressao-afligem-petrolandia.html (por Daniel Filho)



segunda-feira, 28 de setembro de 2015

ENCONTRO REGIONAL DO PT EM PETROLÂNDIA

Foto: Daniel Filho. Márcio Mastroiane,

assessor parlamentar do senador Humberto Costa

Aconteceu em Petrolândia, no último dia 26, um encontro de lideranças do partido na região com a assessoria do senador Humberto Costa formada por Eduardo Simplício, mais conhecido como Dudu, e Marcio Mastroiane.

Foto: Daniel Filho.

Natan Caetano, presidente do partido em Petrolândia, coordenou as discussões que contou com as representações do PT de Jatobá com Eraldo José; PT de Tacaratu, Júnior Teixeira e José Antônio Félix; PT de Itacuruba com Neuma.
Entre análises de conjuntura nacional e estadual, pontos relacionados às disputas municipais em 2016 entraram no debate. A reunião deliberou:

Orientar pelas filiações ao partido;

Reafirmar a estratégia de intensificar o Encontro Regional do PT de forma itinerante;

Estreitar cada vez mais as relações com os movimentos sociais como estratégia de fortalecimento para a construção de um projeto político para as disputas eleitorais 2016.

Uma próxima reunião regional do PT acontecerá dia 14 de Novembro em Jatobá.
 

Foto: Daniel Filho.





DIA D PARA O PTB EM PETROLÂNDIA por George Novaes

Foto: George Novaes

Neste domingo (27) na AVEPE, houve o ato de filiação do presidente da Câmara de Vereadores de Petrolândia Fabiano Marques ao PTB, partido pelo qual pretende ser candidato nas eleições em 2016 ao cargo de prefeito em Petrolândia.
Com a presença de importantes nomes da política estadual e de cidades da região, empresários e a população, todos trazendo seu apoio a esse grupo que se une para mudar os rumos das políticas em Petrolândia.

Foto: George Novaes

“É com esta união que se fará a mudança em 2 de outubro de 2016”, afirmou o vereador Carlinhos, presidente do PTB municipal.
Representantes de outras legendas PSC, PSL, PSD, PEN, PCdoB estiveram presentes e aproveitaram para declarar apoio ao pré-candidato Fabiano Marques (PTB).
O vereador Jorge Viana (PSL), falou da importância de ter ao lado políticos de experiência e por isso sabe o valor do PTB nesta caminhada em busca da mudança na forma de fazer política no município, onde o prefeito guarda dinheiro em caixa e deixa o povo sofrer.
Candidato a prefeito no último pleito a prefeitura de Petrolândia, o produtor Cícero Moura afirma que precisamos mudar esta situação e a mudança deste triste cenário tem que ser feita pelo povo.

Foto: George Novaes

Outro que na oportunidade fez sua filiação a uma nova legenda foi o vereador Rogério Novaes, agora filiado ao PSD. Em suas palavras carregadas de emoção disse: “a melhor escolha para Petrolândia é Fabiano Marques. É importante saber do apoio do ministro Armando Monteiro (PTB-PE) e do Dep. Fed. Zeca Cavalcante (PTB-PE) este tem muito a colaborar com Petrolândia, pois, tem larga e boa experiência como prefeito de Arcoverde por dois mandatos.” Ainda citou o Dep. Est. Rodrigo Novaes (PSD), pessoa honesta, verdadeira e que volta seu trabalho para o povo do sertão com muita competência. O Dep. Rodrigo Novaes declarou o orgulho e a honra de ter Rogério Novaes no PSD por ser um trabalhador do campo, pela sua garra e popularidade, um representante a altura do povo de Petrolândia, pessoa confiável e pela qual tem enorme carinho. Falou ainda:

“Sonho em ver uma Petrolândia melhor, conheço bem o gestor do município e se ele for um bom político eu sou um péssimo, porque no dia que eu tiver que mentir para fazer política eu paro de fazer política. Arrogância, petulância, falta de humildade, não se tem mais espaço para este tipo de político. Uma pessoa que faz política vendendo ilusões, promessas de empregos e que assim que se passam as eleições são demitidas. Isso não pode acontecer com o município mais rico da região, não é justo fazer isto com esse povo trabalhador, uma gestão desastrosa que falta saneamento, água, educação, sequer um programa de turismo para geração de emprego e renda. É para isso que tem que se mudar e colocar pessoas de coragem para governar, Fabiano tem a coragem, é jovem determinado e conhece a realidade de Petrolândia, é a figura capaz de desenhar um futuro digno para a cidade.
O gestor de Petrolândia não tem o direito de sair chorando por causa de crise econômica tem é que sair da cadeira se aproximar do povo e trabalhar. Faço política dizendo a verdade, se não serve para ser meu amigo não serve para me representar. Este prefeito abusou do direito de errar, teve sua oportunidade de governar para o povo e jogou tudo fora”.
Discursou o Dep. Rodrigo Novaes (PSD) que finalizou garantindo que este projeto para Petrolândia é a sua luta, podem contar com ele.
Por sua vez o Dep. fed. Zeca Cavalcante (PTB-PE), se disse orgulhoso em poder estar presente nesse momento ao lado de Fabiano Marques para discutir propostas para Petrolândia, pois é homem de coragem e tem ligação com as pessoas na cidade. Trouxe as palavras do ministro Armando Monteiro de apoio ao novo filiado PTB. “Fabiano você é conhecido por olhar nos olhos do povo.”

O novo filiado do PTB em Petrolândia Fabiano Marques agradeceu às demonstrações de confiança de todos e disse que tinha que escolher um caminho e a identidade agora é o PTB. “Estamos escutando o povo. Não percam as esperanças, estamos trabalhando dia e noite para podermos avançar na educação, na agricultura e em todos os setores importantes para nosso povo. Vamos juntos, pensando numa Petrolândia melhor”.

Foto: George Novaes


domingo, 27 de setembro de 2015

GRÊMIO ESTUDANTIL LIVRE, CONSELHO ESCOLAR... COMO SE DECLARAR ESCOLA DEMOCRÁTICA SEM ANTES GARANTIR MEIOS DEMOCRÁTICOS?

Foto: Daniel Filho. Nazaré, gestora da Escola de Jatobá, entrega
chave da sala do Grêmio à nova composição.

Participação política popular é construída gradativamente e, no chão da escola, é que se inicia. Mas é comum ouvir de alguns “gestores democráticos” frases como:

“Nós incentivamos a criação de conselho escolar, mas ninguém quer participar. É um sacrifício encontrar quem queira!”

“Os jovens não gostam de política. Até incentivamos a criação dos grêmios, mas eles são imaturos e, no fim, não querem responsabilidade!”

As frases soam verdadeiras por estarem imersas da zona de conforto que é gerir sem confronto, debate e fiscalização. Mas, sinceramente, é possível crer que nas escolas NINGUÉM se interesse pelas contas e planos da escola? A resposta dos “democratas” é um sonoro SIM!, mas o que se esconde por trás dessa inércia?

ABORDAGEM

Em diversas escolas presenciei como se dava a organização e convocação para formação de conselho. Primeiro se apresentam as problemáticas, seguida pelas dificuldades e concluídas pelas responsabilidades jurídicas e até penais em se participar para, só no fim do terrorismo, se afirmar: “Sua participação é muito importante”.

Foto: Daniel Filho. Maria Ozita, coordenadora da escola e

 principal incentivadora para criação e manutenção do 

Grêmio da Escola de Jatobá.

A “iniciativa” democrática, consciente ou inconscientemente, levam aos pais trabalhadores e jovens a mensagem: “É muita responsabilidade para nada! Não vale a pena”. E recursos ficam a mercê de poucos. Projetos e decisões ligadas diretamente ao cotidiano de pais e alunos, decidido por um corpo de funcionários que, obviamente, são tendenciosos a decidir porque lhes é mais confortável e não pelo que de fato é pedagógico e democrático.
Então a decisão de permitir ou vetar o uso de celulares pelos alunos, por exemplo, passam a competir aos funcionários que não cogitam vetar o próprio uso. A decisão de onde instalar aparelhos de ar-condicionado fica nas mãos dos que irão se beneficiar (já perceberam quais os primeiros e últimos ambientes a serem climatizados em uma escola?). A forma de avaliação, reprovação e aprovação atingirá a maioria, mas será definida por uma minoria.
Obviamente que a matéria não generaliza, mas provoca.

REGRA OU EXCEÇÃO?

Nas últimas semanas acompanhamos todo o processo de eleição para o terceiro mandato consecutivo do Grêmio Estudantil Livre da Escola Jatobá. O processo é acompanhado de perto pelos antigos membros, apoio pedagógico e o debate é incentivado através da rádio escolar e pátio com regras construídas em conjunto pelas chapas concorrentes.
A todos esses jovens foi permitida a percepção de que, na política, se erra e acerta, mas não se omite.

Foto: Daniel Filho. Maria Luiza,
eleita presidenta do Grêmio naEscola de Jatobá 

Na escola Icó-Mandantes o grêmio estudantil foi criado e, junto à gestão, vem trabalhando pela melhoria do entorno da escola, com criação de horta e limpeza do ambiente, e em palestras e eventos pedagógicos para atingir o verdadeiro foco desse ato: a aprendizagem. E qual a diferença desses jovens para o de outras escolas? A abordagem. Feita através de estímulo, seu nascimento é instigado naturalmente e seu percurso acompanhado para garantir a autonomia, e não o engessamento em benefício da gestão. Quando é feita pelo terror ou “por acaso”, não nasce.
Todas as escolas que se declaram democráticas (públicas, privadas, municipais, estaduais e federais), deveriam ter como primeira responsabilidade o estímulo ao fazer democrático com reuniões ordinárias e extraordinárias com análises e deliberações para a melhoria do convívio. Que haja a democracia do consenso, onde até o último argumento contrário é ouvido e discutido para compreensão difere da falsa democracia da “maioria” que intimida, quando não exclui, a minoria e define de forma arbitrária a melhor maneira de manter a maquiagem da incompetência.
Aos principais envolvidos pelos exemplos citados aqui perguntamos qual a importância de se criar e manter um grêmio estudantil as respostas você confere na próxima publicação.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

DIÁRIO OU ANUÁRIO ESCOLAR?

Foto: Google imagens

Menos de uma semana após publicar matéria sobre o caos no transporte escolar de Petrolândia, mais um problema surge na área de educação. Agora relacionado a um tema que já havia sido firmado acordo com o prefeito na última greve: entrega dos diários escolares no início do ano letivo.

Foto: Daniel Filho

A prefeitura mais uma vez atrasou a entrega, mas dessa vez de forma absurda. Os diários escolares serão entregues a partir da semana que vem, fim do ano letivo. As licitações são sempre as “principais culpadas”. 
Uma nova reunião para tratar apenas desse tema será convocada pelo professor e representante do SINPRO - Petrolândia que tratou desse e de diversos outros pontos em assembleia acontecida ontem (24) na Câmara de Vereadores.
Os diários são documentos que constam planos e registros de aulas, assim como presença e notas dos estudantes. Alguns são extremamente burocráticos e exigem do professor um extenuante trabalho de atualização e repetição de informações que em nada contribuem para uma efetiva intervenção política e pedagógica na realidade da comunidade escolar (deveria).

MAS ENTREGUES AGORA COMO PROCEDER?

Muito do descaso político para com a educação pública se deve à submissão de parte da categoria aos mandos e desmandos de quem não conhece a realidade escolar. Receber e atualizar os diários agora significa um trabalho de transcrição do que foi registrado desde fevereiro até agora de forma manuscrita em folhas avulsas improvisadas, some esse trabalho a docentes que tenham 10, 13, 15 turmas com 20, 30 até 40 estudantes. Eis a opção da prefeitura que, ainda, não conta com um secretário de educação oficial.
Passar a registrar as informações do dia que receberem e anexarem, com grampos e cola, todos os registros feitos de forma improvisada até aqui foi a sugestão do sindicato.
A primeira gera um trabalho desgastante ao corpo docente que irá afetar seu horário de planejamento pedagógico, esse muito mais importante para a aprendizagem da criança, e, possivelmente, as férias.
A segunda irá gerar um amontoado de documentos desorganizados que afetam a imagem e responsabilidade do professor.
Mas existe uma terceira. Guardar todos os diários limpos para o início do ano letivo 2016 (não significa que o prefeito não deverá licitar novos diários... esses servirão para 2017 e assim por diante) e entregar para responsabilidade da secretaria de educação os registros feitos, das mais diversas formas, em cada unidade escolar. As informações são importantes e constam em cada escola, que caiba aos responsáveis pelo atraso da entrega dos diários fazer a atualização em seu acervo digital (existe um, correto? Esperamos que sim).

O meio ambiente e a saúde de nossos profissionais em educação agradecem.

Foto: Google imagens


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

SUICÍDIO E DEPRESSÃO AFLIGEM PETROLÂNDIA

Foto: Daniel Filho

Em matéria assinada pela jornalista e estudante de psicologia, Bruna Borges, veiculada por esse blog (link ao final da matéria) citamos que Petrolândia lidera, junto a Itacuruba, altos índices de tentativas e suicídios consumados. O professor Paulo Campos cogita a preocupante possibilidade de que, somente na zona rural, local onde mora, esses números sejam maiores de que em Itacuruba.
Haveria uma espécie de espectro a assombrar as duas populações?
Rompimento com as raízes culturais de sua terra na mudança de local da cidade para construção de usina hidrelétrica é apenas um dos pontos em comum entre Petrolândia e Itacuruba que podem nortear pesquisas e intervenção acerca da problemática. Ócio, desemprego, desigualdade social, falta de opções culturais e de lazer costuram as tristes semelhanças entre ambas. Todas as complexas problemáticas citadas não têm nada a ver com o sobrenatural, mas com a ação (ou ausência dessa) social. Somada à problemática temos a marginalização que se encontra em frases como:

“É preciso ser muito fraco para se matar!”

“Falta de deus no coração.”

“Tentou se matar? Safadeza... Quer se aparecer. Quem quer se mata logo e pronto!”

E como todo tema que é marginalizado, cai no obscurantismo dificultando o papel preventivo e tratamento. Quem sofre, para não ser julgado, passa a sofrer calado.

SEMANA MUNICIPAL DE COMBATE À DEPRESSÃO E AO SUICÍDIO EM PETROLÂNDIA

Foto: Daniel Filho

O município, através da secretaria de saúde e CAPS, tratou dos complexos temas a partir de palestras e escuta de depoimentos emocionantes. Participamos na Casa das Juventudes (16) com presença numerosa de estudantes da Escola Delmiro Gouveia, onde se discutiu as relações entre os problemas sociais e psicológicos que podem ser o gatilho para o início da depressão.
No dia seguinte(17), no Centro Cultural, esse com um número de participantes bem menor, ouvimos depoimentos emocionantes de vitoriosos que passaram pela doença.
Ao fim das apresentações, que continuaria essa semana no Icó-Mandantes foi observado que esse cuidado precisa ir além de uma semana de debates.


MEDIDAS E PREVENÇÃO

O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) do município, localizado na Rua Maria das Dores Sobreira, Quadra. 12, realiza grandes trabalhos de prevenção e socialização, mas o perigo está na casa dos que se  sentem marginalizados e se negam a reconhecer o problema. Reconhecendo essa prerrogativa outras ações foram sugeridas.

Foto: Daniel Filho

A secretária de saúde e psicóloga, Andreza Carvalho, assumiu, de forma muito responsável e coerente, o compromisso de garantir o levantamento real dos dados de suicídios ou tentativas no âmbito municipal para fins de socialização e intervenção, assim como anunciou para Outubro (com local, data e horário a se definir) a vinda da psicanalista e cineasta Isabela Cribari. Na ocasião a psicanalista irá apresentar o documentário De Profundis, mesmo título do livro de Oscar Wilde, onde se lê: “(...) por detrás do sofrimento, há sempre sofrimento. Ao contrário do prazer, a dor não usa máscara”. O documentário analisa as altas taxas de suicídio em Itacuruba.
O Blog Gota d’água se disponibiliza a fazer cobertura dos eventos, assim como abrir espaço permanente para artigos e informes acerca dos temas. Sugerimos ainda a produção de um documentário a partir das falas emocionadas de pessoas que passaram pelo tormento da depressão em nossa cidade. A produção poderia ser uma parceria entre secretarias (ação social, saúde, cultura e educação) e o grupo DU Filmes, produtora de vídeo local.
As exibições abertas gratuitamente ao público, com dias agendados por quadra e agrovila, despertaria a atenção da população e poderia ser determinante para quebrar o tabu sobre o tema.


Abaixo link para a matéria de Bruna Borges:

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

REFORMA AGRÁRIA QUANDO? JÁ! por Ronald Torres


Nesta terça-feira (22), integrantes do MST ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em Petrolina, no sertão de Pernambuco. Os agricultores familiares reivindicam vistorias, desapropriações e arrecadações de áreas para fins de Reforma Agrária e não têm data para deixar o local.
Insatisfeitos com a morosidade da execução de serviços por parte do INCRA, as famílias decidiram coletivamente ocupar a unidade na tentativa de garantir agilidade na execução e na liberação de serviços importantes para as famílias acampadas e assentadas, tal como a emissão de DAP’s, que é a Declaração de Aptidão do PRONAF e é utilizada como instrumento de identificação do agricultor familiar para acessar políticas públicas, como por exemplo, o Programa Nacional de Fortalecimento a Agricultura Familiar – PRONAF.
Os Sem Terra também exigem a estruturação de um plano para áreas de Reforma Agrária que garanta a infraestrutura dos assentamentos, como construção e reforma de estradas, pré-parcelamento das áreas desapropriadas, poços artesianos e liberação de créditos para as famílias.
Além disso, cobram mudanças na execução de serviços de assistência técnica, uma ampla avaliação do atual modelo de ATER e mudanças que garantam a cooperação e a produção de alimentos saudáveis, respeitando e garantindo a participação das organizações das famílias assentadas e a ampliação de programas para a agroindustrialização e comercialização dos alimentos produzidos.

Para o dia de hoje está prevista uma audiência para apresentar a pauta de reivindicações com o Sr. Vitor Hugo da Paixão Melo, superintendente da unidade regional de Petrolina (SR 29).

terça-feira, 22 de setembro de 2015

MAS A QUEM COMPETE A RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTE ESCOLAR?

Foto: Daniel Filho


Garantimos que nem do filho de Lula, muito menos de adolescentes e crianças. Instituído pela Lei nº 10.880, de 2004, o PNATE consiste na transferência automática de recursos financeiros aos estados, Distrito Federal e municípios, sem necessidade de convênio ou outro instrumento congênere. Os recursos são destinados ao pagamento de serviços contratados junto a terceiros e despesa com reforma, seguros, licenciamento, impostos e taxas, pneus, câmaras e serviços de mecânica em freio, suspensão, câmbio, motor, elétrica e funilaria, recuperação de assentos, combustível e lubrificantes do veículo ou da embarcação utilizada para o transporte dos estudantes (fonte: Guia do Transporte Escolar). 
A medida provisória 455/2009 amplia o programa Caminhos da Escola (2009 a partir do decreto 6.768) a toda educação básica e cobra responsabilidades dos entes federativos (estados e municípios).
A reportagem pesquisou sobre a empresa citada na matéria e se trata da MAN LATIN AMERICA que oferece uma linha completa de caminhões e ônibus Wolksvagen que atende ao programa CAMINHO DA ESCOLA. O programa consiste na aquisição de veículos zero-quilômetro, padronizados para o transporte escolar, a preços reduzidos, e o aumento da transparência nessas aquisições.
Existem três maneiras para estados e municípios participarem do programa:

• Financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que oferece uma linha de crédito especial;

• Convênio firmado com o FNDE;

• Com recursos próprios, bastando aderir ao Registro de Preços realizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Os veículos possuem especificações exclusivas, próprias para o transporte de estudantes, e adequado às condições de trafegabilidade das vias das zonas rural e urbana brasileira (portanto aguentam “trepidação”). Fonte das informações técnicas:


Nossa reportagem entrou em contato com a empresa através do CHAMEWOLKS (fone: 08000 19 3333) e sob o protocolo de número 15093760 questionamos as justificativas do entrevistado.
O atendente afirma que há assistência técnica próxima à Petrolândia. Bastando ligar para garantir suporte técnico e negociar o deslocamento:

SERRA TALHADA: (87) 3831-8400

PETROLINA: (87) 3983-5114

GARANHUNS: (87) 3782-8950

Negou qualquer obrigação de se comprar peças diretamente do RIO GRANDE DO SUL e ainda destacou que seria muito dispendioso aos municípios se houvesse essa obrigatoriedade. Eles têm suporte para atender nossa cidade.
Quanto ao dono da empresa ser Lulinha...
Abaixo segue para leitura e posse a cartilha GUIA DO TRANSPORTE ESCOLAR, folheto referente ao programa CAMINHO DA ESCOLA e link para o site do Programa Caminho da Escola, para que o cidadão tenha acesso a seus direitos e saiba qual parte está cumprindo ou deixando de cumprir com sua responsabilidade.
Pela leitura pudemos conferir que nenhuma das competências é destinada às crianças e adolescentes usuárias do serviço.







CAOS NO TRANSPORTE ESCOLAR... ADIVINHA QUEM ELES VÃO CULPAR?

Foto: Daniel Filho

Na segunda parte da entrevista com Pinguim ele lança sua visão acerca dos estudantes das agrovilas, fala sobre os vídeos de estudantes do Icó-Mandantes que denunciam o modo como são tratados divulgados na matéria anterior (link para ler ou reler ao final da matéria) e ainda cita as polêmicas quebras de contrato de dois motoristas com o município. O que tudo isso tem a ver com estudantes perdendo aula por falta de transporte ou, quando têm, porem em risco suas vidas? Tem que ler pra tentar entender...
Acompanhem:

DF – Sobre o auxílio da conservação do patrimônio já fizemos matérias e pedidos ao prefeito para liberar o uso dos ônibus pelos professores daquela área que poderiam auxiliar nesse sentido...
PINGUIM – É, mas é proibido. Mas vamos essa semana reunir todos os conselhos da cidade para fazer um documento explicando toda a situação direitinho e encaminhar à câmara e o prefeito sancionar um decreto que permite o professor usar pra ajudar nessa situação... Daniel, tá sério. Até transporte de droga os ônibus têm, aí a polícia pode fazer abordagem? Não, porque são adolescentes... Então os professores vão poder ajudar nesse sentido.
Pensamos como, os contratados, que não recebem difícil acesso, vão poder usar o ônibus pra se responsabilizar pelo comportamento dos estudantes. Os que recebem (a gratificação) não...

DF – Pinguim, a gratificação de difícil acesso é para auxiliar o professor a pagar um transporte público. Nós não temos transporte público. Conheço muito professores que abririam mão da gratificação se tivessem como chegar ao local de trabalho...
PINGUIM – É... tem que ver isso.

DF – É pra esse ano ainda essa liberação?
PINGUIM – É...estaremos nos reunindo essa semana ainda...

DF – Temos estudantes perdendo semanas de aulas por falta de transporte. Isso é crime. Quando vai resolver essa situação?
PINGUIM – Hoje mesmo. Vou ligar pra Petrolina. Contratei dois ônibus. Eu tinha licitado algumas rotas que não estava usando, então vou ter que fazer um remanejamento. Um vai pra reta e outro pra seis dos Mandantes ao Icó. O do Icó vou remanejar pro Sem Terra ou São Francisco... Vou remanejar porque não posso mais contratar...

Foto: Daniel Filho

DF – E a situação dos estudantes do Instituto Federal?
PINGUIM – É justamente o do São Francisco... Aí tem três dias, ou dois, que ele não vem porque não tem estudante. Tem outro caso também quatro alunos que são do estado que vêm e não vão estudar. Andam não sei quanto quilômetros pra tomar cachaça... Aí você vai colocar ônibus pra rodar tantos quilômetros pro cara vir beber cachaça?

DF – Espera, não entendi. Esses estudantes não vêm por quê...?
PINGUIM – Não, eles vêm, mas não assistem aula. São quatro alunos. Dois da Escola Jatobá e dois da Escola Delmiro...

DF – Mas essa é uma responsabilidade da escola e da família, vocês não podem negar transporte público embasados nesse argumento...
PINGUIM – É... Sim, mas quanto aos estudantes do IF que recebi a lista aqui, o ônibus não vem porque está quebrado.

DF – Quebrado também...
PINGUIM – É...

DF – E resolve quando?
PINGUIM – Se a empresa tiver aprovada e tudo certo, resolve hoje mesmo. Mas vamos estudar o caso desses meninos que quebram o ônibus... Pra você ter uma ideia, foi um dia desse, uma menina vinha em pé, brincando, danou o cotovelo no vidro do ônibus que quebrou...

DF – Com o cotovelo quebrou?
PINGUIM – Pra você ver... Aí tem aluno que senta na frente do vidro do ônibus, o motorista pede pra descer, sabe o que diz?: “Venha me tirar se for macho!”. Aí, quer dizer, arruma confusão. Outra, estou indo com Evaldo pro Icó pra saber sobre o outro vídeo. Porque, segundo o pai de Fabrício, os meninos vinham pinotando, gritando dentro do ônibus... Aí os meninos fizeram um vídeo querendo tocar fogo no ônibus...uma confusão... Aí vamos conversar com a diretora pra saber como foi. Cada um diz uma coisa...

DF – É o vídeo dos meninos voltando a pé pra casa...
PINGUIM – É... E de fato uma pessoa que ia passando disse que viu. Disse que os meninos vinham num cabaré...

DF – Isso justifica o motorista parar e mandar todo mundo descer?
PINGUIM – Não, ele não mandou... Ele parou e disse que só ia seguir viagem se todo mundo se calasse e parasse a bagunça...

DF – Aí todos desceram...
PINGUIM – Desceram e começaram a xingar...

DF – E foram pra suas casas a pé...
PINGUIM – Foi (risos).

DF – Qual é o nome do motorista?
PINGUIM – É o pai de Fabrício. Haroldo.

DF – E a fumaça na roda do ônibus (sobre o outro vídeo de outro ônibus) foi só aquecimento?
PINGUIM – Foi. Aí Fabrício botou água na roda (risos)... Aí pensaram que ia pegar fogo. Realmente, se deixar esquentar demais, pega fogo...

DF – Mas os estudantes seguiram viagem no ônibus assim mesmo...
PINGUIM – Não, aí não sei... Vou ver com Fabrício.

DF – Os estudantes correram risco?
PINGUIM – Não... Fabrício é mecânico. Sabe dos ônibus dele...
Sim, lembrei de uma coisa... Eu tinha dois ônibus reservas quando comecei em Fevereiro. Um Melinha tirou em Fevereiro o outro era de Givaldo, que levava os Sem Terra, tirou em Março...

DF – E tiraram por quê?
PINGUIM – Porque disseram que estavam ganhando pouco... Mas licitação a gente tem que pagar o que tá licitando...

DF – E vocês não os puniram pela quebra do contrato?
PINGUIM – Não, a empresa que contratou é que tem que punir...

DF – Mas os ônibus não são particulares?
PINGUIM – É, mas foi a empresa que locou...

DF – Qual é o nome da empresa?
PINGUIM – R. Souza... R. Sena... Não, Rocha Sena...

DF – De onde?
PINGUIM – Petrolina... Aí eles tiraram sem dar satisfação, botei dois reservas pra rodar, aí quebrou tudo. Então, quer dizer, se tivesse dois ônibus hoje, não estava sofrendo hoje... Mas já foi dito à empresa que eles vão ter que ressarcir o prejuízo... Quer dizer, de fato a gente não pagou os ônibus, mas se não tivessem tirado a gente tinha pagado...

DF – E de quanto era esse aluguel?
PINGUIM – R$5.000,00 (cinco mil reais) e pouco... Pago R$7.000,00 (sete mil reais) e pouco... Com desconto vai pra R$5.000,00.

DF – E eles acharam pouco... Queriam quanto?
PINGUIM – Não disseram, só tiraram os ônibus.

DF – Obrigado pelos esclarecimentos, Pinguim...
PINGUIM – Por nada, qualquer outra dúvida é só perguntar...

Voltando pra casa, após a entrevista, fotografamos um dos ônibus do Programa Caminho da Escola:

Foto: Daniel Filho. O ônibus que não aguenta trepidação... 

Mas não estavam todos quebrados?

Link para a primeira parte da matéria:

Sobre os estudantes que, supostamente, viriam da zona rural para beber. Entramos em contato com uma das gestoras que negou tal fato. A escola tem o controle de presença dos estudantes e desconhece esses dois casos.

E na terceira parte da matéria, para não dizer que as flores das soluções não foram dadas e que o Blog é feito só para esculhambar com a gestão...
Entramos em contato com a empresa MAN (tão citada durante a matéria) e a resposta deles vai surpreender...
Surpreender alguns. Outros não terão surpresa nenhuma.
Aguardem.