“Todas
as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.” O
artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos faz alusão à necessidade
e à importância das diretrizes sociais não serem baseadas no gênero, mas no
interesse comum para, assim, uma maior consolidação do ideal democrático e
desenvolvimento de uma nação. Nessa perspectiva, a fim de propor uma sociedade
melhor, cabe analisar o avanço do papel da mulher na sociedade contemporânea
que, apesar da existência das leis garantindo seus direitos, ainda sofre com o
preconceito.
Antes de tudo, é imprescindível pontuar que a
classe feminina está tendo êxito no alcance de seus direitos. Tal fato se dá
porque a mulher não tinha “voz”, uma vez que não tinha o direito ao voto, sendo
marginalizada pelos estereótipos apregoados pela sociedade, extremamente
patriarcal e machista, isto é, estava sempre à margem do processo. Assim,
através de muitas lutas, conseguiu ser notada como um ser que tem o direito de
escolha. É válido enfatizar, também, que foi por meio de uma mulher que sofreu
violência doméstica que foi sancionada uma lei, nomeada com o seu próprio nome:
Lei Maria da Penha, que é considerada o principal instrumento legal de
enfrentamento à violência doméstica contra a mulher.
É importante notar, ainda, a atitude e
sapiência do MEC em fazer com que cerca de 7 milhões de pessoas, ao mesmo
tempo, refletissem sobre “a persistência
da violência contra a mulher brasileira”, pedindo a todos que não só
mostrem o motivo do que está ocorrendo, mas que apresentem uma proposta social
que venha a erradicar esse paradigma, logo, pode-se inferir que foi um avanço
para a classe feminina, haja vista que, entre os 7 milhões, estão “os
agressores e as vítimas”, fazendo com que notem que a mulher brasileira está
conseguindo obter a atenção de todos a seu favor e mais perto de conseguir a
igualdade de gênero.
Por outro lado, convém ressaltar que, por
mais que a mulher tenha tido suas conquistas, ainda existem barreiras a serem
rompidas. Tal questão existe, pois, apesar dos avanços do papel da mulher não
sendo mais rotulada como o ser que só tem o direito e dever de cuidar dos
filhos, a sociedade ainda a trata com inferioridade, correlacionando-a com o
homem, considerando que há uma visível desigualdade e falta de decência social
em pleno século XXI. É fundamental destacar que, infelizmente, o índice de
violência contra a mulher tem aumentado significativamente, seja por violência
verbal, moral e/ou física, ou melhor, por mais que tenham sido aprovadas leis
para a defesa das mulheres, boa parte delas ainda não sente total segurança para
denunciar o agressor. Tomando como base o fator de cor, etnia e raça, segundo
dados de Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), “as mulheres negras
são as que mais morrem e sofrem com a violência doméstica”, isso está atrelado à
consequência deixada pela escravidão, ou seja, os negros ocupam a maioria do
número da classe baixa do país, logo, as mulheres menos favorecidas são as mais
vulneráveis a esse ato repugnante, que é a agressão dos seu parceiros, devido
ao fato de, geralmente, terem medo, vergonha de “manchar o nome da família”,
filhos, dependência financeira, entre outros.
Fica claro, portanto, que o cenário de
desigualdade, preconceito e machismo ainda prevalece, apesar das conquistas da
mulher brasileira. Dessa forma, diante desse capitulo ao qual vive a sociedade,
fazem-se pertinentes os questionamentos: O que eu tenho a ver com isso? Quais
medidas tenho tomado para mudar esse cenário de dor? Qual minha contribuição
para a propagação da desigualdade de gênero? Assim, essas são algumas das
indagações ao qual se deve fazer para que haja avanço no processo de construção
de uma sociedade mais justa, pois existe um leque de órgãos que trabalham em
defesa dos direitos da mulher, e cabe a cada pessoa sair do posto observatório,
que contempla dia a dia os noticiários divulgando mais uma nota de violência
contra a mulher, e despertar o espírito de união, apoio e repúdio por esse
paradigma da sociedade, ou melhor, precisam ser multiplicadoras, uma vez que a voz
de cada uma não pode ser perdida ao vento.
Eliane de Sá, 40 anos, é pedagoga com Pós -
graduação Latu Sensu Especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica. Atualmente
Coordenadora da Coordenadoria da Mulher de Petrolândia – PE. Natural de SÃO
PAULO - SP.
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