segunda-feira, 14 de maio de 2018

BLOG GOTA D’ÁGUA ENTREVISTA ÁUREO CISNEIRO

Áureo Cisneiros,
presidente do SINPOL



Conversamos com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (SINPOL), Áureo Cisneiros, que há dias vem acompanhando o sertão de Itaparica para averiguar as condições da segurança pública no interior.
Falou ainda da importância de se ter representantes parlamentares dos policiais, do risco de Marília Arraes não ser candidata ao governo do estado, das ameaças e punições sofridas por parte do governador Paulo Câmara, da situação dos moradores do Bem Querer. Acompanhe:

Daniel Filho – Quais os objetivos dessa caminhada pela nossa região?

Áureo Cisneiros – Primeiro agradeço pelo espaço no blog. Viemos visitar o sertão de Itaparica fazendo as inspeções nas unidades policiais, também dialogando com a população através da imprensa local e reuniões sobre segurança pública. A gente vê muito descaso por parte do governo Paulo Câmara com esse tema. Então iremos gerar um relatório apontando tudo o que foi observado, enviar para o Ministério Público, OAB, para o próprio governo do estado, para que haja avanços e possamos, realmente, diminuir esses altos índices de violência.

DF –  É possível fazer um breve relato do que foi observado?
AC – Muitos problemas estruturais. Delegacias degradadas, aqui em Petrolândia, por exemplo, a promessa do governador de restaurar o prédio da delegacia, que hoje funciona de forma improvisada numa residência alugada sem as especificações e adequações de uma unidade policial o que dificulta muito o trabalho. Falta de efetivo, a quantidade de policiais é insuficiente. Preocupa muito, pois a falta de planejamento e investimento se reflete nesses índices absurdos da violência aqui na região.

DF – Esse cenário é parecido com o restante do estado segundo suas observações? O governo, então, mente quando fala sobre o assunto?
AC – A propaganda é muito bonita na televisão com os números maquiados, mas não engana a população que tem consciência das condições em que vive. Aqui em Petrolândia mesmo: o prédio naquela situação; descaso; o governador veio aqui, prometeu e não restaurou, não investiu. A população sente isso e é vítima.

DF – Gostaria que você comentasse sobre a perseguição a você e ao SINPOL feita pelo governador Paulo Câmara.
AC – O governo em vez de dialogar com a gente, de aproveitar esses relatórios que a gente manda, fazer os investimentos necessários e melhorar a segurança pública para o povo pernambucano, não...ele prefere perseguir com processos administrativos, tentando minha demissão desrespeitando o mandato sindical que a gente exerce, atacando a autonomia... 

Governador Paulo Câmara

É uma forma de calar o SINPOL que tem sido muito crítico com a questão da segurança pública que vai muito mal. Contra mim o governador lançou treze (13) processos administrativos, fui condenado em seis (6) levando cento e sessenta (160) dias de suspensão, ou seja, todo esse tempo sem salário, na tentativa de me calar, mas não vamos. A gente pode se calar, mas quando percebermos que Pernambuco voltou a ser seguro. Nosso estado é o terceiro mais violento do país, mais até do que o Rio de Janeiro que vive uma intervenção militar. Nossos números indicam que está havendo uma guerra civil e não há mais como aceitar isso.

DF – Do ponto de vista trabalhista, qual a importância de ter parlamentares da classe trabalhadora dos policiais, tanto militar quanto civil?
AC – Esse ano é fundamental. Ninguém está aguentando tanto descaso com a política e tantos ataques ao direito dos trabalhadores (...), então é importante eleger representantes que conheçam e se preocupem com nossas pautas. A ALEPE (Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco) parece uma coisa hereditária, passando de pai para filho é um absurdo. Ali era onde deveriam ter os representantes da classe trabalhadora para construir legislações para melhorar a vida do povo, mas não, a ALEPE é um grupo de famílias que sempre foram beneficiadas no estado de Pernambuco sempre esquecendo do povo.

DF – Seu nome estaria posto a uma pré-candidatura?
AC - Sim, meu nome está posto não por mim, mas por uma decisão coletiva de vários sindicatos e da própria categoria dos policiais civis do qual sou representante, para fazer uma defesa da classe trabalhadora e da segurança pública.

Marília Arraes, pré-candidataao governo do estado pelo PT
DF – Comente sobre esse cenário acerca da pré-candidatura da vereadora Marília Arraes a governo do estado. Um nome novo, jovem, que desponta em todas as pesquisas, mas que encontra resistência em algumas correntes, dentro do próprio partido, em não querer essa candidatura e preferir uma aliança com o PSB.

Dani Portela, pré-candidata
ao governo do estado pelo PSOL

AC – Apesar de eu ser do PSOL e nosso partido ter candidatura própria ao governo do estado, que é a advogada e feminista Dani Portela, eu vejo com muita decepção essa questão de retirar Marília Arraes do páreo. Uma pessoa nova, com propostas novas, de um partido importante, e aí uma parte querer conduzir para um caminho totalmente conservador e contrário aos pleitos trabalhistas onde muitos dos deputados do PSB votaram pela retirada de direitos, além de terem votado no impeachment da Dilma e agora a gente vê essa aproximação de parte do PT com o governo Paulo Câmara, isso é totalmente absurdo, e totalmente contra as bandeiras que o PT defendeu e está a defender.

DF – Espaço para suas considerações finais.
AC – Estamos aqui dialogando e vamos continuar dialogando com as comunidades. Nesses quatro meses a percorrer o estado todo. Eu vou voltar aqui novamente em Petrolândia. Quando venho aqui sempre tenho o apoio do companheiro Rômulo Pedrosa (presidente municipal do PSOL), que nos acolhe e relata os problemas daqui, assim como Miguel. Então vamos vir sempre.
Aqui também pudemos observar o problema das comunidades do Bem Querer, com uma reintegração de posse sem negociação e diálogo, uma questão de direitos humanos que também estaremos levando para conhecimento das autoridades competentes.



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