sexta-feira, 31 de julho de 2020

CARTA DE SINDICATOS À POPULAÇÃO SORE RETORNO ÀS AULAS

Imagem: reprodução

Muito se tem debatido e especulado sobre um retorno às aulas presenciais ainda em período de pandemia. Em resposta, sindicatos assinam carta à população que você lê a seguir na íntegra:

 

As escolas são lugares de intensas relações humanas e sociais. Por isso, os governos tomaram a decisão, acertada, de suspender as aulas, no início do processo de pandemia. Elas estiveram entre as primeiras instituições a serem fechadas como medida drástica, porém necessária, de contenção do alastramento da pandemia causada pelo COVID-19.

De lá para cá, passaram-se quatro meses. Acompanhamos, de maneira desolada, as notícias de mortes de familiares, colegas de trabalho, estudantes e amigos/as. Temos a certeza de que o quadro teria sido muito pior se as medidas de fechamento das unidades de ensino não tivessem sido adotadas. Pesquisas mostram que trabalhadores/as em educação e estudantes são mais de 25% da população. Portanto, a escola é um dos espaços de maior probabilidade de proliferação do coronavírus e requer um cuidado extremo para evitar mais surtos de contaminação, principalmente, se levarmos em conta as famílias, destacando aquelas que têm pessoas em grupo de risco. A convivência deste contingente possibilitaria o contágio massivo com trágica devastação humanitária.

Pernambuco adota medidas de reabertura do comércio, que preocupam, pois é imenso o risco de retomada no crescimento da curva de contágios e óbitos. As redes de ensino estudam medidas preparatórias para a reabertura de escolas e demais locais de trabalho. Muito se fala em protocolos de segurança, difíceis de serem efetivados por conta da precariedade estrutural das nossas unidades públicas. Mais difícil é imaginar como será possível manter o distanciamento entre crianças e jovens tão carentes de afeto, após o longo período de confinamento.

Nesse contexto, compete ao poder público zelar pela vida e dar condições de cumprimento de todas as condutas de proteção contra o coronavírus, entre elas, a realização de testagem de trabalhadores/as, estudantes e famílias. Essas medidas devem anteceder qualquer atividade que comprometa o isolamento social, que é única ação, comprovadamente eficaz, de combate à COVID-19.

Considerando que o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação estão, absolutamente, à deriva e que o Governo Federal não tem uma gestão à altura dos desafios presentes; considerando que faltam diálogo e coordenação para políticas públicas de Saúde e de Educação entre os entes federados (estados e municípios), já que a governança federal tem se mostrado caótica e sem rumo, insistimos que cautela e responsabilidade são o melhor a se ter neste momento. Todo e qualquer passo a ser dado deve ser balizado pela ciência e pactuado com a sociedade.

Ressaltamos que o retorno às aulas presenciais dependerá das condições objetivas de controle à pandemia, mas também de investimentos para novos arranjos escolares, que garantam o direito à educação de qualidade para os/as estudantes, com foco na efetiva aprendizagem, na consequente estrutura e organização dos/as trabalhadores/as em Educação, bem como, em estruturas físicas e pedagógicas, para garantir a equidade no atendimento escolar.

Por tudo isso, vimos nos posicionar contrários ao retorno às aulas, de forma prematura. As escolas estiveram entre as primeiras instituições a fecharem e deverão ser as últimas a reabrirem, o que só deve acontecer com total segurança e com respaldo das autoridades de saúde. Para todos que fazem os sindicatos abaixo relacionados e para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o mais importante no momento é a preservação da vida.

Defendemos que nenhuma medida de retorno às aulas deve ser tomada antes que esse processo de pandemia esteja sob controle das autoridades sanitárias. O luto que vivemos hoje não pode abrir espaço para a culpa por mortes que possam acontecer, resultantes da ansiedade econômica pelo lucro. Defendemos a educação, mas, neste momento, a vida está em primeiro lugar!

 

Assinam este Documento:

 

Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município do Jaboatão dos Guararapes/SINPROJA/CUT

 

 

Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco/SINTEPE/CUT

 

 

Sindicato dos Profissionais em Educação do Moreno/SINPREMO/CUT

 

 

Sindicato dos Professores do Cabo de Santo Agostinho/SINPC/CUT

 

 

Sindicato dos Profissionais Municipais da Educação (Araçoiba/Tracunhaém/ Buenos Aires)/SINPROME/UGT

 

 

Sindicato dos Profissionais em Educação do Município de Goiana/SINPROMG/UGT

 

 

Sindicato dos Professores de Paulista-PE/SINPROP/FORÇA SINDICAL

 

 

Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Olinda-PE/SINPMOL/CUT

 

 

Sindicato dos Professores do Município do Ipojuca/SINPROMI

 

 

Sindicato dos Servidores Públicos Municipais da Administração Direta e Indireta da Prefeitura de Igarassu/SINSPI/CUT

 

 

Sindicato dos Trabalhadores nos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco/SINTEEPE/CUT

 

 

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação/CNTE


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