quinta-feira, 9 de julho de 2020

DEPOIMENTO REVELA O DESCASO COM PROFISSIONAIS DA SAÚDE DURANTE A PANDEMIA EM PETROLÂNDIA

Imagem: Arquivo pessoal


Rosineide da Silva e Ronaldo Santos, técnicos em enfermagem no Hospital Francisco Simões em Petrolândia, venceram o COVID, mas no lugar de flores, homenagens e aplausos receberam da gestão e coordenação o descaso, como declarou a profissional:
“A gente fica triste, pois temos uma gestora que é da saúde, uma secretária que é da saúde, então são pessoas que sabem da situação que sofremos, mas ignoram...fazem lives que mostram tudo funcionando bonitinho, mas negam até nosso direito de insalubridade.”
Ontem (8) o Canal da Gota realizou uma live com a técnica em enfermagem, Rosineide Maria da Silva, que desnudou como são tratados profissionais da saúde e pacientes em meio à pandemia. Dias antes o canal apresentou uma live sobre “Mulheres na Pandemia”, onde a prefeita Janielma Souza pode mostrar sua versão do funcionamento da coordenação da saúde no município, ontem foi a vez de ouvir outra versão.
Falta de transparência no método e critério para testagem de profissionais da saúde, assim como do monitoramento de casos suspeitos. Rosineide viu o marido adquirir todos os sintomas da doença e ter seu exame negado sem motivo.
“Precisei fazer em Tacaratu, cidade onde moro (...) um total constrangimento, chorei muito.” O teste de Rosineide deu positivo. Sobre o risco de ter sido por dias, sem saber, vetor de transmissão ela diz: “Posso ter até sido eu que contaminei meu marido...mas se eu contaminei alguém foi na inocência, não foi culpa minha.”
Rosineide ainda falou das condições de trabalho, como reutilização de EPI descartável, salário mínimo e apenas 10% de insalubridade (quando já deveriam receber 30%):
“Veio esse dinheiro para o município tratar da COVID, mais de três milhões, mas eu já soube que não vamos receber o aumento na insalubridade...que pelo menos usem para remédios, equipamentos...”

Campanha iniciada nas redes sociais
depois da entrevista

Durante a live dezenas de profissionais expressaram suas experiências e declararam seu apoio à coragem da colega:

​“Veio verba para investir por causa da pandemia, a gestão alega que houve perda de receita no município, infelizmente não existe verba para pagar 40% aos profissionais de enfermagem.”

“Final de semana e feriado a vigilância epidemiológica não funciona, se chegar pacientes suspeitos e precisar fazer coleta pra exames só é feito em dias úteis.”

“Estamos trabalhando num setor altamente de risco e não somos reconhecidos pela gestão, o que custa recebermos uma insalubridade decente?”

“Em Paulo Afonso, alguns profissionais da sala de parto testaram positivo. Imediatamente chamaram os outros profissionais para fazer o teste. Petrolândia deveria fazer o mesmo.”

​“É lamentável os relatos e louvável a sua coragem, Rosineide! Enquanto as categorias não se unirem, independente de governo, o descaso vai continuar! Valorizemos quem está dando a vida por todos!”

Foram algumas das centenas de interações durante a entrevista.
Hoje campanhas nas redes surgiram em defesa de todas e todos os profissionais da saúde: “Cobriram nossa boca, mas não vão nos calar: Insalubridade Já!”, #SosPetrolândia, #SomosTodosRosineide, #NãoVãoNosCalar foram algumas das palavras de ordem e hashtags lançadas.
Tanto a prefeitura quanto a secretaria de saúde tem o espaço aberto para direito de resposta.
Se você ainda não assistiu, assista clicando no link:




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