segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

TODO DINHEIRO VOLTADO PARA EDUCAÇÃO É INVESTIMENTO? NEM SEMPRE...

Foto: DANIEL FILHO

É muito comum ouvirmos nos discursos políticos que todo dinheiro voltado para a educação não é gasto, mas investimento. A sentença parece moralmente feliz, mas na prática não é sempre assim.  A foto acima, panorâmica, mostra o fim que levou parte da mobília escolar de nosso município. A foto foi tirada em visita ao aterro sanitário. Podemos perceber muitas em condição de uso, mas estando amontoadas não é possível calcular o prejuízo.
O Blog perguntou qual seria o destino delas: doação ou reciclagem? Disseram que, por ser patrimônio público, não poderia ter nenhum dos dois fins. E qual caberia? Não sabem.
Algumas já foram doadas para o recém-instalado centro de referência do Instituo Federal, deixa, então, outra pergunta: estando em condições de uso pelo instituto federal por que não às próprias escolas municipais?
Na última sessão aberta da câmara de vereadores, ocorrida na última quarta-feira (3), o presidente, Fabiano Marques, relembrou na tribuna duas compras de mobília escolar com dispensa de licitação: a primeira em 2009, com valor aproximado de R$350.000, outra em 2013, essa última no valor de R$728.000,00.
O prefeito alegou padronização e exclusividade (?) para a compra sem licitação, diz o presidente. Perguntamos como os vereadores, fiscais das atitudes do executivo, permitiram os gastos sem licitação. O presidente Fabiano Marques respondeu que não precisa de autorização da câmara para fazer as compras com dispensa de licitação. Afirmou ainda que o vereador Rogério Novaes contestou junto à promotoria acerca da legalidade da compra.
Lembramos que recentemente foi anunciado obras de reforma e construção para três escolas no valor de R$3milhões de reais. Como comparação podemos citar que uma grande reforma e ampliação da Escola de Referência Maria Cavalcanti Nunes, que contemplou ajustes para acessibilidade, construção de laboratórios e primeiro andar, custou aos cofres públicos pouco mais que R$1 milhão de reais. É importante sociedade civil e vereadores ficarem fiscais dessas próximas obras municipais que estão por vir, pois os valores citados são muito altos.
Em tempos de campanhas de conscientização e preservação do meio ambiente, não soa estranho tanto desperdício do dinheiro público e de bens que deveriam ser duráveis? 
Para que o uso do dinheiro em educação se torne investimento, de fato, ele precisa converter a escola em agente social do meio de forma sustentável. Educação voltada para pesquisa e intervenção, além de compromisso dos gestores escolares em harmonia com professores, alunos e famílias, na conservação do patrimônio, assim como o reuso dos mesmos.

O blog está aberto a comentários, críticas e sugestões sobre o tema. 

4 comentários:

  1. Éverdade Daniel que o patrimônio deveria ser conservado, entretanto o que vemos no dia a dia é o contrário, alunos que não têm o menor interesse de conservar, mesmo sabendo que o prejuízo é diretamente para eles. E não é falta de orientação dos professores ou da equipe gestora. Quanto ao mobiliário visto por vc, o que vc sugere? Você sabe que o patrimônio público não pode ser dado a pessoa civil. E, se em algumas escolas, o mobiliário foi trocado por novos e moderno, seria justo que todos tivessem o mesmo direito, principalmente, as escolas da área rural, mesmo que alguns ainda não estivessem tão estragados, vc não acha? Penso que foi muito justo o que foi feito. A lei é que poderia ser elaborada de modo a dar abertura e pensar em outro destino ao que é tombado nas escolas, mas infelizmente, não é assim. Penso que, quando vc for membro de uma gestão vc compreenderá melhor essas questões. Nem tudo é tão simples como parece,como quando estamos de fora.

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    1. Grato pela atenção de sempre, companheira.
      Vamos aos questionamentos. Primeiro comento a incoerência de algo "tombado" não poder ser doado, mas poder ser jogado em um aterro. Sinceramente não compreendo. Os bens materiais municipais adquiridos com recursos próprios, ao meu ver, cabem legislação específica acerca da conservação (como responsabilização compartilhada entre gestores, professores e comunidade) e, quando não mais servir de forma alguma, destinar à reciclagem. Promover o reuso.
      Portanto o questionamento, em tempos de tantos discursos belos sobre conservação do meio ambiente, é acerca da necessidade de comprar "cadeiras mais modernas" (?).
      Das poucas que vi, não percebi modernidade. Algumas, pelo contrário, foram retrocesso, como a troca de estofados no auditório da Escola Francisco Simões por cadeiras novas, porém pouco confortáveis e inadequadas para um auditório.
      Escolas de zona rural merecem bem mais do que cadeiras. Merece laboratório, professores efetivos, aulas práticas, salas climatizadas, boas refeições, transporte de qualidade para alunos e professores. Precisamos, enquanto educadores, parar de querer enxergar o MENOS como MAIS. Não é. Se as cadeiras não "estavam tão estragadas" que fossem melhor aproveitadas.
      Pelas fotos percebemos que não se trata de pouco estrago, na verdade muitas estavam em tão boas condições de uso que foram (serão) doadas ao Instituo Federal. Por que, então, elas não estavam aptas a serem usadas pelos alunos do município?
      Aí remeto ao verdadeiro questionamento do post... Todo dinheiro voltado para educação é investimento? Será que troca de mobília pouco estragada por novas, sem uma cobrança das gestoras e comunidade por um projeto de conservação, é de fato, investimento em qualidade na educação? O que seria um mobília moderna? A suposta "culpa" dos alunos, de fato, não têm nada a ver com falta de atitudes disciplinares e de conscientização? Nós educadores damos exemplos de conservação do patrimônio para podermos cobrar que nossos alunos as conservem? Enfim, ficam os questionamentos para reflexão de nós, professores, formadores de opinião e nossos políticos.
      Quanto a fazer parte de uma gestão, creio que todos nós que fazemos nossa escola, nosso bairro, nosso lar, somos, todos, gestores e "estar de fora" é um ponto de vista. Nunca me considerei "de fora" de nenhuma gestão do dinheiro público até porque consta nos gastos (investimentos) meus, seus, nossos impostos.
      Estou e sempre estarei "dentro" das gestões ainda que não em uma função que políticos e politiqueiros queiram me ver, mas estou.
      Grato pelas observações. Continue nos acompanhando!

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  2. Sempre fico pasmo com valores tão absurdos que, ao se "converterem" em mateiral físico para a melhoria da educação, não fazem jus ao número de zeros que compõem esses valores.

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    1. Pois é,cara!
      Dinheiro pra educação até que tem (e muito). Como os "responsáveis" estão lidando com os zeros...hum...NOTA ZERO!

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