Foto: Daniel Filho |
SAÚDE
Tocamos no ponto que o vereador mais domina.
Por ser profissional da saúde e ter trabalhado na área como funcionário da
prefeitura, discutimos longamente sobre o setor no município. Temas delicados e
polêmicos, mas respondidas com toda franqueza.
Por ter sido muito extensa, dividimos em duas
partes. A começar:
Daniel
Filho – Vereador, o senhor costuma visitar o hospital e PSF (Programa Saúde da Família) para avaliar as
condições dos serviços?
Eudes Fonseca – Sim. Como minha rotina. Vou
ao hospital, passo pelo PSF. Agora, recentemente, eu tive no PSF dos Mandantes,
do Limão Bravo, Brejinho da Serra. Já fui profissional de saúde do município e
costumo fazer essas visitas.
DF –
Segundo sua avaliação onde esse serviço público está como o senhor espera e
onde precisa ser melhorado?
EF – Rapaz, essa é uma pergunta um pouco
delicada porque a gente sempre espera cada vez mais. Sempre queremos melhoria
na área de saúde e educação. Hoje Petrolândia é um município pequeno onde nós
tínhamos uma receita considerável devido os impostos da hidrelétrica. Mas
agora, recentemente, nós tivemos um corte de 70% dos impostos da usina.
A gente vinha na saúde do município com
algumas especialidades médicas. O prefeito vinha arcando com alguns
especialistas como cardiologista, urologista, entre outras áreas. Perante a lei
não é responsabilidade do município contratar médicos de alta complexidade para
o hospital, mas nós tínhamos porque tínhamos como pagar. Hoje a gente não tem
essa garantia. Com esse corte de, aproximadamente, R$700.000,00 mil reais por
mês, vai fazer falta.
Então não sei se vai ter como manter esses
especialistas. A atenção básica primária é, sim, responsabilidade do município
e vamos ter que manter. A começar pelos PSF’s. Hoje, se não me engano, o que é
repassado do Ministério da Saúde ao município para manter um é, se não me
engano, em torno de R$11 a R$ 12.000,00 mil reais por PSF. E esse dinheiro
engloba todo o custo. Só que sabemos que só o salário do médico é,
aproximadamente, R$12 a R$13 mil reais. Então o que vem não dá nem pra pagar o
médico. E sabemos que há outras despesas como dentista, técnico de enfermagem,
enfermeiro e material de consumo. Ou seja, a contrapartida do município acaba
sendo maior, mas, mesmo assim, a atenção básica é compromisso nosso.
Foto: George Novaes |
Eu sempre cobrei muito da gestão municipal
até porque sou da área de saúde. A gente vinha fazendo o possível. Sei que não
podemos agradar a todos, mas sempre tentamos adequar o sistema da melhor
maneira para poder levar uma melhor saúde para nosso povo.
Os PSF’s passaram agora por reformas. Eu até
vi, alguns dias atrás, um colega vereador questionando algumas reformas por
aparecer rachaduras. Eu acho isso até normal. Por exemplo, estou construindo
minha casa lá na Apolônio Sales. E construí pouca coisa. Botei muito ferro
embaixo e a casa rachou.
DF –
O senhor, então, não acha que falta um estudo técnico antes das construções dos
PSF’s já que nosso solo tem suas peculiaridades?
EF – Você diz analisar o terreno, o solo,
antes, né? É interessante. Mas eu acredito que a equipe da secretaria de
infraestrutura é competente e responsável. Problema sempre vamos ter e a gente
vai se adequando para solucionar esses problemas. Voltando aos PSF’s acredito
que Petrolândia está quase toda coberta. Claro, ainda falta para a Quadra 3 e um
para o centro.
DF –
Mas ficarão prontos ainda esse ano?
EF – Há poucos dias vinha conversando com
Lourival sobre isso. Eu sei que o da Quadra 3 estava bem adiantado, mas teve
que dar uma paradinha. Dá pra entender que o prefeito trabalha com muita
segurança. Porque estava na cara que o Brasil ia passar por crise. Então não
adianta a gente construir, dar o emprego e depois não ter como pagar o
funcionário. Pior do que não dar o emprego é não ter como pagar depois.
O PSF do centro também estava bem adiantado,
mas deu uma paradinha para fazer o equilíbrio e ver como vai ficar. Vamos
precisar esperar dois, três meses para organizar a casa.
George
Novaes – Quanto ao PSF do centro, esse que tinha na Avenida Barreiras, foi
fechado? Era esse que seria o PSF do centro?
EF – Na verdade ali não era um PSF, era como
se fosse um posto de saúde para dar alguma assistência ao pessoal do centro.
Tinha enfermeiro, acho que médico, mas não era legalmente um PSF.
Só que a contrapartida não deu muito
resultado. O custo estava sendo bem elevado. A população não estava
frequentando muito. Então tinha que reduzir o quadro, diminuir as despesas do
município porque o negócio tava começando a apertar. Então optou em fechar lá e
todas as necessidades de lá irem para a secretaria de saúde e hospital.
Infelizmente. Eu fico triste quando vejo um posto ou escola fechando, mas administrar
não é fácil.
DF –
Ainda falando sobre saúde. O senhor apontou problemas financeiros do município.
Como o senhor vê os programas do Governo Federal como o Mais Médicos e,
futuramente, o Mais Especialidades. O município poderá vir a recorrer a esses programas
ou você acha inviável?
EF – Eu acho interessante. Eu não sou contra
o Mais Médicos e o Mais Especialidades. Eu acredito que tudo que venha para
somar é importante não importando de onde vem. O problema que vejo, Daniel, dos
médicos estrangeiros é com relação à língua. Acho que deveriam passar por um
aperfeiçoamento, de seis meses a um ano, do nosso idioma. Em Petrolândia não
tem, mas vejo em outros municípios que a população as vezes não entende o que
ele quer dizer. Mas acho importante eles virem.
GN –
Você acha que eles precisariam passar pelo REVALIDA(Sistema de Revalidação dos Diplomas Médicos) ou esse aperfeiçoamento do
idioma seria o suficiente?
EF – O REVALIDA é para exercer a medicina no
Brasil, mas os médicos do programa não fazem.
GN –
Mas há uma cobrança da classe médica que eles passem por esse teste.
EF – Rapaz, é democracia. Eu sou favorável
que venham, pois estão trazendo saúde, assistência. Eu acredito que Petrolândia
não sofre tanto. Nossa cidade hoje tem uma assistência boa... Regular. Mas tem
município por aí que não tem médico nenhum. Então acho importante.
Não sou médico, sou dentista. Mas vejo alguns
médicos falando que se acham injustiçados, pois eles estudaram tanto,
disputaram vestibular e vem os cubanos aí para atrapalhar o negócio deles. Eu
não vejo por esse lado.
PRÓXIMA
PARTE – Ainda tratando do tema saúde o vereador comentará sobre
as condições dos ônibus usados para os pacientes que precisam se deslocar para
Recife (TFD - Tratamento Fora de Domicílio) e sobre o funcionamento de consultórios odontológicos em escolas municipais. Aguardem.
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