Foto: Daniel Filho |
Essa semana o assentamento Safra Gregório
Ramos, localizado no município de Santa Maria da Boa Vista (PE), comemorou seu
vigésimo 20º aniversário de atividade do assentamento.
Contando com a presença de figuras políticas
estaduais e nacionais como: coordenador nacional do Movimento dos Sem Terra
(MST), Jaime Amorim; vice-líder do governo da Assembleia Legislativa (ALEPE),
Lucas Ramos (PSB) e, secretário executivo de Agricultura Familiar, José Cláudio
da Silva, o evento, o repleto de atividades políticas, culturais e festivas, é
um marco que serve de norte a Petrolândia.
HISTÓRIA
O assentamento Safra Gregório Ramos foi o
primeiro do sertão. Sofreu durante seus anos iniciais diversas ordens de
despejo, massacre policial e perseguição de latifundiários. Iniciou com 2000
acampados dos quais foram criados os assentamentos São José do Vale, São
Francisco, Maria Gorete, Cruz do Pontal, Ouro Verde e o Safra.
Para conhecer mais visite a página:
PRODUÇÃO
AGRÍCOLA
O perímetro é irrigado estando a pouco mais
de 6 quilômetros do Rio São Francisco.
Foto: Daniel Filho |
Distância do rio, estiagem ou tipo de
solo não servem como desculpas. O assentamento tem grande escala de produção
frutífera que hoje beneficia cerca de 220 famílias assentadas em um perímetro
irrigado de 440 hectares, cada lote com 5 hectares de terra irrigados.
No momento da visita o governo anunciou uma
parceria entre estado e município para obra de alargamento e aprofundamento do
canal de bombeamento d’água, esse inaugurado em 2013 pelo então governador
Eduardo Campos, além do compromisso de destinar emenda parlamentar para o
fortalecimento de cooperativismo na área.
Irrigação para todos. Distância não impõe limites. Compromisso social e vontade política, sim.Foto: Ronald Torres |
Foto: Daniel Filho |
Foto: Daniel Filho |
Foto: Daniel Filho |
Foto: Daniel Filho |
COMEMORAÇÃO
Ao longo dos três dias de festa de
comemoração dos vinte anos de assentamento, houve
Foto: Daniel Filho |
diversos momentos de formação
política, no dia da nossa visita especificamente, participamos de um momento de
organização política dos assentados durante a manhã, à tarde desfile da Escola
Municipal Francesco Mauro com temas que envolviam a agricultura familiar, a
luta pela terra e a história do assentamento, à noite ato político com
lideranças comunitárias, do MST, municipais e estaduais, e por fim encerramento
com forró de Flávio Leandro.
Foto: Ronald Torres |
O Blog Gota d’água esteve presente e destaca
a percepção que teve do ambiente: Pertencimento e unidade da comunidade.
A festa é vista como marco respeitoso que
honra a conquista da terra. O desfile de crianças e jovens é organizado em
conjunto participativo: professores, estudantes, pais, lideranças. O espaço é
festivo, mas sempre politizado. Com participação efetiva nas formações,
palestras, eventos culturais e atos políticos as conquistas são garantidas e
ampliadas, a luta é honrada na permanência da memória e a educação das crianças
respeita e explora sua individualidade para o bem comum reconhecendo e
valorizando sua origem campesina.
“É um processo que combina participação com
divisão de tarefas (...) não significa reunir todo mundo para planejar tudo,
desde os objetivos da escola até a aula do dia seguinte. Significa, em outras
palavras, organizar as instâncias de tomadas de decisões”. (MST, 1995:8).
O
QUE PETROLÂNDIA PODE APRENDER
Às margens do Rio São Francisco, a uma
distância muito menor que os assentados da SAFRA, ainda há gente com casa
abastecida através de carro pipa de forma insuficiente.
Foto: Daniel Filho. Distância não é problema... |
A produção agrícola
deveria ser referência e mover nossa economia, mas o município optou por se
manter refém de royalties, recursos federais e estaduais. Ainda assim, a maior
arrecadação da região, com problemas sociais de cidade miserável. Milhões do
FUNDEB e uma educação precária.
Mesmo com uma maioria de origem campesina, nossa
população, gradativamente, foi perdendo a essência de pertencimento à terra.
Alguns trocaram a luta social por uma falsa segurança contratual trabalhista,
outros,
...quando se tem vontade política e compromisso social. |
simplesmente, foram abandonados. Em tempos em que cada vez mais se
come, e cada vez menos se planta, reaprender a usar a terra e a produzir
alimentos saudáveis, livre de agrotóxicos, para aqueles trabalhadores da Safra
é mais que objetivo, é fundamento, porque não se pode pensar em produzir sem
cuidar do meio ambiente, nem saciar a fome do povo se não tralharem a terra.
Palavras como mudança, vontade e renovação
soam revolucionárias e facilmente figurarão os discursos dos candidatos a
“salvadores da pátria” nas eleições municipais de 2016, mas convencer a
população que um novo município seja possível precisará ir além das campanhas
milionárias e tapinhas nas costas. É preciso aliar discurso à ideologia e
atitude.
A semente deverá se dar a partir de plantio
simbólico. Semear políticas sérias e objetivas à educação e meio ambiente com
desdobramentos em que nossas potencialidades, enfim, sejam utilizadas para
sanar nossas necessidades.
O Movimento dos Sem Terra (MST) tem muito a ensinar ao mundo. Então por que não aprender?
O Movimento dos Sem Terra (MST) tem muito a ensinar ao mundo. Então por que não aprender?
Enquanto nos negamos ao aprendizado, viramos espectadores de espetáculos midiáticos medonhos onde a caricata
política dos que se creem poderosos se desenrola em torno da disputa de quem é
o líder do partido ou de quem está à frente nas pesquisas.
Até aqui está difícil ver quem lidera, mas
facilmente podemos ver quem está atrás: o povo petrolandense.
Texto e fotos contaram com o apoio do
parceiro Ronald Torres
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