Foto: Daniel Filho |
Petrolândia sai à frente de diversos
municípios pernambucanos. Nossa cidade mais uma vez oportuniza a participação
popular na construção das políticas que deverão nortear nossos serviços
públicos nos próximos anos. Dessa vez foi a vez da juventude tomar conta de
seus espaços através de onze (11) eixos temáticos na 3ª Conferência Municipal
da Juventude de Petrolândia.
Guilherme Alves (Coordenador de Fortalecimento de Espaços Institucionais e de
Participação e Controle Social das Políticas Públicas de Juventude da
Secretaria Executiva de Políticas para a criança e a Juventude do Governo do
Estado de Pernambuco) mediou a palestra magna no formato roda de conversa. Com
muitos jovens ainda pouco habituados ao trabalho político de discussões,
propostas e encaminhamentos, vimos uma participação se iniciar tímida, mas crescer
gradativamente. Com o tema “As várias formas de mudar o Brasil”, que deveria
contemplar brevemente os eixos temáticos (Direito
à Educação, Profissionalização, ao Trabalho e à Renda; Direito ao Desporto,
Lazer e Cultura; Direito à Saúde, Sustentabilidade e ao Meio Ambiente; Direito
à Diversidade e à Igualdade, ao Território e à Mobilidade, à Comunicação e à
Liberdade de Expressão; Direito à Cidadania, à Participação Social e Política,
à Representação Juvenil, Segurança Pública e ao Acesso à Justiça), teve seu
enfoque maior voltado à educação.
Educação municipal e estadual na berlinda.
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“Nossa
escola tem estudantes surdos que não têm acompanhamento. Somos obrigados a incluí-los
nas atividades, mas sentimos dificuldades, pois não sabemos como nos comunicar...
Eles acabam sendo aprovados de qualquer jeito no fim do ano”
“Falta
transporte para nossa escola. O ônibus quase sempre está quebrado.”
“Em
nossa escola o uso de celular é proibido, mas a maioria dos professores leva e
usa em sala de aula. Os direitos não são iguais a todos?”
“Não
existe aula de Educação Física em minha escola. O professor, que não é da área,
entrega uma bola aos meninos e nós, meninas, ficamos sem fazer nada. Aí vamos
usar o celular.”
“Exigem
pontualidade do aluno, mas vemos professor e funcionário chegar atrasado.”
“Pedi para ser matriculado na escola de
referência porque me disseram que no horário integral o contra turno seria mais
dinâmico, com atividades práticas e lúdicas, mas o que acontece mesmo é aula o
dia inteiro dentro da sala de aula. Cansa”
“Era
para haver atividades culturais na minha escola, que é integral, mas quando um
professor quer fazer não tem apoio da direção. Outros professores, que deveriam
apoiar, tentam atrapalhar, pois em vez de um apoiar o outro acabam criando
disputa.”
“Nossos
laboratórios são depósitos de banners e foguetes de garrafa peti.”
Foram apenas algumas das diversas falas que
se voltaram de forma negativa à nossa realidade escolar, tanto na esfera
municipal, quanto estadual.
O desabafo coletivo levou a um questionamento
de Guilherme que, aos bons entendedores, diagnosticou o problema:
“Quantas
das escolas estaduais têm grêmio estudantil?”
Apenas representações das Escolas Jatobá e
Icó-Mandantes deram resposta afirmativa.
O Blog Gota d’água entrevistou Guilherme ao
fim da palestra e questionou sobre sua visão acerca de tantas críticas voltadas
à educação justamente quando mais vemos exposição na mídia de bons índices e
números das escolas públicas pernambucanas. O resultado você confere na próxima
semana.
Mas o que é perceptível, seja governo, mídia
ou sociedade civil, é que quando a escola não oportuniza o debate periódico
interno de suas forças e fraquezas para os melhores encaminhamentos conjuntos,
fica a mercê de exposições públicas vexatórias. Fotos em redes sociais, índices e prêmios maquiam a realidade escolar, mas, como toda maquiagem, uma hora
desbota.
POLÊMICA
Quem diria, em plena conferência da
juventude, uma velharia com cheiro do mofo conservador veio à tona. Dentre as propostas
elaboradas pelo eixo onze (Segurança
Pública e ao Acesso à Justiça), incluíram o item “redução da maioridade
penal”.
Felizmente a professora de filosofia e
coordenadora do programa PROEMI na escola Jatobá, Suemys Pansani, rechaçou a
proposta levantando o destaque.
Foto: Daniel Filho |
“Estamos
em uma conferência da juventude jogando jovem contra jovem? É isso?”
Questionou brilhantemente a professora que
também mediou um dos eixos (Direito à
Diversidade e à Igualdade). A retirada do item foi para votação da plenária
que votou favorável à retirada.
PARTICIPAÇÃO
DE REPRESENTAÇÕES POLÍTICAS
Dessa vez pudemos observar uma boa
participação dos vereadores. O líder do governo, Eudes Fonseca, Sílvio, Rogério
Novaes, Jorge Viana e José Luiz (Zé pezão) estiveram presentes.
Destaque a uma suposta polêmica na fala de
José Luiz. Cássia, líder da comunidade quilombola em Petrolândia, afirmou que o
vereador teria dito que em Petrolândia não havia quilombolas.
A comunidade em Petrolândia é reconhecida
como podemos observar o link abaixo:
Não encontramos o vereador para sua
retratação e declaramos espaço aberto para que explane seu posicionamento
acerca do tema.
Algumas faltas se fazem notar. Políticos
que se declaram ou são cogitados a pré-candidatos às eleições municipais 2016 ainda não participaram
efetivamente de nenhuma das conferências. Sendo essas o espaço de
construção e fortalecimento de políticas públicas para os próximos anos como
pretendem defender um plano de governo que não estão ajudando a construir?
PRÓXIMA
PARADA: ESTADUAL
A próxima etapa acontecerá em Recife e
contará com a participação de Lucicleide Santos (coordenadora da Casa das
Juventudes), representando governo e excelentes participações de jovens que se
destacaram em suas participações: Otávio, Otaviano e Yorrane Larissa, cuja vaga
foi aberta por Maria Luiza, quilombola, em uma forma de garantir a
representatividade das duas etnias (Quilombola e Pankararu) representarão a juventude
petrolandense e suas demandas em nível estadual e, quem sabe, federal na
Conferência Nacional.
Foto: Daniel Filho |
Prefeitura, secretaria de Desenvolvimento
Social, Cidadania e Juventude com apoio da Casa das Juventudes, mediadores dos
eixos, convidados e, principalmente, a juventude petrolandense, em seus mais
diversos recortes culturais, que compareceram em massa fazendo valer sua participação
através dos “desabafos”, debates e encaminhamentos, estão de parabéns pelo
brilhante evento.
Trabalhos no eixo de Direito à Cidadania, à Participação Social e Política.Foto: Daniel Filho. |
Trabalhos no eixo de Direito à Educação.Foto: Daniel Filho. |
Foto: Daniel Filho. |
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