sábado, 22 de agosto de 2015

VOZ E VEZ DO JOVEM DE PETROLÂNDIA

Foto: Daniel Filho

Petrolândia sai à frente de diversos municípios pernambucanos. Nossa cidade mais uma vez oportuniza a participação popular na construção das políticas que deverão nortear nossos serviços públicos nos próximos anos. Dessa vez foi a vez da juventude tomar conta de seus espaços através de onze (11) eixos temáticos na 3ª Conferência Municipal da Juventude de Petrolândia.
Guilherme Alves (Coordenador de Fortalecimento de Espaços Institucionais e de Participação e Controle Social das Políticas Públicas de Juventude da Secretaria Executiva de Políticas para a criança e a Juventude do Governo do Estado de Pernambuco) mediou a palestra magna no formato roda de conversa. Com muitos jovens ainda pouco habituados ao trabalho político de discussões, propostas e encaminhamentos, vimos uma participação se iniciar tímida, mas crescer gradativamente. Com o tema “As várias formas de mudar o Brasil”, que deveria contemplar brevemente os eixos temáticos (Direito à Educação, Profissionalização, ao Trabalho e à Renda; Direito ao Desporto, Lazer e Cultura; Direito à Saúde, Sustentabilidade e ao Meio Ambiente; Direito à Diversidade e à Igualdade, ao Território e à Mobilidade, à Comunicação e à Liberdade de Expressão; Direito à Cidadania, à Participação Social e Política, à Representação Juvenil, Segurança Pública e ao Acesso à Justiça), teve seu enfoque maior voltado à educação.

Educação municipal e estadual na berlinda.
Foto: Daniel Filho

“Nossa escola tem estudantes surdos que não têm acompanhamento. Somos obrigados a incluí-los nas atividades, mas sentimos dificuldades, pois não sabemos como nos comunicar... Eles acabam sendo aprovados de qualquer jeito no fim do ano”


“Falta transporte para nossa escola. O ônibus quase sempre está quebrado.”

“Em nossa escola o uso de celular é proibido, mas a maioria dos professores leva e usa em sala de aula. Os direitos não são iguais a todos?”

“Não existe aula de Educação Física em minha escola. O professor, que não é da área, entrega uma bola aos meninos e nós, meninas, ficamos sem fazer nada. Aí vamos usar o celular.”

“Exigem pontualidade do aluno, mas vemos professor e funcionário chegar atrasado.”

 “Pedi para ser matriculado na escola de referência porque me disseram que no horário integral o contra turno seria mais dinâmico, com atividades práticas e lúdicas, mas o que acontece mesmo é aula o dia inteiro dentro da sala de aula. Cansa”

“Era para haver atividades culturais na minha escola, que é integral, mas quando um professor quer fazer não tem apoio da direção. Outros professores, que deveriam apoiar, tentam atrapalhar, pois em vez de um apoiar o outro acabam criando disputa.”

“Nossos laboratórios são depósitos de banners e foguetes de garrafa peti.”

Foram apenas algumas das diversas falas que se voltaram de forma negativa à nossa realidade escolar, tanto na esfera municipal, quanto estadual.
O desabafo coletivo levou a um questionamento de Guilherme que, aos bons entendedores, diagnosticou o problema:

“Quantas das escolas estaduais têm grêmio estudantil?”

Apenas representações das Escolas Jatobá e Icó-Mandantes deram resposta afirmativa.
O Blog Gota d’água entrevistou Guilherme ao fim da palestra e questionou sobre sua visão acerca de tantas críticas voltadas à educação justamente quando mais vemos exposição na mídia de bons índices e números das escolas públicas pernambucanas. O resultado você confere na próxima semana.
Mas o que é perceptível, seja governo, mídia ou sociedade civil, é que quando a escola não oportuniza o debate periódico interno de suas forças e fraquezas para os melhores encaminhamentos conjuntos, fica a mercê de exposições públicas vexatórias. Fotos em redes sociais, índices e prêmios maquiam a realidade escolar, mas, como toda maquiagem, uma hora desbota.

POLÊMICA 

Quem diria, em plena conferência da juventude, uma velharia com cheiro do mofo conservador veio à tona. Dentre as propostas elaboradas pelo eixo onze (Segurança Pública e ao Acesso à Justiça), incluíram o item “redução da maioridade penal”.
Felizmente a professora de filosofia e coordenadora do programa PROEMI na escola Jatobá, Suemys Pansani, rechaçou a proposta levantando o destaque.

Foto: Daniel Filho


“Estamos em uma conferência da juventude jogando jovem contra jovem? É isso?”

Questionou brilhantemente a professora que também mediou um dos eixos (Direito à Diversidade e à Igualdade). A retirada do item foi para votação da plenária que votou favorável à retirada.



 PARTICIPAÇÃO DE REPRESENTAÇÕES POLÍTICAS

Dessa vez pudemos observar uma boa participação dos vereadores. O líder do governo, Eudes Fonseca, Sílvio, Rogério Novaes, Jorge Viana e José Luiz (Zé pezão) estiveram presentes.
Destaque a uma suposta polêmica na fala de José Luiz. Cássia, líder da comunidade quilombola em Petrolândia, afirmou que o vereador teria dito que em Petrolândia não havia quilombolas.
A comunidade em Petrolândia é reconhecida como podemos observar o link abaixo:


Não encontramos o vereador para sua retratação e declaramos espaço aberto para que explane seu posicionamento acerca do tema.
Algumas faltas se fazem notar. Políticos que se declaram ou são cogitados a pré-candidatos às eleições municipais 2016 ainda não participaram efetivamente de nenhuma das conferências. Sendo essas o espaço de construção e fortalecimento de políticas públicas para os próximos anos como pretendem defender um plano de governo que não estão ajudando a construir?

PRÓXIMA PARADA: ESTADUAL

A próxima etapa acontecerá em Recife e contará com a participação de Lucicleide Santos (coordenadora da Casa das Juventudes), representando governo e excelentes participações de jovens que se destacaram em suas participações: Otávio, Otaviano e Yorrane Larissa, cuja vaga foi aberta por Maria Luiza, quilombola, em uma forma de garantir a representatividade das duas etnias (Quilombola e Pankararu) representarão a juventude petrolandense e suas demandas em nível estadual e, quem sabe, federal na Conferência Nacional.

Foto: Daniel Filho

Prefeitura, secretaria de Desenvolvimento Social, Cidadania e Juventude com apoio da Casa das Juventudes, mediadores dos eixos, convidados e, principalmente, a juventude petrolandense, em seus mais diversos recortes culturais, que compareceram em massa fazendo valer sua participação através dos “desabafos”, debates e encaminhamentos, estão de parabéns pelo brilhante evento.

Trabalhos no eixo de Direito à Cidadania, à Participação Social e Política.

Foto: Daniel Filho. 


Trabalhos no eixo de Direito à Educação.

Foto: Daniel Filho. 



Foto: Daniel Filho. 




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