Foto: Daniel Filho. Nazaré, gestora da Escola de Jatobá, entrega
|
Participação política popular é construída
gradativamente e, no chão da escola, é que se inicia. Mas é comum ouvir de
alguns “gestores democráticos” frases como:
“Nós
incentivamos a criação de conselho escolar, mas ninguém quer participar. É um
sacrifício encontrar quem queira!”
“Os
jovens não gostam de política. Até incentivamos a criação dos grêmios, mas eles
são imaturos e, no fim, não querem responsabilidade!”
As frases soam verdadeiras por estarem
imersas da zona de conforto que é gerir sem confronto, debate e fiscalização.
Mas, sinceramente, é possível crer que nas escolas NINGUÉM se interesse pelas
contas e planos da escola? A resposta dos “democratas” é um sonoro SIM!, mas o
que se esconde por trás dessa inércia?
ABORDAGEM
Em diversas escolas presenciei como se dava a
organização e convocação para formação de conselho. Primeiro se apresentam as
problemáticas, seguida pelas dificuldades e concluídas pelas responsabilidades
jurídicas e até penais em se participar para, só no fim do terrorismo, se
afirmar: “Sua participação é muito
importante”.
Foto: Daniel Filho. Maria Ozita, coordenadora da escola eprincipal incentivadora para criação e manutenção doGrêmio da Escola de Jatobá. |
A “iniciativa” democrática, consciente ou
inconscientemente, levam aos pais trabalhadores e jovens a mensagem: “É muita responsabilidade para nada! Não
vale a pena”. E recursos ficam a mercê de poucos. Projetos e decisões
ligadas diretamente ao cotidiano de pais e alunos, decidido por um corpo de
funcionários que, obviamente, são tendenciosos a decidir porque lhes é mais
confortável e não pelo que de fato é pedagógico e democrático.
Então a decisão de permitir ou vetar o uso de
celulares pelos alunos, por exemplo, passam a competir aos funcionários que não
cogitam vetar o próprio uso. A decisão de onde instalar aparelhos de
ar-condicionado fica nas mãos dos que irão se beneficiar (já perceberam quais
os primeiros e últimos ambientes a serem climatizados em uma escola?). A forma
de avaliação, reprovação e aprovação atingirá a maioria, mas será definida por
uma minoria.
Obviamente que a matéria não generaliza, mas
provoca.
REGRA OU EXCEÇÃO?
Nas últimas semanas acompanhamos todo o
processo de eleição para o terceiro mandato consecutivo do Grêmio Estudantil
Livre da Escola Jatobá. O processo é acompanhado de perto pelos antigos
membros, apoio pedagógico e o debate é incentivado através da rádio escolar e
pátio com regras construídas em conjunto pelas chapas concorrentes.
A todos esses jovens foi permitida a
percepção de que, na política, se erra e acerta, mas não se omite.
Foto: Daniel Filho. Maria Luiza,
|
Na escola
Icó-Mandantes o grêmio estudantil foi criado e, junto à gestão, vem trabalhando
pela melhoria do entorno da escola, com criação de horta e limpeza do ambiente,
e em palestras e eventos pedagógicos para atingir o verdadeiro foco desse ato:
a aprendizagem. E qual a diferença desses jovens para o de outras escolas? A
abordagem. Feita através de estímulo, seu nascimento é instigado naturalmente e
seu percurso acompanhado para garantir a autonomia, e não o engessamento em
benefício da gestão. Quando é feita pelo terror ou “por acaso”, não nasce.
Todas as escolas que se declaram democráticas
(públicas, privadas, municipais, estaduais e federais), deveriam ter como
primeira responsabilidade o estímulo ao fazer democrático com reuniões
ordinárias e extraordinárias com análises e deliberações para a melhoria do
convívio. Que haja a democracia do consenso, onde até o último argumento
contrário é ouvido e discutido para compreensão difere da falsa democracia da
“maioria” que intimida, quando não exclui, a minoria e define de forma
arbitrária a melhor maneira de manter a maquiagem da incompetência.
Aos principais envolvidos pelos exemplos
citados aqui perguntamos qual a importância de se criar e manter um grêmio
estudantil as respostas você confere na próxima publicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário