quarta-feira, 14 de outubro de 2015

AUDIÊNCIA SOBRE OS CURSOS IRREGULARES: MAIS DO MESMO

Foto: Daniel Filho

Na noite de ontem (13), na Biblioteca da EREM Maria Cavalcanti Nunes, aconteceu uma audiência entre ex-estudantes de cursos de extensão oferecidos pela Funeso/Faexpe/Parapanema,  a Associação Nacional dos Pós-Graduados em Instituições Estrangeiras de Ensino Superior (ANPGIEES) junto ao Projeto Educa Legal  e Ana Gleide, representando o Centro Ensino Superior do Vale do São Francisco (CESVASF) veio trazer informações, mas poucas novidades.

PROJETO EDUCA LEGAL – PE

Esse projeto tomou por objetivo informar a todos estudantes, educadores e comunidades em geral do estado de Pernambuco os instrumentos para identificar os cursos de Graduação e pós-graduação autorizados pelo MEC que podem funcionar  nos municípios do estado.
Eis a sensação do pequeno público presente de “mais do mesmo”. Como já publicado em matérias anteriores de nosso Blog e exposto por advogados em diversas reuniões não houve muita novidade no discurso. Os estudantes de Petrolândia, com aval do poder executivo e inoperância do poder legislativo, contrataram cursos de extensão como superior.

O QUE SÃO CURSOS DE EXTENSÃO?

Segundo o parecer do presidente da ANPGIEES, Vicente Celestino, cursos de extensão não podem conferir grau ou emitir diplomas estando limitada a expedir apenas certificados de participação. De acordo com o artigo 44, inciso IV da Lei n°9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB) esses cursos são modalidades extensivas do nível superior, e não seu substituto. Tais certificados não têm valor de grau superior para o exercício da função a qual o estudante tenha concluído ou esteja a concluir. Significa dizer que, caso exerça a função ao ter concluído em uma desses falsos cursos, o estudante pode responder por porte de diploma falso (com pena de dois a seis anos de reclusão e multa) além de exonerado, ainda que concursado, se estiver exercendo a função a qual crê ter titulação necessária.
Como podemos ver na imagem ao lado o prefeito Lourival Simões autorizou a vinda dos cursos (ainda FUNESO) a partir da cedência de prédio público, Escola Municipal 1°de Julho, para suas realizações. No documento podemos ler que se trata de CURSO DE EXTENSÃO, no entanto o que foi ofertado ao município, através da mídia e publicidade, foram cursos de graduação. Como podemos conferir abaixo em texto publicado num blog local:
 

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“A Funeso/Unesf vai oferecer graduação de Licenciatura em Letras, Biologia, Matemática e Pedagogia, e Bacharelado em Administração. Os cursos têm aulas presenciais uma vez por semana e estão sendo implantados nesta cidade com apoio da Prefeitura Municipal de Petrolândia, através da Secretaria de Educação”.

O CAMINHO MAIS CURTO E BARATO SE TORNOU O MAIS LONGO E CARO

Petrolândia dispunha do campus do Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco (CESVASF) com graduação que oferecia graduação de licenciatura em Letras e Matemática, além de ofertar diversas bolsas de estudos pelo Programa Universidade para Todos (PROUPE). O programa, lançado em 2011 através do governo do estado de Pernambuco, oferecia bolsas que custeavam a mensalidade dos estudantes em 100%, 50% e 25%, valendo, respectivamente, descontos de até R$ 245, R$ 135 e R$ 95 (valores máximos relativos às 13 autarquias que recebiam o auxílio do governo, variando a depender do valor da mensalidade). A prioridade era financiar licenciaturas e beneficiava diversos estudantes do campus Petrolândia.
A prefeitura, acreditando estar fazendo uma jogada de mestre, optou por não investir nas condições estruturais mínimas para manter o campus e apostou suas fichas na alternativa mais barata que surgiu: FUNESO/UNESF (futura FAEXPE, PARANAPANEMA... presente problema):

“Os cursos têm aulas presenciais uma vez por semana e estão sendo implantados nesta cidade com apoio da Prefeitura Municipal de Petrolândia, através da Secretaria de Educação. A Funeso-Fundação de Ensino Superior de Olinda tem 40 anos de tradição em ensino superior e os cursos são reconhecidos pelo MEC. FUNESO/UNESF: Tradição e qualidade ao seu alcance”.

Noticiava a oferta. Hoje problema sem tamanho aos estudantes com prejuízos que dificilmente serão revertidos.
Se o município tivesse dado o investimento necessário ao campus que já existia, hoje Petrolândia poderia ter oferta de cursos de licenciatura em Física, História, Ciências Biológicas, Geografia e Educação do Campo.

MAS HÁ SOLUÇÃO?

Publicamos aqui qual seria a única alternativa possível, repetida ontem (13) na audiência pelos membros da associação a realizar a audiência, para amenizar os problemas. Trazer de volta a única instituição credenciada pelo MEC, a CESVASF. Releia a matéria:


A diretora e professora Ana Gleide foi procurada pelo prefeito para o retorno que será possível mediante a renovação de autorização junto ao MEC. Segundo Ana Gleide esse processo depende apenas de vontade política e não vê com dificuldades essa possibilidade.
No entanto Ana Gleide percebe pouca procura por parte dos estudantes e, hoje, não viabilizaria a implantação dos cursos superiores no município. Afinal as condições da instituição atende a poucos dos que foram vítimas do golpe:

A modalidade será presencial com carga horária de 40hrs semanais e não mais semanal ou quinzena, como era ofertado;

Os valores da mensalidade são maiores;

Os estudantes deverão passar por processo seletivo (vestibular) a preencher até quarenta (40) vagas por curso. Em cursos que o número de matriculados era acima das quarenta, alguns ficariam excluídos do processo precisando aguardar novo vestibular;

Abaixo de vinte e cinco (25), aprovados ou que optarem pela migração, se torna inviável implementar o curso;

Pode haver aproveitamento das horas já cursadas mediante comparação de matrizes curriculares, mas não há dispensa total de cadeiras cursadas. Portanto estudantes que já cursaram dois anos ou mais teriam que refazer o curso do início complementando as horas já cursadas;

O antigo campus ficava na Escola Francisco Simões, distante para muitos estudantes que moram no centro e não dispõe de transporte público.

Muitos se agarraram ao sonho do curso superior pela oportunidade surgida de conciliar sua vida de trabalhador à academia, mas viram tornar pesadelo. Essa e outras reuniões apresentam pouca participação não por desinteresse, mas por desilusão.
Petrolândia se une aos mais de trinta mil alunos lesados pelas falsas faculdades em Pernambuco cujos representantes políticos municipais assistiram, de forma conivente ou negligente (talvez ambos?), a implantação da pirataria dos diplomas. Agora só resta às vítimas cobrar na justiça o ressarcimento dos danos financeiros e morais causados.

Para ler ou reler matérias do BLOG GOTA D’ÁGUA referentes ao tema, seguem os links:






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