Foto: Daniel Filho |
“Para
mim, uma fé em Jesus Cristo que não esteja aliada à justiça social, que não
esteja aliada aos pobres, não é coisa alguma”.
Paul David Hewson, mais conhecido pelo
nome artístico Bono Vox, vocalista da banda U2
Aconteceu sábado (30) a marcha pela paz nas
principais ruas e avenidas de Petrolândia motivada pela recente onda de
assassinatos. Pelo forte teor religioso cristão da caminhada, nada melhor que
iniciar esse texto com uma citação que ilustra o que compreendemos sobre paz e
cristianismo. Não há paz sem justiça social.
Para nortear o texto destaco a fala serena do
pastor Ricardo Rodolfo:
“Esse
movimento não trará a paz, é apenas o primeiro passo”.
Não haverá paz enquanto pais ainda forem obrigados a assistir a exposição, em fotos e vídeos nas redes sociais, dos cadáveres de seus filhos.
Enquanto pais e filhos continuarem sem acesso a saneamento básico, água tratada, iluminação pública adequada, emprego, acesso à cultura e lazer.
Enquanto ainda não puderem afirmar convictamente que a educação pública ofertada garantirá um
futuro melhor que o presente. Paz não se pede, se constrói. E como bem destacou o pastor e demais líderes participantes, há diversos outros passos a frente.
PARA
ONDE MARCHAR?
É preciso o empoderamento
político tanto dos discursos quanto das ferramentas que garantem a justiça
social. Necessário o fortalecimento dos direitos humanos e a compreensão de que
esse não se dirige a “bandidos”, mas a todos nós. Não fará sentido nos darmos
as mãos para clamar:
“Perdoai
as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendido”, mas em redes sociais, comemorarmos
extermínio, chacina e tortura, pois julgamos (sem direito a defesa) que “bandido
bom é bandido morto!”. Somos todos vítimas da fatalidade fácil do discurso
que propõe “limpeza da criminalidade”,
quando essa, na verdade, é uma limpeza de todos os erros políticos cometidos. Calar diante o sofrimento da comunidade mais carente, seja por conveniência, conivência ou cumplicidade, é também apertar o gatilho que nos joga em meio ao fogo cruzado.
Continuemos a marcha. Contra a corrupção,
contra o descaso do dinheiro público. Semear o desenvolvimento econômico sustentável,
cultura e educação para alcançar a paz que tanto rogamos aos céus, por não perceber que cabe a
cada um cultivar.
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