quinta-feira, 5 de novembro de 2015

NA MARCHA PELA PAZ PARA ONDE MARCHAREMOS?

Foto: Daniel Filho

“Para mim, uma fé em Jesus Cristo que não esteja aliada à justiça social, que não esteja aliada aos pobres, não é coisa alguma”.
Paul David Hewson, mais conhecido pelo nome artístico Bono Vox, vocalista da banda U2

Aconteceu sábado (30) a marcha pela paz nas principais ruas e avenidas de Petrolândia motivada pela recente onda de assassinatos. Pelo forte teor religioso cristão da caminhada, nada melhor que iniciar esse texto com uma citação que ilustra o que compreendemos sobre paz e cristianismo. Não há paz sem justiça social.
Para nortear o texto destaco a fala serena do pastor Ricardo Rodolfo:
 “Esse movimento não trará a paz, é apenas o primeiro passo”.
Não haverá paz enquanto pais ainda forem obrigados a assistir a exposição, em fotos e vídeos nas redes sociais, dos cadáveres de seus filhos.
Enquanto pais e filhos continuarem sem acesso a saneamento básico, água tratada, iluminação pública adequada, emprego, acesso à cultura e lazer.
Enquanto ainda não puderem afirmar convictamente que a educação pública ofertada garantirá um futuro melhor que o presente. Paz não se pede, se constrói. E como bem destacou o pastor e demais líderes participantes, há diversos outros passos a frente.


PARA ONDE MARCHAR?

É preciso o empoderamento político tanto dos discursos quanto das ferramentas que garantem a justiça social. Necessário o fortalecimento dos direitos humanos e a compreensão de que esse não se dirige a “bandidos”, mas a todos nós. Não fará sentido nos darmos as mãos para clamar:
“Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendido”, mas em redes sociais, comemorarmos extermínio, chacina e tortura, pois julgamos (sem direito a defesa) que “bandido bom é bandido morto!”. Somos todos vítimas da fatalidade fácil do discurso que propõe “limpeza da criminalidade”, quando essa, na verdade, é uma limpeza de todos os erros políticos cometidos. Calar diante o sofrimento da comunidade mais carente, seja por conveniência, conivência ou cumplicidade, é também apertar o gatilho que nos joga em meio ao fogo cruzado. 
Continuemos a marcha. Contra a corrupção, contra o descaso do dinheiro público. Semear o desenvolvimento econômico sustentável, cultura e educação para alcançar a paz que tanto rogamos aos céus, por não perceber que cabe a cada um cultivar.








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