segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA


“Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.” O artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos faz alusão à necessidade e à importância das diretrizes sociais não serem baseadas no gênero, mas no interesse comum para, assim, uma maior consolidação do ideal democrático e desenvolvimento de uma nação. Nessa perspectiva, a fim de propor uma sociedade melhor, cabe analisar o avanço do papel da mulher na sociedade contemporânea que, apesar da existência das leis garantindo seus direitos, ainda sofre com o preconceito.
Antes de tudo, é imprescindível pontuar que a classe feminina está tendo êxito no alcance de seus direitos. Tal fato se dá porque a mulher não tinha “voz”, uma vez que não tinha o direito ao voto, sendo marginalizada pelos estereótipos apregoados pela sociedade, extremamente patriarcal e machista, isto é, estava sempre à margem do processo. Assim, através de muitas lutas, conseguiu ser notada como um ser que tem o direito de escolha. É válido enfatizar, também, que foi por meio de uma mulher que sofreu violência doméstica que foi sancionada uma lei, nomeada com o seu próprio nome: Lei Maria da Penha, que é considerada o principal instrumento legal de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher.
É importante notar, ainda, a atitude e sapiência do MEC em fazer com que cerca de 7 milhões de pessoas, ao mesmo tempo, refletissem sobre “a persistência da violência contra a mulher brasileira”, pedindo a todos que não só mostrem o motivo do que está ocorrendo, mas que apresentem uma proposta social que venha a erradicar esse paradigma, logo, pode-se inferir que foi um avanço para a classe feminina, haja vista que, entre os 7 milhões, estão “os agressores e as vítimas”, fazendo com que notem que a mulher brasileira está conseguindo obter a atenção de todos a seu favor e mais perto de conseguir a igualdade de gênero.
Por outro lado, convém ressaltar que, por mais que a mulher tenha tido suas conquistas, ainda existem barreiras a serem rompidas. Tal questão existe, pois, apesar dos avanços do papel da mulher não sendo mais rotulada como o ser que só tem o direito e dever de cuidar dos filhos, a sociedade ainda a trata com inferioridade, correlacionando-a com o homem, considerando que há uma visível desigualdade e falta de decência social em pleno século XXI. É fundamental destacar que, infelizmente, o índice de violência contra a mulher tem aumentado significativamente, seja por violência verbal, moral e/ou física, ou melhor, por mais que tenham sido aprovadas leis para a defesa das mulheres, boa parte delas ainda não sente total segurança para denunciar o agressor. Tomando como base o fator de cor, etnia e raça, segundo dados de Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), “as mulheres negras são as que mais morrem e sofrem com a violência doméstica”, isso está atrelado à consequência deixada pela escravidão, ou seja, os negros ocupam a maioria do número da classe baixa do país, logo, as mulheres menos favorecidas são as mais vulneráveis a esse ato repugnante, que é a agressão dos seu parceiros, devido ao fato de, geralmente, terem medo, vergonha de “manchar o nome da família”, filhos, dependência financeira, entre outros.
Fica claro, portanto, que o cenário de desigualdade, preconceito e machismo ainda prevalece, apesar das conquistas da mulher brasileira. Dessa forma, diante desse capitulo ao qual vive a sociedade, fazem-se pertinentes os questionamentos: O que eu tenho a ver com isso? Quais medidas tenho tomado para mudar esse cenário de dor? Qual minha contribuição para a propagação da desigualdade de gênero? Assim, essas são algumas das indagações ao qual se deve fazer para que haja avanço no processo de construção de uma sociedade mais justa, pois existe um leque de órgãos que trabalham em defesa dos direitos da mulher, e cabe a cada pessoa sair do posto observatório, que contempla dia a dia os noticiários divulgando mais uma nota de violência contra a mulher, e despertar o espírito de união, apoio e repúdio por esse paradigma da sociedade, ou melhor, precisam ser multiplicadoras, uma vez que a voz de cada uma não pode ser perdida ao vento.

Eliane de Sá, 40 anos, é pedagoga com Pós - graduação Latu Sensu Especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica. Atualmente Coordenadora da Coordenadoria da Mulher de Petrolândia – PE. Natural de SÃO PAULO - SP.






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