Imagem: Divulgação |
A
reportagem a seguir foi concebida pelo jornalista Igor Ojeda para a REPÓRTER
BRASIL e republicada no Blog do
Sakamoto e agora por nós, do Blog Gota d’Água em três partes. Trata da
história de três JOSÉs que foram resgatados
de condições análogas às de escravo, pelo governo brasileiro, nas obras de
ampliação do aeroporto internacional de São
Paulo, em 2013, sob
responsabilidade da empreiteira OAS.
Dois deles são de nossa cidade, Petrolândia. Vamos conhecer suas histórias e a
vida após o resgate.
José
Alex
é pernambucano de Águas Belas, mas
há duas décadas vive em Petrolândia,
a menos de 200 quilômetros dali.
José
Evanci é sergipano de Poço
Redondo, e também mora em Petrolândia,
para onde se mudou aos dois anos.
José
Hildo é baiano de Glória.
Nascido e criado na zona rural do município, onde vive até hoje.
Petrolândia e Glória, ambas localizadas à beira do
rio São Francisco, estão separadas por apenas 60 quilômetros. A primeira em
Pernambuco, a segunda na Bahia. Os destinos dos três jovens de nome José, no
entanto, cruzaram-se a mais de dois mil quilômetros ao sul: Guarulhos, na
Grande São Paulo.
Entre agosto e setembro de 2013, eles e mais
108 trabalhadores foram submetidos a condições análogas à escravidão nos
alojamentos da OAS, de acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência Social,
empreiteira que era a responsável pela ampliação do aeroporto internacional de
Guarulhos, em Cumbica, obra inserida na lista de melhorias na infraestrutura do
país previstas para a Copa do Mundo que seria realizada no ano seguinte.
Obra do terminal de Guarulhos, feita pela OAS. Foto: Divulgação |
DE
ELETRICISTA A PEDREIRO
José
Alex,
o mais jovem, tem 22 anos. Tinha 19 quando, com mais uns 40 homens, tomou o
ônibus caindo aos pedaços para o Estado de São Paulo. Nascido em Águas Belas,
antes de completar dois anos foi com a mãe e os dois irmãos para Petrolândia
após seu pai ser assassinado. “Mainha
começou a namorar com meu padrasto, que era padeiro, e tocamos a vida por aqui.
Depois de um tempo, ela virou costureira.”
Com 14 anos, o irmão do padrasto de José
Alex, eletricista, chamou-o para trabalhar. Quatro anos depois, surgiu uma
oportunidade de emprego de servente de pedreiro nas obras de ampliação de uma
fábrica da Gerdau em Ouro Branco, em Minas Gerais. “Tem vantagem quando a
pessoa trabalha em firma. Quando você sai, recebe acerto. Quando você trabalha
com comércio, não tem essa vantagem.”
Um mês depois, no entanto, José Alex pegou
gripe forte e, como não melhorava, teve de voltar para casa. Em Petrolândia, o
jovem sarou. Menos de três meses depois, ouviu de um amigo na rua: “Tem uma viagem aí pra Guarulhos, quer
ir?”
continua
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