domingo, 20 de novembro de 2016

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO EM TEMPOS DE PEC’s

Imagem: DivulgaçãoFotos da matéria por Daniel Filho e Ronald Torres


O Blog Gota D’Água fez a cobertura do SIECS - Seminário Interterritorial de Educação do Campo no Semiárido que teve início na noite da última quinta-feira (17) e encerrou ontem (19) no auditório do Instituto Federal da Bahia (IFBA) – Campus Juazeiro.
Com o tema “Terra, trabalho e educação”, o evento teve por objetivo debater diversas temáticas relacionadas à educação contextualizada ao Semiárido brasileiro, com foco na educação do campo. A maioria dos debates e rodas de conversa trouxeram debates conjunturais, tanto do ponto de vista da política brasileira atual quanto da realidade sócio-cultural do Semiárido pautando os avanços e retrocessos no campo da educação.
João Pedro Stédile, Roberto Malvezzi (Gogó), Rubineuza Leandro, Paulo Rubem Santiago, Josemar da Silva Pinzoh, Gilvanice Barbosa, Maria Elizabeth Gonçalves entre outros nomes deram grandes contribuições acerca dos principais avanços no campo da educação, mas dando destaque aos riscos de retrocessos por causa das PEC’s 241/55, que estabelece teto para gastos públicos e PEC 746, que trata da reforma do ensino médio, oriundas do golpe institucional que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.
A mesa de abertura trouxe análises conjunturais com Roberto Malvezi (Gogó), Rubineuza Leandro e João Pedro Stédile.

Roberto Malvezi relembrou a mudança nas relações entre as comunidades e o semiárido. Do sofrimento passou a se conviver, porém destaca as últimas medidas do governo Temer:

“Temer retrocede da situação de convivência com o semi-árido para o ‘combate à seca’. Tal medida política retrocede nossos avanços em 30 anos.”

Malvezi complementa, de forma otimista, que houve uma mudança de mentalidade das pessoas conquistada a partir da educação popular e, mesmo em um cenário de retrocessos na política brasileira, essas pessoas compreendem que é possível conviver com o Semiárido.
A educadora Rubineuza Leandro, destacou em sua fala políticas educacionais voltadas para o campo, implementadas nas últimas décadas, como o Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), criação de cursos, regulamentações.

“...No entanto a institucionalização afastou os movimentos sociais das tomadas de decisões em relação a essas políticas trazendo prejuízos a essas conquistas. Com esse cenário de golpe no Brasil a tendência é se precarizar ainda mais.”

João Pedro Stédile denominou o golpe político que destituiu a presidenta Dilma Rousseff em agosto como institucional, jurídico e midiático:

“A base concreta da sociedade está ligada à forma como funciona a economia (...) deram o golpe para salvar o capital e aplicar um projeto neoliberal e Michel Temer não passa de um fantoche nas mãos desse projeto que, a qualquer momento poderá, inclusive, substituí-lo. Recuperar a taxa de lucros das empresas foi a motivação do golpe.”

Stedile, no entanto, vê o atual momento diferente de 1964. Segundo o economista e militante político, diferente de 64 a direita está dividida entre o interesse nas taxas de lucros e a busca pelo poder dos partidos de direita o que acaba causando tensão em suas relações. Porém destaca que os trabalhadores disputar os espaços políticos espalhados por toda parte – desde as Câmaras Legislativas e prefeituras até o Diretório Central dos/das Estudantes, associações, etc.

“A classe trabalhadora precisa ocupar as ruas, as fábricas, as escolas, as terras... há uma disputa ideológica e precisamos nos apropriar do debate, pois é o conhecimento que nos liberta e não a propriedade privada.”


Na segunda parte da matéria: “A educação do campo no Semiárido Brasileiro” debatida por Paulo Rubem Santiago (UFPE), Josemar da Silva Martins Pinzoh (UNEB) e a Professora Lucia Marisy, (UNIVASF).







Um comentário:

  1. Parabéns ao Gota, trazendo sempre para conhecimento da sociedade o que de fato nos interessa, educação, cultura para cada vez mais nos apropriarmos do que é nosso "o conhecimento que liberta".

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