Imagem: DivulgaçãoFotos da matéria por Daniel Filho e Ronald Torres |
O Blog Gota D’Água fez a cobertura do SIECS - Seminário Interterritorial de Educação
do Campo no Semiárido que teve início na noite da última quinta-feira (17) e encerrou ontem (19) no auditório do Instituto Federal
da Bahia (IFBA) – Campus Juazeiro.
Com o tema “Terra, trabalho e educação”, o evento teve por objetivo debater
diversas temáticas relacionadas à educação contextualizada ao Semiárido
brasileiro, com foco na educação do campo. A maioria dos debates e rodas de
conversa trouxeram debates conjunturais, tanto do ponto de vista da política
brasileira atual quanto da realidade sócio-cultural do Semiárido pautando os
avanços e retrocessos no campo da educação.
João Pedro Stédile, Roberto Malvezzi (Gogó),
Rubineuza Leandro, Paulo Rubem Santiago, Josemar da Silva Pinzoh, Gilvanice
Barbosa, Maria Elizabeth Gonçalves entre outros nomes deram grandes
contribuições acerca dos principais avanços no campo da educação, mas dando
destaque aos riscos de retrocessos por causa das PEC’s 241/55, que estabelece teto para gastos públicos e PEC 746, que trata da reforma do ensino
médio, oriundas do golpe institucional que derrubou a presidenta Dilma
Rousseff.
A mesa de abertura trouxe análises
conjunturais com Roberto Malvezi (Gogó), Rubineuza Leandro e João Pedro
Stédile.
Roberto
Malvezi relembrou a mudança nas relações entre as comunidades e
o semiárido. Do sofrimento passou a se conviver, porém destaca as últimas
medidas do governo Temer:
“Temer
retrocede da situação de convivência com o semi-árido para o ‘combate à seca’.
Tal medida política retrocede nossos avanços em 30 anos.”
Malvezi complementa, de forma otimista, que
houve uma mudança de mentalidade das pessoas conquistada a partir da educação
popular e, mesmo em um cenário de retrocessos na política brasileira, essas
pessoas compreendem que é possível conviver com o Semiárido.
A educadora Rubineuza Leandro, destacou em sua fala políticas educacionais
voltadas para o campo, implementadas nas últimas décadas, como o Pronera (Programa Nacional de Educação
na Reforma Agrária), criação de cursos, regulamentações.
“...No
entanto a institucionalização afastou os movimentos sociais das tomadas de
decisões em relação a essas políticas trazendo prejuízos a essas conquistas.
Com esse cenário de golpe no Brasil a tendência é se precarizar ainda mais.”
João
Pedro Stédile denominou o golpe político que destituiu a
presidenta Dilma Rousseff em agosto como institucional, jurídico e midiático:
“A base concreta da sociedade está
ligada à forma como funciona a economia (...) deram o golpe para salvar o
capital e aplicar um projeto neoliberal e Michel Temer não passa de um fantoche
nas mãos desse projeto que, a qualquer momento poderá, inclusive, substituí-lo.
Recuperar a taxa de lucros das empresas foi a motivação do golpe.”
Stedile, no entanto, vê o atual momento
diferente de 1964. Segundo o economista e militante político, diferente de 64 a
direita está dividida entre o interesse nas taxas de lucros e a busca pelo
poder dos partidos de direita o que acaba causando tensão em suas relações.
Porém destaca que os trabalhadores disputar os espaços políticos espalhados por
toda parte – desde as Câmaras Legislativas e prefeituras até o Diretório
Central dos/das Estudantes, associações, etc.
“A
classe trabalhadora precisa ocupar as ruas, as fábricas, as escolas, as
terras... há uma disputa ideológica e precisamos nos apropriar do debate, pois
é o conhecimento que nos liberta e não a propriedade privada.”
Parabéns ao Gota, trazendo sempre para conhecimento da sociedade o que de fato nos interessa, educação, cultura para cada vez mais nos apropriarmos do que é nosso "o conhecimento que liberta".
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