Na terceira e última parte dos
questionamentos que levantamos ao prefeito Ricardo Rodolfo na coletiva que
analisou sues cem primeiros dias de gestão, adentramos campos espinhosos: irregularidades
em sua campanha, possível cassação, imóveis e terrenos sem cumprir sua função
social, o papel da ONG ABRASFA na zoonose e saúde pública, fechamento da
agência do INSS.
Boa leitura e análise:
DF -
A gente vê o discurso da “política nova”, mas vê a mesma prática velha tão
criticada que leva o senso comum a acreditar que não se deva gostar de política por ser desonesta. Gostaríamos que você comentasse um pouco sobre as irregularidades
de sua campanha que acabaram gerando um processo que culminaria em sua
cassação, mas que em primeiro grau foi julgado ser inadequado cassar o mandato.
RR –
Eu não tenho as informações
precisas da minha campanha porque, realmente, não a organizei. Eu era o
candidato... Eu fiz questão de não me envolver com o financeiro, com a
prestação de contas (...) eu nunca fiz campanha anteriormente, então nessa
campanha eu fui pro palanque, fui pras ruas e não participei de nada ligado a quem
me ajudou financeiramente. Soube de algumas pessoas de minha família que
ajudaram, mas de empresários e pessoas comuns eu não soube, então não tenho
detalhes de minha prestação de contas. Isso ficou com o jurídico da minha
campanha, doutora Iara e outros advogados é que se empenharam na minha defesa,
então eu não sei os detalhes da minha defesa e sobre o processo judicial que
ocorreu com a outra frente eleitoral. Prefiro não comentar porque acho melhor vocês
mesmos acompanharem na justiça o desenrolar disso.
Essa é uma orientação da minha mente, do meu
coração e de um amigo advogado, o melhor é não tecer comentários sobre esse
processo porque ele não foi findado ainda. Quando chegar ao fim eu falo. O que posso
dizer é que estou muito tranquilo e em paz com Deus, com minha família e com a
minha cidade, aconteça o que acontecer eu estou em paz.
Daniel
Filho – Vamos entrar em um tema espinhoso que é habitação. Nós sabemos que há
muita especulação na cidade e em nossa primeira entrevista você reconheceu que
havia muito imóvel e terrenos que não cumpriam sua função social o que culmina
na velha política da conta cair sempre para o mais pobre.
Sabemos
que tem muito ex-vereador, ex-prefeito e empresários que se dizem donos de
terrenos aqui, mas ninguém sabe a quem comprou, como comprou... Citando um caso
recente um empresário disse que teve suas terras invadidas, quando na verdade
foram ocupadas por não cumprirem sua função social... Então a gente insiste em
saber como serão resolvidas essas questões. Afinal, com habitação popular vem o
emprego para o pedreiro, servente, pintor, comércio... vem gerar dinheiro e
renda para o município, assim como cobrar IPTU progressivo de imóveis que estão
fechados para aumentar a especulação...
Ricardo
Rodolfo – Boa, muito boa
questão. Posso te dizer com muita segurança que enquanto prefeito for nessa
cidade eu não vou admitir que ninguém se aproprie de um terreno pra ganhar de
forma ilícita o uso dele. Estou indo sexta-feira à tarde (28) lá na CHESF para
conversar com o jurídico para a gente olhar exatamente as terras de Petrolândia
porque eu quero legalizar e regularizar a questão fundiária de nossa cidade. Por
exemplo, a área do Bairro Nova Esperança, eu acho justo que aquilo não seja
apenas uma invasão, ou ocupação, mas sim um terreno legal que aquelas famílias
obtenham da CHESF e o cidadão possa ter a escritura, o terreno e eu possa
cobrar IPTU e possa ter lá os benefícios do seu imposto.
Farei
ainda a atualização do plano diretor. Então nessa atualização eu já quero
antecipar com a CHESF e com o INCRA pra saber o que é deles e o que é do
município. A parte que for do INCRA eu quero a cedência para que a gente possa
fazer aqui uma nova quadra da cidade (...), pois atualmente não tem mais onde
ter habitação popular aqui. Acabou. A Quadra 18 Lourival conseguiu fazer o
planejamento, em frente ao posto Rical, se eu construir ali o Bairro Novo
Horizonte, vou tirar as famílias dali, fazer o alinhamento, nosso setor de
desenhos estruturais está fazendo todo planejamento para acontecer tudo certo
(...) sorteio de famílias cadastradas de baixa renda e que morem de aluguel
devem ser os beneficiários (...). Doutor Júlio está trabalhando num projeto de
lei pra ir à Câmara para que toda aquela área seja separada entre serviços públicos
e moradia. A população às vezes não ajuda. A gente vai lá, explica, pede
direito sem polícia, mas tem gente voltando e colocando cerca de novo...
Esperem eu abrir as ruas, esperem sair o projeto de lei, faz o cadastro social
que vai dar tudo certo. A ideia é beneficiar os primeiros invasores, ou
ocupadores como prefere chamar, porque estão há mais tempo, mas os demais ser
por sorteio.
Quero
planejar outros terrenos para, inclusive, ver uma área industrial e isso
precisa ser revisto também no plano diretor.
DF –
Para encerrar, dois pontos: serviços de zoonose do município e o sobre o
fechamento da agência do INSS.
RR – Daniel, soube há poucos dias pelas redes
sociais a preocupação de uma pessoa pela grande quantidade de animais soltos
nas ruas. Eu ainda não sentei com a ABRASFA e com o Pedro da secretaria de saúde
para traçar um plano estratégico sobre essa questão, mas vejo que chegou a
hora. Sei que a ABRASFA se importa com essa área e será nossa principal
parceira junto à secretaria de saúde. Agora em Maio quero ver se Jane articula
um encontro com Pedro para pensarmos sobre esses animais soltos nas ruas.
Sobre
a agência do INSS, vocês sabem que na semana passada houve uma ordem da
superintendência de Recife para suspender as atividades daqui. Desde Janeiro
que tento dar assistência aqui, mas o prédio em si que a prefeitura cedeu há
mais de dez anos realmente chegou ao limite dele e os funcionários há anos que
se queixam que realmente tomem providência e, junto ao ministério público,
decidiram parar por ver que não tinha mais condições. Então quando eu soube
corri, liguei para a agência e eles vieram aqui no meu gabinete e junto aos
vereadores conversamos para não perdermos a agência de Petrolândia. Nossa oração
e preocupação é a de que os funcionários aceitem a proposta da chefia deles de
Recife. Pedimos aos funcionários que eles não saiam daqui. A gente faz os
reparos possíveis nossos daqui, mas eles não se conformam mais com paliativos,
querem a garantia de que mudarão para o prédio definitivo decente.
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