quinta-feira, 26 de novembro de 2020

O POVO NÃO SABE VOTAR? É FALSO? O QUE PODEMOS APRENDER COM OS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES EM PETROLÂNDIA? artigo de opinião por Daniel Filho

 


É comum frases do tipo: “O povo é falso! Se vende por qualquer coisa”, “Enquanto continuarem a vender o voto, nossa cidade não muda”, logo após os resultados das eleições, sejam quais resultados forem... Mas numa sociedade com tantos recortes sociais é possível generalizar um único perfil de eleitor?

Geralmente quem levanta questionamentos desse tipo contribuiu significativamente para com o resultado e, estranhamente, não se coloca como também “ser povo” e é sobre esse assunto que o artigo tratará.

 

Candidatas e candidatos derrotados tendem a condicionar seu resultado individual ao coletivo, mas esquecem que a composição dos cenários políticos postos foi feita anteriormente por todas e todos participantes do pleito e que as cinco opções para prefeitura e 159 a vereador, no caso de Petrolândia, sertão de Pernambuco, foi formada pela junção das mais variadas intenções, estratégias, vontades (pessoais, individuais ou coletivas).

Afinal, foi “o povo” quem pediu dezenas de candidaturas de profissionais da educação, profissionais da saúde, agricultores, sindicalistas, agentes dos esportes e da cultura, representantes do agronegócio... lançassem diversas candidaturas em partidos diferentes?

No grande tabuleiro da política somos todas e todos, eleitores e candidatos, peças a se permitir as manobras. Seja por ego, vaidade, promessas de cargo e ou emprego ou, aos últimos românticos, ideologia, a pulverização de nomes e “projetos” dão um leque de opções que cabe ao povo que, foi às urnas no último dia 15 de Novembro, definir, a partir de seus próprios critérios, que opção ele deseja para aquele momento.

Cada liderança política, seja de qual partido ou coligação for, não deveria questionar os resultados se, no final, fomos todos responsáveis pelo esfacelamento das opções de candidaturas. Seria como um dono de restaurante produzir um cardápio com vasta opção de refeições reclamar pela escolha do cliente não corresponder ao que ele queria que fosse escolhido.

 

RESULTADOS

 

O mote era (e será por um bom tempo) “MUDANÇA”. E não mudou? Na câmara, de 11 cadeiras em disputa, 8 foram assumidas por novatos. Para a prefeitura não mudou o ciclo de um mesmo grupo?

Então se o principal mote da campanha foi cumprido, tivemos mudança, por que a insistência em reproduzir preconceitos que só servem para desqualificar a democracia e as lutas sociais?

 

TALVEZ A MUDANÇA NÃO TENHA SIDO TÃO BOA ASSIM (?)

 

Então, sendo esse o sentimento, é desonesto imputar “ao povo” o resultado das eleições. Fabiano Marques (PTB), eleito com 38% dos votos válidos (7.060 votos), não foi o escolhido por 62% dos eleitores, o que significa 17.614 pessoas, contabilizando brancos, nulos e abstenções, que não se identificaram com as propostas e alianças apresentadas.

Com apoio do líder do governo Bolsonaro, Fernando Bezerra Coelho, vale destacar ainda a adesão do MDB ao grupo que, de forma inédita na política, conseguiu a proeza da infidelidade partidária passar despercebida por muitos. O partido teve candidatos a vereador tanto na base de apoio do PSB quanto do PTB.

Somado a essa “salada indigesta” de alianças o eleitorado viu ainda o pior desempenho no debate entre candidatos à prefeitura e um projeto que, dentre outros pontos, tratou concurso público como “algo ultrapassado” e não apresentou soluções concretas para problemas sociais graves.

Portanto, se a esmagadora maioria, mais de 17 mil pessoas, não concordaram com esse modelo político para o município e 18.575 eleitores tinham 159 candidaturas a vereadoras e vereadores para escolher, o que cabe a cada uma e cada um que contribuiu para esse esfacelamento de representatividade, tanto no campo executivo, quanto no legislativo, é assumir “a parte que lhe cabe no latifúndio” e fazer a tal da “autocrítica”, tão cobrada “aos outros”.

 

MAS E O PT?

 

O Partido dos Trabalhadores em sua instância municipal, com debates, encontros e assembleias virtuais, que tinham participação de lideranças políticas renomadas do partido, compreendeu que as candidaturas de Dr João e Lulão representavam um projeto político popular ouvindo e compreendendo os anseios dos mais pobres com chances claras de vitória.

Para chegar a essa construção foram ouvidos filiados e dirigentes em reuniões ordinárias (mensalmente todos os dias 13, na pandemia de forma remota) e praticamente todas as frentes partidárias que se colocaram na disputa à exceção do candidato a prefeito Fabiano Oliveira, por divergências políticas claras e opção em fazer uma campanha política negando a política; e do PSOL, que, outrora, em 2016, bradava incoerência política de uma aliança com Fabiano Marques (PDT), dessa vez evitou todo e qualquer diálogo com o PT e abraçou a chapa Fabiano/Rogério desde o início, contrariando, inclusive, resoluções do próprio partido.

À decisão coletiva do diretório municipal couberam, e cabem, as críticas de que esteve na base de apoio partidos como o PSL (que elegeu Bolsonaro). No entanto a crítica nega, de forma falaciosa, a diferença entre apoiar e ser apoiado no resultado final que é a defesa e aplicação do projeto político posto. Resumindo de forma ilustrada: Se Bolsonaro declarar apoio a Lula, é Bolsonaro ou Lula quem tem que se justificar?

Logo, todas as instâncias, estadual e nacional do Partido, em nenhum momento avaliou como incoerência a estratégia de aliança definida pelo PT no município, tanto que recebeu declarações de apoio de nomes como o presidente Lula, Haddad, Marília Arraes, Humberto Costa, Teresa Leitão, Doriel Barros.

Outra “justificativa” contra a decisão buscou taxar candidatos e apoiadores como sendo ou não “petistas”. O “autoengano” para burlar a “autocrítica”.

 

NOSSOS VOTOS

 

Aos eleitos, desejamos um bom trabalho, até porque, repetindo, 17 mil pessoas não votaram no projeto político que se inicia em 2021. Essas mesmas pessoas estarão a fiscalizar e cobrar resultados a todos os novos que entraram prometendo uma nova era de transparência, desenvolvimento, igualdade e justiça social, com saúde e educação pública de qualidade já no primeiro semestre e geração de emprego e renda para milhares de petrolandenses que hoje sofrem com o desemprego e falta de perspectiva de melhoras.

Sendo o governo bom, estaremos todos bem.

Quanto à forma depreciativa a generalizar e condicionar resultados “ao povo”, nada mais é que a mentira nossa de cada dia a consolar os resultados de nossas próprias escolhas.

 

Daniel Filho é professor concursado da rede estadual de Educação, mestre em psicanálise para a educação, escritor, blogueiro, coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTEPE), presidente do Diretório Municipal do PT em Petrolândia.

 

 


3 comentários:

  1. Próxima vez! Invistão em pessoas para observarem as áreas mais carentes' de provisões e tbm conhecimentos' é a área que mais cresce ' e é o ponto mais frágil da política 'foi nela o foco dos políticos corruptos' já chegarem despejando seu dinheiro sujo! E como precisão pegam mesmo! Sem nem eles imaginarem que os 150;00 reais sairá bem caro para a população!

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  2. Próxima vez! Invistam em pessoas para observarem e protegerem com denúncias de corrupção ao eleitor' as áreas mais carentes de provisões e de conhecimento! é a área que mais cresce' e foi nela o foco dos políticos corruptos para derramarem seus rios de dinheiro sujo! não sabendo eles que os 150;00 reais sairá bem caro para a população!

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