Imagens: página do MST |
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra rende homenagens à Nelson Xavier, um dos mais importantes nomes do teatro
brasileiro do século XX. Protagonista da cena teatral desde os anos 1950,
Nelson Xavier integrou o elenco do Teatro de Arena, e foi autor, em conjunto
com Augusto Boal, Dalton Trevisan e Modesto Carone, da primeira peça do teatro
brasileiro em que a luta camponesa pela terra assume o protagonismo da cena,
“Mutirão em Novo Sol”.
Em busca do contato direto com o público das
classes populares, Xavier saiu do Arena e se envolveu com o setor teatral do
Movimento de Cultura Popular (MCP) de Pernambuco, o mesmo movimento em que
atuava Paulo Freire e em que foi construída a proposta da Pedagogia do
Oprimido.
Quando o golpe foi deflagrado em 1964 e o
prédio da UNE foi atacado, no Rio de Janeiro, Nelson trabalhava como diretor à
convite do CPC na estréia da peça “Os Azeredo mais os Benevides”, de Vianinha.
Nelson foi um dos pilares do projeto de articulação de classes que envolvia
artistas, estudantes, professores, operários e camponeses. É um símbolo de um
projeto popular do Brasil que poderíamos ter nos tornado, caso fossem adiante
as Reformas de Base, pelas quais lutavam.
Infelizmente, a memória do trabalho de Nelson
Xavier como ator de telenovelas da Globo ou de filmes nacionais é o foco
exclusivo dos epitáfios nos telejornais e jornais da mídia empresarial. Nada se
diz do homem que se empenhou na socialização dos meios de produção da linguagem
teatral para a classe trabalhadora, no dramaturgo que retratou a luta de
classes brasileira a partir do ponto de vista dos de baixo, contra aqueles que
sustentam a desigualdade.
Em agosto de 2012, mais de meio século após a
estréia de “Mutirão em Novo Sol”, Nelson Xavier esteve à convite do MST em
evento que reuniu cerca de cinco mil camponeses, quilombolas, índios, pescadores
e seringueiros em Brasília, para assistir à montagem da peça, encenada por
elenco misto da Brigada Nacional de Teatro do MST e do Coletivo Terra em Cena,
da Universidade de Brasília. Ao final, Nelson subiu ao palco, e ao lado dos
atores, disse estar imensamente feliz por ver que teve sentido a sua luta, a
sua vida, ao ver a capacidade de comunicação da peça e as questões que aborda,
para aquele público, cinquenta anos após. Como nos escreveu o próprio Nelson na
ocasião da reedição do livro “Mutirão em Novo Sol”, pela Editora Expressão
Popular: "MST, foram vocês que me fizeram entender que este texto ainda
está vivo.[...]", a obra, o trabalho e o legado de Nelson Xavier,
permanecem vivos naqueles que fazendo Arte lutam pela construção de um país
mais justo e igualitário.
Levaremos adiante o projeto de construção de
um projeto popular para o Brasil!
Nelson
Xavier! Presente! Presente! Presente!
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