A Chacina de Pau D´Arco completou na uma
semana (quarta-feira, 31) e entra para a história como um dos massacres mais
brutais ocorridos no campo brasileiro. Vinte e um anos após Eldorado dos
Carajás, a violenta ação da polícia paraense para cumprir mandados judiciais
deixou dez trabalhadores rurais mortos, nove homens e uma mulher. Pelo menos 14
pessoas foram feridas; ainda há pelo menos três desaparecidos e duas pessoas
hospitalizadas.
Em depoimento ao Ministério Público do
Estado, sobreviventes do massacre relataram como se deram as execuções
praticadas pela polícia. Em um dos depoimentos, a testemunha relata que
enquanto rastejava, escutou os policiais dizendo a uma das vítimas: ''olha o que a gente faz com bandido''.
Deu, sem seguida, mais um disparo. Os sobreviventes afirmaram ainda que não
houve qualquer reação dos trabalhadores rurais ao ataque da polícia. Chegaram
também a relatar agressões físicas e risadas dos policiais, e só escaparam
porque conseguiram fugir para uma mata próxima.
Os trabalhadores rurais estavam acampados
próximos à Fazenda Santa Lúcia, município de Pau D’Arco, sudeste do estado, por
eles ocupadas até recente reintegração de posse. A terra seria supostamente
propriedade de uma conhecida família de grileiros, que controla irregularmente
milhares de hectares na região.
Os cinco primeiros meses de 2017 já constam
como os mais violentos do século, com 37 mortos no campo, segundo dados da CPT
(Comissão Pastoral da Terra). A chacina em Pau D´Arco é a maior desde o
massacre em Eldorado dos Carajás, em 1996, quando 21 trabalhadores rurais foram
mortos. A chacina também é o segundo ato de execução em massa do ano de 2017 -
em abril, nove trabalhadores rurais foram assassinados em Colniza, no Mato
Grosso.
Mas a barbárie cometida pela polícia do Pará
ainda gerou manifestações de apoio. Parlamentares ligados à corporação
organizaram atos de apoio aos policiais que foram afastados, mesmo após o
levantamento de diversas provas de execução. Movimentos sociais e organizações
de direitos humanos manifestaram-se publicamente contra estes atos, que
consistem em verdadeiras intimidações ao prosseguimento das investigações, e
fragiliza ainda mais a situação de vulnerabilidade dos trabalhadores
sobreviventes ao massacre.
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