O Blog Gota d’água procurou o vice-presidente
do SINTEPE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco), Willian
Menezes, para questionar sobre temas que afligem o professor da rede estadual.
BuRRocratização
do trabalho docente
Uma das principais queixas acerca das
condições de trabalho dos professores está relacionada ao trabalho burocrático
exigido (informe da faltas, notas, planejamento e conteúdos trabalhados). Desde
o início do governo PSB, com Eduardo Campos e, agora, Paulo Câmara, que as dificuldades
pioram.
O SIEPE (Sistema de Informações da Educação
de Pernambuco) é uma ferramenta de educação em rede que visa, ampliar e
complementar o ambiente escolar. Em sua apresentação cita os benefícios para professores
e alunos dando completa autonomia à instituição de ensino sobre a publicação
dos conteúdos e gerenciamentos de permissões.
No entanto, as diversas (des)informações
atrapalham o trabalho pedagógico e o que deveria ser uma ferramenta
facilitadora acaba por estressar professores e gestores. Gestão e secretaria
escolar informa receber ordens das Gerências regionais, que, por sua vez, dizem
receber da Secretaria de Educação, ou seja, no jogo de empurra, ninguém toma a
parte que lhe cabe no latifúndio e termina sobrando para o professor. O SINTEPE
regional já recebeu diversos relatos e reclamações.
Questionamos o vice-presidente do SINTEPE. Acompanhe:
Daniel
Filho – O Sistema de Educação em Rede surgiu para facilitar e democratizar as
informações do estudante, no entanto, na prática, atrapalha o trabalho
pedagógico de professores que relatam coerções como inserir as mesmas
informações manuscritas e digitalmente em prazos pré-determinados. Temos relato
de escola que, em meados do fim do bimestre, ainda não sabem se farão o
registro em rede ou escrito, consequentemente, ainda não receberam diários e
fazem as anotações em papéis avulsos para, depois, passar a limpo. Isso obriga
o professor a dedicar mais tempo ao burocrático que o pedagógico. O que o
Sindicato recomenda às escolas e profissionais?
Willian Menezes. Vice-presidente do SINTEPE. Foto: Jornal IDEIA |
Willames Menezes – Se
a escola dá uma listagem e depois chega a caderneta não pode ser obrigatório
passar a limpo. Basta o professor anexar todas as anotações na própria
caderneta.
DF –
Algumas secretarias alegam que as Gerências (Gre’s) passam a informação que a Secretaria
de Educação do Estado quem define, através de diário oficial, as escolas que
poderão ou não inserir essas informação. Procede?
WM
–
Não. A questão de como inserir as informações, se manuscrito ou lançando no
sistema, fica a cargo da gestão da escola, desde que tenha suporte técnico para utilizar o SIEPE.
DF –
Recebemos relatos de escolas serem ameaçadas caso não cumpram, dentro de prazos,
os registros manuscritos e alimento do sistema. As ameaças seriam notificações
que contariam negativamente quando somados aos resultados alcançados para
recebimento do bônus educacional (o décimo quarto salário). Como as escolas
devem combater essa imposição?
WM – Os professores
devem se reunir com a regional sindical, formar uma comissão e conversar com a
GRE para combater a obrigatoriedade. Caso não resolva o impasse pode vir até
Recife para resolução. O professor não deve fazer o mesmo trabalho duas ou mais
vezes. Já foi discutido e acordado com a secretaria esse tema. (leiam ao lado nota
oficial do SINTEPE de 2014 publicado nos principais jornais do estado)
PISO
SALARIAL
DF- Esse
governo eleito prometeu dobrar o salário dos professores até o fim de seu
mandato, mas até agora não anunciou o reajuste salarial com base no piso nacional.
Ouvimos falar que sairá em Abril...
WM – Até
agora o governo não posiciona nem positivo e nem negativo sobre o piso, aí dá
margem para várias interpretações.
DF –
O Sindicato cobrará em cima do reajuste lançado pelo governo federal (13,01%)?
WM –
Vamos cobrar os 13,01% e a política de aplicação para contemplar os 100%
prometidos em campanha para os próximos quatro anos.
O vice-presidente anunciou ainda que está
aguardando o fim das negociações com o governo para iniciar a construção de uma
agenda de visitas a todas as regionais do estado.
Sobre qualquer questionamento acerca da fala de
Willian com relação ao informe dos dados do aluno à comunidade, basta acessar o
próprio site e ler na apresentação do sistema:
APRESENTAÇÃO
“
(...) uma das premissas do Portal Educação em Rede é
garantir à instituição de ensino total controle, autonomia e acessibilidade
sobre a publicação de conteúdos e gerenciamento de permissões. Para isso, o
sistema conta com uma hierarquia de perfis e acessos diferenciados que podem
ser facilmente gerenciados pela equipe de administração do projeto, dentro da
instituição.”
BENEFÍCIOS
PARA OS EDUCADORES
“Administração mais eficaz da sua ação educativa, ao
disponibilizar dados, informações e indicadores sobre seus alunos e suas turmas.”
BENEFÍCIOS PARA A ESCOLA
“Ganho de imagem institucional, resultante da nova proposição de
interação muito mais rica, sistêmica e integrada.
Possibilidade de tornar a escola permanentemente acessível aos
seus usuários, atendendo às suas exigências de acesso pleno, conveniência e comodidade.
Um eficiente canal de comunicação da comunidade escolar.
Implementação de melhorias no programa de relacionamento com os
usuários internos e externos, hoje um dos fatores críticos de sucesso,
especialmente na área de serviços.
Monitoramento preciso e em tempo real dos processos educacionais e
administrativos da escola.”
Que os possíveis entraves e
dificuldades encontrados sejam debatidos, explanados e discutidos junto à
escola, comunidade e educadores para a resolução vir de forma democrática e
prática a todos os envolvidos.
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