quinta-feira, 12 de março de 2015

A BUR(R)OCRATIZAÇÃO ATRAPALHA O TRABALHO DOCENTE


O Blog Gota d’água procurou o vice-presidente do SINTEPE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco), Willian Menezes, para questionar sobre temas que afligem o professor da rede estadual.

BuRRocratização do trabalho docente

Uma das principais queixas acerca das condições de trabalho dos professores está relacionada ao trabalho burocrático exigido (informe da faltas, notas, planejamento e conteúdos trabalhados). Desde o início do governo PSB, com Eduardo Campos e, agora, Paulo Câmara, que as dificuldades pioram.
O SIEPE (Sistema de Informações da Educação de Pernambuco) é uma ferramenta de educação em rede que visa, ampliar e complementar o ambiente escolar. Em sua apresentação cita os benefícios para professores e alunos dando completa autonomia à instituição de ensino sobre a publicação dos conteúdos e gerenciamentos de permissões.
No entanto, as diversas (des)informações atrapalham o trabalho pedagógico e o que deveria ser uma ferramenta facilitadora acaba por estressar professores e gestores. Gestão e secretaria escolar informa receber ordens das Gerências regionais, que, por sua vez, dizem receber da Secretaria de Educação, ou seja, no jogo de empurra, ninguém toma a parte que lhe cabe no latifúndio e termina sobrando para o professor. O SINTEPE regional já recebeu diversos relatos e reclamações. 
Questionamos o vice-presidente do SINTEPE. Acompanhe:


Daniel Filho – O Sistema de Educação em Rede surgiu para facilitar e democratizar as informações do estudante, no entanto, na prática, atrapalha o trabalho pedagógico de professores que relatam coerções como inserir as mesmas informações manuscritas e digitalmente em prazos pré-determinados. Temos relato de escola que, em meados do fim do bimestre, ainda não sabem se farão o registro em rede ou escrito, consequentemente, ainda não receberam diários e fazem as anotações em papéis avulsos para, depois, passar a limpo. Isso obriga o professor a dedicar mais tempo ao burocrático que o pedagógico. O que o Sindicato recomenda às escolas e profissionais?
Willian Menezes. Vice-presidente do SINTEPE.
Foto: Jornal IDEIA
Willames Menezes – Se a escola dá uma listagem e depois chega a caderneta não pode ser obrigatório passar a limpo. Basta o professor anexar todas as anotações na própria caderneta.

DF – Algumas secretarias alegam que as Gerências (Gre’s) passam a informação que a Secretaria de Educação do Estado quem define, através de diário oficial, as escolas que poderão ou não inserir essas informação. Procede?
WM Não. A questão de como inserir as informações, se manuscrito ou lançando no sistema, fica a cargo da gestão da escola, desde que tenha suporte técnico  para utilizar o SIEPE.

DF – Recebemos relatos de escolas serem ameaçadas caso não cumpram, dentro de prazos, os registros manuscritos e alimento do sistema. As ameaças seriam notificações que contariam negativamente quando somados aos resultados alcançados para recebimento do bônus educacional (o décimo quarto salário). Como as escolas devem combater essa imposição?
WM – Os professores devem se reunir com a regional sindical, formar uma comissão e conversar com a GRE para combater a obrigatoriedade. Caso não resolva o impasse pode vir até Recife para resolução. O professor não deve fazer o mesmo trabalho duas ou mais vezes. Já foi discutido e acordado com a secretaria esse tema. (leiam ao lado nota oficial do SINTEPE de 2014 publicado nos principais jornais do estado)

PISO SALARIAL

DF- Esse governo eleito prometeu dobrar o salário dos professores até o fim de seu mandato, mas até agora não anunciou o reajuste salarial com base no piso nacional. Ouvimos falar que sairá em Abril...
WM – Até agora o governo não posiciona nem positivo e nem negativo sobre o piso, aí dá margem para várias interpretações.

DF – O Sindicato cobrará em cima do reajuste lançado pelo governo federal (13,01%)?
WM – Vamos cobrar os 13,01% e a política de aplicação para contemplar os 100% prometidos em campanha para os próximos quatro anos.

O vice-presidente anunciou ainda que está aguardando o fim das negociações com o governo para iniciar a construção de uma agenda de visitas a todas as regionais do estado.
Sobre qualquer questionamento acerca da fala de Willian com relação ao informe dos dados do aluno à comunidade, basta acessar o próprio site e ler na apresentação do sistema:

APRESENTAÇÃO
“ (...) uma das premissas do Portal Educação em Rede é garantir à instituição de ensino total controle, autonomia e acessibilidade sobre a publicação de conteúdos e gerenciamento de permissões. Para isso, o sistema conta com uma hierarquia de perfis e acessos diferenciados que podem ser facilmente gerenciados pela equipe de administração do projeto, dentro da instituição.”

BENEFÍCIOS PARA OS EDUCADORES

“Administração mais eficaz da sua ação educativa, ao disponibilizar dados, informações e indicadores sobre seus alunos e suas turmas.”

BENEFÍCIOS PARA A ESCOLA

“Ganho de imagem institucional, resultante da nova proposição de interação muito mais rica, sistêmica e integrada.

Possibilidade de tornar a escola permanentemente acessível aos seus usuários, atendendo às suas exigências de acesso pleno, conveniência e comodidade.

 Um eficiente canal de comunicação da comunidade escolar.

Implementação de melhorias no programa de relacionamento com os usuários internos e externos, hoje um dos fatores críticos de sucesso, especialmente na área de serviços.

Monitoramento preciso e em tempo real dos processos educacionais e administrativos da escola.”

Que os possíveis entraves e dificuldades encontrados sejam debatidos, explanados e discutidos junto à escola, comunidade e educadores para a resolução vir de forma democrática e prática a todos os envolvidos.







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