Foto: George Novaes |
Entrevistamos Guilherme Alves, coordenador de
articulação institucional da secretaria executiva de políticas para criança e
juventudes do governo do estado.
A conversa aconteceu ainda na Conferência das
Juventudes, acontecida na Casa de Shows Velho Chico, e somente agora pudemos
reproduzir e tratou de diversos temas como educação, cultura, esporte, lazer,
políticas públicas para as juventudes e crise econômica (sempre na pauta).
Boa leitura:
Foto: Tony Souza |
GEORGE
NOVAES - Gostaríamos que o senhor falasse, de forma geral, como estão os
trabalhos do estado junto à juventude e educação.
GUILHERME
ALVES - O cenário econômico atual, tanto para municípios, estado
e governo federal, não proporciona investir o que a gente imaginava pra
juventude em todos os seus recortes, mas isso nos reporta a uma necessidade de repensar
a gestão pública a partir de ações integradas de secretarias. Nosso desafio
hoje é buscar essa gestão dentro da transversalidade.
Pernambuco é o único estado do país que vai
fazer conferências territoriais garantindo a participação dos jovens quilombolas,
ribeirinhos, juventude de terreiro, cigana... São recortes que, habitualmente,
estão fora do debate da gestão pública, então, nessa perspectiva, eles estão sendo
incluídos e se incluindo, que é o mais importante.
A gente fica muito feliz em de ver em
Petrolândia a juventude declarando o interesse de participar, de fato e de
direito, do debate da gestão pública. E a gestão, mais do que isso, está
assumindo o compromisso de incorporar na gestão essa temática. Volto pra Recife
com a perspectiva não só de que Petrolândia terá uma boa representação na etapa
estadual, mas de que, essa etapa, deixará um legado ao município para garantir
a efetivação dos direitos da juventude.
Foto: Tony Souza |
DANIEL
FILHO - Guilherme o quanto a crise econômica atrapalha as políticas públicas
para a juventude?
GA - Eu
acho que ela atrapalha e atrasa bastante. Nós tínhamos uma perspectiva de
ampliação de programas como a Casa das Juventudes e, com esse redimensionamento
da parte financeira do estado, nós não teremos condições de ampliar as casas
esse ano. Mas entendemos que há uma luz no fim do túnel para 2016.
As conferências vão caminhar para que
tenhamos o sistema nacional da juventude. Acreditamos que ainda no primeiro
semestre o governo federal vai sinalizar para a criação de um fundo nacional de
juventude. Consequentemente o estado acompanha a mesma linha e cria o fundo
estadual e os municípios também.
DF –
O governo estadual pensa em uma forma de fiscalizar e cobrar realmente de cada
gestor a aplicação desse projeto?
GA – Nós
estamos, desde o início do ano, realizando diversos seminários regionais
apontando esse caminho aos gestores. Acho que essa responsabilidade vai além
dos gestores municipais. Ela precisa também ser incorporada pelos movimentos
sociais de juventude, do litoral ao sertão.
Mas temos recebido uma receptividade muito
boa desses gestores. Em Petrolândia nosso prefeito já sinalizou positivamente.
Estamos com uma agenda marcada após a conferência estadual para voltar ao
município para uma orientação de criação do comitê intersetorial de políticas
públicas de juventudes, que será um espaço de ajuste das políticas públicas da
esfera local, fortalecimento do conselho municipal de juventude e elaboração do
plano municipal para a juventude.
Foto: Tony Souza |
DF –
Mesmo com crise econômica há formas de se garantir recursos através de editais,
mas esses, muitas vezes, são complexos. Há uma estratégia para a compreensão
desses editais para, junto a eles, captar recursos para esses fins?
GA –
Dentro das ações integradas com as demais secretarias temos conversado muito
para que a gente possa garantir momentos de formação para que os jovens
entendam dos editais em aberto. É uma ação integrada com a secretaria de
turismo, esporte e lazer.
GN –
Sobre esportes vemos um grande potencial em nossos jovens, mas é uma área
bastante carente de investimentos. O senhor percebeu essa demanda em outras
cidades?
GA –
Sim. O esporte, lazer e cultura são instrumentos de inclusão social e isso não
é o governo quem diz, é a juventude. Sabemos a dificuldade que temos em
garantir, por exemplo, equipamentos públicos de qualidade para que o jovem do
campo e urbano tenha a garantia da multiplicidade de atividades esportivas que
saiam um pouco do futebol.
As meninas também vêm se queixando nas
conferências de que o espaço público esportivo é voltado somente aos meninos, é
um desafio também garantir essa equiparação. Outra dificuldade que percebemos
nas conferências, inclusive aqui, é a falta de corpo técnico qualificado para
as aulas de educação física. São correções que, acredito, o governo do estado
fará a partir das escutas nas conferências.
GN –
O senhor tem esperança que as demandas colocadas por essa juventude serão
atendidas em grande parte?
GA –
Olha, no primeiro ano do governo Eduardo Campos, em 2007, antes de qualquer
ação, fizemos uma escuta com mais de cinco mil jovens, do litoral ao sertão, em
todas as microrregiões do estado. A partir da participação desses jovens
pudemos sistematizar suas falas e construir o primeiro plano estadual de
juventudes, com vigência de 2008 a 2018, da história do estado. Então ali
garantimos que o olhar do jovem seria garantido enquanto direito por dias
melhores.
DF –
No início da escuta dos jovens pudemos perceber que estava “travados”, mas
quando se abriram a participar a atenção se voltou toda para a educação. Com
tantas falas negativas não há uma incoerência entre os números positivos apresentados
pelo governo na mídia e a escuta do sentimento de tristeza e decepção da
maioria? (grifo nosso: para ver ou rever as
principais queixas, segue o link da matéria ao final da entrevista)
GA –
Permita
discordar um pouco. Não vejo uma distorção tão grotesca entre os dados apresentados
pelo estado com programas como o Ganhe o Mundo, ampliação de escolas em regime
integral, por sinal o estado com o maior número de escolas em período integral
no país... Agora sabemos que essas políticas, por serem novas, precisam de um
tempo para que sejam aperfeiçoadas. Estamos desenvolvendo inúmeros programas
para melhorar a qualidade do ensino para o jovem da escola pública, mas é um
processo.
Por exemplo, dentro da escola integral serão
proporcionados vários momentos para que a gente possa estar discutindo e
construindo o espaço escolar permanentemente. Todas as críticas que ouvimos
aqui serão encaminhadas para nosso secretário de educação e todos os ajustes se
darão internamente. Acredito que ainda no primeiro semestre de 2016 tenhamos
novidades e o governo vai mostrar a que veio.
Foto: Daniel Filho.Momento de escuta com a juventude petrolandense |
GN –
A gente finaliza agradecendo sua participação e dando o espaço para suas
considerações...
GA –
Destaco que a gestão municipal vem se empenhando nas políticas para as
juventudes. Por onde passo sempre destaco o papel da Casa das Juventudes de
Petrolândia como uma das poucas que efetivamente funciona. Nós temos noventa e
nove casas implantadas em todo o estado, algumas fecharam as portas, outras
passam por sérias dificuldades funcionam precariamente, mas temos algumas como
a de Petrolândia.
Sempre que estamos na região costumamos fazer
visitas surpresas e sempre vemos aquela correria... grupo de Hip Hop em uma
sala, grupo de Maracatu em outra, artesanato no quintal, então percebemos que
aqui o jovem se sente parte do processo.
Reafirmo o compromisso que a gestão teve de
cumprir com a conferência. Nós tivemos apenas sessenta e cinco (65)
conferências municipais agendadas num universo de cento e oitenta e quatro
(184) municípios do estado, e a maioria dos gestores apontou a dificuldade
financeira para a não realização das conferências. Poucos gestores percebem que
esse momento é muito mais do que um espaço para eleger delegados pra mandar a
Recife. Daqui estaremos extraindo a multiplicidade de olhares dos jovens
envolvidos para uma revisão desse plano estadual e colaboração para a nacional.
A
matéria sobre a conferência, com as reclamações citadas na entrevista, segue no
link abaixo:
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