Pelo 10º ano consecutivo, a SecMulher-PE e parceiros se unem para,
através do Prêmio Naíde Teodósio, estimular a produção científica na área de
gênero como forma de prevenção e conscientização da sociedade de que qualquer
forma de discriminação, preconceito ou não aceitação das diferenças contribuem
para gerar violência.
Com mais de 1600 inscrições em
variadas modalidades, Petrolândia, mais uma vez, se destacou com premiações
para a professora Jussara Araújo
(EREM Maria Cavalcanti Nunes), pelo
trabalho “Aruancê, de Elza Soares a
Beyoncê” e a estudante do 3° ano do Ensino Médio da EREM de Jatobá, Joseane Sá, com a redação intitulada “O Espaço da Mulher na Igreja Católica”, sob orientação da
professora Suemys Pansani e
professor Daniel Filho.
O Blog
Gota D’Água reproduz o texto premiado na íntegra a seguir:
O
espaço da mulher na religião católica
A desigualdade de gênero é fato que permeia a
sociedade há muito tempo, consequentemente a inserção de mulheres em espaços de
poder é ainda uma luta árdua. Um desses espaços é a religião, especificamente,
católica.
O catolicismo passou por modificações
estruturais no passar nos anos buscando adaptar-se aos novos tempos, no entanto
a o predomínio do patriarcado permanece.
Questionamentos como: “Por que a
mulher não pode ser papa?” são pouco ou mal respondidas com considerações do
passado de ordem doutrinária, mas ainda podemos ir mais longe e questionar essa
presença feminina nos próprios textos bíblicos.
“Jesus subiu um monte, chamou os que ele
quis, e eles foram para perto dele. Então escolheu doze homens para ficar com
ele e serem enviados para anunciar a mensagem de salvação”.(Mc 3:13-14)
Por que entre doze pessoas escolhidas aptas a
anunciar tão bela mensagem, nenhuma mulher foi considerada apta?
Há ainda as considerações acerca dos extremos
em que duas outras personagens femininas são postas em destaque no novo
testamento. Maria, que, provavelmente por ser virgem, fora escolhida para o
nascimento do messias, e outra Maria, Madalena, essa, prostituta, salva pelo
homem das mãos de outros homens prestes a apedrejá-la. Nas duas posições os
extremos da condição feminina sob a visão masculina. Sendo doutrinas que tomam
por base textos sagrados, a presença da mulher nesse meio se torna uma barreira
inquebrável.
Entretanto há figuras históricas, de mesmo
nome (igualmente permeadas de mistérios), que podem ser tomadas como grandes
modelos de representatividade e revolução feminina no catolicismo: Joana Darc,
santa padroeira da França, chefe militar na Guerra dos cem anos; e a papisa
Joana. Únicas mulheres, até então, a chegarem a tal patamar, porém, disfarçadas
como homens para atingir tais feitos. Ainda que por vezes ambas,
historicamente, tenham suas histórias tratadas como farsa, a mitologia simboliza
e deve inspirar a busca pela igualdade de gênero.
A presença feminina na igreja católica
deveria ir além das passagens bíblicas, imagens e rezas onde, geralmente, são
coadjuvantes para que as figuras masculinas sejam idolatradas. É preciso a inclusão
da mulher nos espaços de liderança e representatividade da igreja para, assim,
mostrar que a capacidade para representar sua divindade e guiar seu povo não
dependa do gênero, mas de sua vocação, disposição e dom para tal fim.
Por isso tudo se faz necessário a mudança,
mesmo que em passos lentos, de doutrinas que precisam adaptar-se a novos tempos
e necessidades antigas. É preciso que a igreja reconheça, se renove e
compreenda os valores e benefícios das mulheres como líderes espirituais.
Embora soe radical ao clero, traz oportunidades para as que queiram dedicar sua
vida ao sacerdócio. Àquelas que tanto desejam celebrar uma santa missa, por
exemplo, é imprescindível a visibilidade e inserção das mulheres em ocupações
que sempre pertenceram aos homens: papa, bispo, padre, cardeal, e que suas
presenças sejam aceitas de braços abertos. Afinal, “Se todxs são iguais perante Deus”, por que não fazer valer a
máxima na prática?
Imagem: Acervo pessoal.Joseane Sá |
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