quinta-feira, 5 de abril de 2018

VOCÊ ODEIA TODA A CORRUPÇÃO OU UMAS CORRUPÇÕES SÃO MAIS IGUAIS QUE OUTRAS? Artigo de opinião por Daniel Filho



A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica.
Noam Chomsky

“Por mim prende todos, não tenho bandido de estimação...” esse e alguns pares de sentença de mesmo teor, que estão na ponta dos dedos de alguns, visam negar a si e ao outro a possibilidade de que seu sentimento possa ser parcial. Carrega todos os discursos da moral, afinal: “Como alguém pode ser contra acabar com a corrupção do país?”, no entanto, seu senso de justiça é seletivo.
Mas a questão que proponho discutir é: Por que uma manchete de corrupção desperta mais ódio do que outra, ainda que os níveis de gravidade sejam discrepantes?
Exemplificando:

Por que é mais fácil odiar uma denúncia sobre pedaladas fiscais do que ouvir em áudio um corrupto assumir fazer um pacto nacional para estancar a sangria (sobre a operação lava-jato, tão idolatrada por tantos)?;

Por que a notícia sobre um tríplex sem escritura, cuja origem possa ser oriunda de propina, enerva mais que saber sobre a apreensão de 450 quilos de pasta base de cocaína em helicóptero e fazenda de políticos (que você, certamente, não lembra o nome e nem o partido) que continuam soltos exercendo seus mandatos e decidindo o destino do país?

A resposta está relacionada a quem manipula essas sensações.

SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO MANIPULADO!

Crer no livre arbítrio e na própria capacidade de formar e expor opinião, provavelmente, impede (ou confunde) a admitir que somos, todos, influenciados pelo nosso meio e, principalmente, por nossos meios de comunicação.
Uns conseguem odiar mais um tipo de crime que outro, mesmo quando de naturezas tão discrepantes, pela forma (entonação, intenção, frequência) com que absorve (exausto após um dia de intenso trabalho, por exemplo) a narrativa.
E, obviamente, gostando ou não, sabemos quais e quem são os meios mais presentes em nosso cotidiano (Família Marinho/organizações Globo, Mesquita/Grupo Estadão, Frias/grupo Folha). Ah, você vai dizer que não assiste mais TV? Prefere se informar pela internet? Pois bem, o monopólio do clã Marinho se faz presente ali com seu portal G1 e site do jornal O Globo. Logo, não há pluralidade de ideias e ideais e o que você crê ser sua visão de mundo, nada mais é que a visão de um forte grupo empresarial com ideais e intenções claras.
Se fosse uma emissora estatal em vez de privada (cuja concessão de transmissão é pública, vale lembrar), certamente seria hoje taxada como “instrumento de doutrinação marxista” com centenas a clamarem por sua privatização imediata. Os mesmos não percebem que são obras doutrinadas desse meio todos os dias há anos.
Soma-se à manipulação a proliferação do mais recente fenômeno: as “Fake News”.
Compartilhados e impulsionados pelas redes sociais (naquele horário em que você mais quer relaxar), elas são responsáveis por fazer você acreditar em institutos de pesquisa e endereços eletrônicos com nomes estranhos sem se dar ao cuidado de averiguar a origem do enunciado, a espalhar notícias claramente absurdas (ora propositalmente positivas, ora negativas), o que amplia a doentia polarização “coxinhas” versus “mortadelas” em sua “disputa de narrativas”.
Em julho de 2017 o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso a informação da USP monitorou quinhentas páginas com conteúdo político falso ou distorcido com doze milhões de “compartilhamentos” naquele mês.

“Até a revista Veja (...) na edição de 17 de Janeiro, publicou um ranking elaborado após a análise de 534 postagens com notícias falsas (...) o nome de Lula era citado em 116 delas, seguido por Michel Temer, presente em 77, e o juiz Sérgio Moro, citado em 59. No caso de Lula, ainda segundo a revista, três em cada quatro menções eram depreciativas (...) Jair Bolsonaro lidera o ranking no quesito menções positivas...” Camilo Vannuchi

Eis “o mecanismo” que incita e direciona a seletividade de seu ódio e idolatria por esse ou aquele candidato.

O BLOG GOTA D’ÁGUA FALANDO DE PARCIALIDADE DA MÍDIA?

Constantemente nosso grupo, totalmente independente e que se mantém por recursos próprios, sem patrocínios e sem esconder a identidade de seus autores, é acusado de “ser parcial” e “mostrar apenas um lado”.
Diferente da grande mídia aqui citada e nomeada, que omite seu direcionamento ideológico travestindo-se de “imparcial”; ou das Fake News, cuja origem de autoria é difícil de ser identificada e, consequentemente, punida, nosso blog nunca negou seu viés ideológico progressista, tampouco desvirtuou o que é notícia, nota, fato, opinião ou denúncia de leitores.
Com todas as dificuldades, buscamos averiguar sempre as muitas denúncias que nos chegam acerca dos políticos e serviços públicos locais e, sempre, abrimos espaço para retratações e ou direito de resposta.
Onde se trata de FATO não há parcialidade, será transcrito como o fato acontece, quando OPINIÃO, seja de qualquer um de seus autores, terá sempre a liberdade para ser compreendido, interpretado, debatido, questionado por qualquer um que o leia, cabendo, inclusive, aos que não concordarem com nossa visão de mundo, deixar de nos seguir ou substituir o ódio pela pesquisa, interpretação de texto e contra argumentação.
Destaco ainda que nenhum dos autores desse blog é profissional da área de comunicação (e um Blog não tem que ser), diferente de todos os veículos aqui citados que invadem nossos lares e retinas todos os dias cujas concessões públicas não trazem retorno algum à população brasileira.
A melhor vacina contra essa invasão diária é ler cada vez mais e melhor!

Fontes utilizadas:

Diários Nacionais – Fernando Antônio Azevedo;
Fake News – Camilo Vannuchi;

Falso Consenso – Miguel do Rosário in Enciclopédia do Golpe, volume 2 - O Papel da Mídia

Manual Prático de Leitura Crítica da Mídia – Centro de Cultura Luiz Freire

A Ditadura da Mídia – Altamiro Borges

Documentário: Muito Além do Cidadão Kane:

Nenhum comentário:

Postar um comentário