Caminha a passos largos no Senado o Projeto
de Lei que extingue o uso obrigatório do símbolo que identifica a presença de
produtos transgênicos em rótulos de produtos alimentícios. Tal identificação é
mais reconhecida por seu selo em formato de triângulo amarelo, com a letra ‘T’
no meio, e começou a ser utilizada em 2003. No momento, o Projeto já foi
aprovado na Câmara e passa por discussão em comissões no Senado, até ser levado
a plenário. Se aprovado, será encaminhado para sanção presidencial.
Impressiona como o Brasil parece rumar no
sentido contrário do que apontam várias evidências da comunidade científica
mundial. Na verdade, muitos países já não permitem sequer o plantio de plantas
geneticamente modificadas. Enquanto isso, parte dos congressistas e do governo
brasileiro não somente defende os transgênicos, como agora quer retirar da
população o acesso à informação acerca de determinado produto conter ou não
substâncias geneticamente modificadas.
Percebam que ainda não falei sobre os
potenciais malefícios desses produtos. Estou falando apenas do mais básico: o
direito à informação. Sobre os possíveis riscos à nossa saúde, nem se fala. Até
mesmo setores que se beneficiam economicamente com o uso de transgênicos e
agrotóxicos têm muita dificuldade de defender o uso destes. Em geral, os
argumentos são de que informações como estas tiram competitividade no mercado
mundial. Mas nem uma palavra sobre a garantia da saúde de quem consome.
Por esses dias, também estará em votação uma
série de mudanças que alteram o controle que temos hoje sobre o perigoso uso de
venenos em nossas plantações. Tais mudanças já receberam o nome de ‘Pacote do
Veneno’ e pretendem intensificar o atual estágio de contaminação já presente em
nossos alimentos.
Muito mais do que uma discussão ideológica,
estamos falando de uma série de mudanças que põem em sério risco a saúde da
nossa população. Para o governo e congressistas ligados ao agronegócio, parece
estar presente apenas a preocupação com o lucro das grandes empresas. Cabe a
nós o posicionamento contrário a essas mudanças e a exigência de uma
alimentação saudável e que não imponha riscos desnecessários. O lucro das
grandes empresas não deve ser colocado à frente da saúde da população
brasileira. Nossa saúde deve estar em primeiro lugar.
Aristóteles
Cardona Júnior
Médico
de Família no Sertão pernambucano, Professor da Univasf e militante da Frente
Brasil Popular de Pernambuco.
Fonte: Brasil de Fato
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