Imagem: O Sul |
“Por que será comandante
Que os povos seguem te amando
E os ventos seguem ventando
No mastro da tua bandeira
Será talvez comandante
Que o mundo está escutando
Tua voz arisca en la sierra
Com timbre de cordilheira”
Jorge Guedes
Quando iniciamos a greve de fome, sabíamos
que um dia iria chegar ao limite e esgotamento, Limite físico do corpo e
esgotamento da tática. Do ponto de vista do nosso limite físico teríamos
condições para sustentar mais alguns dias com riscos de sequelas irreversíveis.
Mas a decisão de parar foi política. Somos parte de nossas organizações que
estavam conduzindo a greve, para estender com base da conjuntura o limite, que
poderíamos ir e decidir o momento de parar e por que parar? Esta talvez seja a
maior questão pois não atingimos o objetivo central da greve. “Liberdade de
Lula e as condições para ele ser candidato”. No entanto, esta era uma meta
muito ampla, quando falamos de um judiciário politizado e à serviço do Golpe.
Mas, neste período alcançamos importantes resultados na luta política.
A
Marcha Nacional em Brasília, foi recebida nas cidades sob aplausos da
população, durante seis dias de caminhada o Brasil estava focado na sua
evolução. O ato do dia 15 para o registro da candidatura de Lula, mais de 50
mil pessoas nas ruas, como uma questão inédita no Brasil e no mundo, o
candidato preso e o povo em marcha registra sua candidatura. A decisão da ONU,
do conselho de Direitos humanos, de conceder uma limitar exigindo que o Brasil
garanta a legibilidade eleitoral e que Lula tem direito, mesmo preso de
participar dos debates, exigindo que o Estado brasileiro cumpra a determinação
de imediato de acordo com o protocolo aprovado pelo senado da República e
assinado pelo governo Brasileiro.
No
campo eleitoral estamos vendo a queda da candidatura de Bolsonaro, a
inviabilização da candidatura de Alckmim, enquanto a candidatura de Lula
dispara em todas as pesquisas e em todas as regiões do Brasil. Ainda no final
desta sexta feira, o presidente do Senado Federal, faz uma declaração pública,
mesmo que muito tímida, declarando que a declaração da ONU tem que ser cumprida
pelo estado brasileiro em respeito ao protocolo assinado.
A
correlação de forças, está se alterando consideravelmente, a nosso favor neste
período. A Greve de Fome não foi o único instrumento responsável por estas
mudanças, mas contribuiu consideravelmente. Conseguimos durante 26 dias
tencionar o poder judiciário, fomos recebidos por sete ministros do STF ou
gabinete, escancaramos o STF como nunca.
Nós vamos encerrar a greve, e vamos nos
deslocar para outros campos da batalha. “A batalha perdida é aquela que não se
Luta”. Vamos para as ruas disputar passo a passo. Primeiro a campanha eleitoral
para eleger Lula presidente como tática para derrotar o Golpe, vamos convocar a
militância para, com a faca nos dentes, disputar voto a voto, o coração e as
mentes do nosso povo para lutar contra o golpe e nos posicionar para as lutas
futuras, que certamente vão vir. A vitória eleitoral é apenas uma batalha
contra o golpe, muitas batalhas vão vir ate a vitória final. Vamos organizar o
Congresso do Povo nas suas três fases: congresso do povo brasileiro nos
municípios, mobilizar o povo, organizar e comitês, em núcleos, fazer, agitação,
animação e propagando do projeto popular. Organizar os congressos estaduais
massivos e em março de 2019 o Congresso Nacional do Povo Brasileiro, como um
espaço de participação popular, de construção do projeto popular para o Brasil
e de definições táticas e estratégicas para o próximo período.
Vamos aproveitar a indicação de Adolfo
Esquivel, de Lula para o Prêmio Nobel da Paz, para realizar uma grande campanha
para apoiar a indicação e promover a bandeira de luta: Lula inocente, Lula
Presidente, Lula Nobel da Paz.
Jaime Amorim |
Resta-nos, agradecer todo o carinho, a
solidariedade, o apoio que recebemos de todas as organizações e pessoas de
todas as partes do território brasileiro e do mundo. Coletivamente também
elaboramos uma carta de agradecimento solidário, bem como nosso compromisso de
continuar o processo de luta contra o judiciário e o golpe, nas ruas.
Pessoalmente quero agradecer a todas e todos
que receberam os textos que fui elaborando dia a dia, pela sintonia que
mantemos por 26 dias e pedir desculpa por ter enchido o saco de todas e todos
durante tantos dias.
Vamos para luta combater o bom combate, em
todas as frentes de batalhas, não vamos dar um minuto de sossegos aos nosso
opressores e algozes.
Obrigado a todas e todos: até a vitória e
sempre.
Jaime
Amorim
Em Greve de Fome (encerrando) por
justiça no STF
Brasília, 25 de agosto de 2018.
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