Imagem: reprodução |
“O
machismo até hoje ainda existe. Eu via nas reuniões de mulheres… eu via as
mulheres chorar com um menino pequeno e dizer, — fazer como diz a história,
vocês me desculpem que eu vou falar mesmo —, e dizer que pra ela ir pra aquele
encontro, pra aquela reunião foi obrigado ela servir ao marido tantas vezes na
noite, que era pra ela não ter vontade para os outros. Pense, uma mulher servir
a um homem no desejo dele três, quatro vezes numa noite pra poder sair? É muito
difícil”, Maria
Faraildes Alves Dantas, 83 anos, moradora de Brejo Grande, no município do
estado de Sergipe, faz esse e outros
relatos no filme “Sem Medo de Ser Mulher”,
produzido com diversos relatos de mulheres camponesas.
Ao lado de Maria, o documentário mostra ainda
a história de Josefa dos Santos, 88 anos, também moradora de Brejo Grande. “Antigamente o homem dizia assim: a
mulher só tem direito do corredor para a cozinha, agora, da sala para a varanda
era o homem. O machismo do homem era esse. Se nascia uma criança e fosse mulher
era descriminada, por que? Aí perguntavam: que foi que nasceu? — Uma mulher,
foi uma menina. Aí dizia: — Perdeu o ano. Se fosse homem, aí dizia: — Que foi
que nasceu? — Foi homem. Aí dizia: — Há, agora você ganhou o ano! Tinha mais
três fogos pra soltar” relata Josefa, relembrando as experiências vividas.
O filme Sem medo de ser mulher é uma
iniciativa da Cáritas Brasileira e
conta com a direção do cineasta Luis
Teles. Com duração de 25 minutos,
o vídeo revisita a trajetória da luta de mulheres de várias gerações e áreas de
atuação contra o machismo. Elas são donas de casa, religiosas consagradas,
empreendedoras, militantes, e mães que percorreram caminhos de libertação,
empoderamento, resistência, denúncia e anúncio traçados no chão da Bahia e de
Sergipe.
Os testemunhos das mulheres em suas lutas
representam situações sofridas e superadas com a ajuda de organizações,
entidades e movimentos populares, acentuando as vozes femininas e o trabalho
pelo fim da violência contra a mulher. O documentário está disponível no YouTube e pode ser assistido clicando no
link a seguir:
*Produzido pela Cáritas Brasileira
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