Imagem: Diocese Paulo Afonso |
Cardeais
e bispos são espionados através de generais do exército
Em outubro, cardeais e bispos da Igreja
Católica se reunirão no Vaticano para discutir a situação da floresta
amazônica. O evento, chamado de Sínodo,
é um encontro do clero que irá debater a realidade de índios, ribeirinhos e
povos da floresta, além de políticas de desenvolvimento da região, mudanças
climáticas e conflitos agrário. A existência dessa conferência motivou
preocupação do governo, que vê as pautas como “agenda da esquerda”.
Reportagem do Estado de S. Paulo, divulgada
neste domingo (10), mostra que o
governo encara com preocupação a atuação da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) e dos órgãos associados, como o
Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
e as pastorais Carcerária e da Terra.
A reportagem traz declarações de Augusto Heleno, chefe do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), que
afirma que o governo está preocupado. “Queremos neutralizar isso aí”,
declarou o responsável pela contraofensiva.
Para tentar conter as possíveis denúncias da
Igreja, o governo solicitou participar do Sínodo, o que é pouco ortodoxo.
Lideranças católicas dizem que governos não costumam participar dessas
conferências, que terão a participação do Papa
Francisco, visto como “comunista” pelo governo Bolsonaro.
Além disso, escritório da Abin em Manaus (AM), Belém e Marabá (PA), além de Boa Vista (RR), responsável pelo monitoramento de
estrangeiros em Raposa Terra do Sol e
terras ianomâmi, serão direcionados para monitorar, em paróquias e dioceses, as
reuniões preparatórias para o Sínodo. O governo também irá se aliar a
governadores, prefeitos e autoridades eclesiásticas próximas aos quartéis, para
tentar diminuir o alcance da conferência.
Um militar da equipe de Bolsonaro afirmou à
reportagem do Estado, em condição de anonimato, que o Sínodo vai contra toda a
política de Bolsonaro para região e deverá “recrudescer o discurso ideológico da
esquerda".
“O trabalho do governo de neutralizar
impactos do encontro vai apenas fortalecer a soberania brasileira e impedir que
interesses estranhos acabem prevalecendo na Amazônia. A questão vai ser objeto
de estudo cuidadoso pelo GSI. Vamos entrar a fundo nisso”,
declarou Heleno.
O evento, batizado de “Amazônia: novos caminhos para a
Igreja e para uma ecologia integral”, terá como diretrizes: “Ver” o
clamor dos povos amazônicos; “Discernir” o Evangelho na floresta. O grito dos
índios é semelhante ao grito do povo de Deus no Egito; e “Agir” para a defesa
de uma Igreja com “rosto amazônico”, e deverá ser atendido por 250 bispos.
“Se os bispos fazem crítica é querendo
ajudar, não derrubar. Eles sabem onde o sapato aperta. Vão falar da situação
dos povos e do bioma ameaçado. Mas não para atacar frontalmente o governo”,
disse D. Erwin Kräutler, Bispo
Emérito do Xingu (PA).
Fonte:
Brasil de Fato
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