quinta-feira, 4 de abril de 2019

EM UM TRIMESTE 15% DOS MÉDICOS BRASILEIROS JÁ ABANDONARAM O PROGRAMA “MAIS MÉDICOS”

Imagem: Ministério da Saúde


Três meses após a entrada no Programa Mais Médicos, cerca de 15% dos médicos brasileiros que se apresentaram para substituir os profissionais cubanos, deixaram seus postos de trabalho.
Os dados divulgados em reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (4) são parte do cenário que já tinha sido previsto por médicos da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP). “Tem uma semelhança de outros momentos, mas o fato de ter tido um percentual maior de desistências está relacionado ao fato que as vagas que foram ofertadas nesse momento foram nas áreas onde estavam os cubanos, cidades mais pobres, que nitidamente os brasileiros não querem ir”, explicou o ex-coordenador do Programa Mais Médicos durante o governo Dilma, o médico Felipe Proenço.
Em entrevista em fevereiro deste ano ao Saúde Popular, Proenço chegou a prever que a taxa de abandono dos novos contratados poderia chegar a 10%.
De acordo com os dados divulgados pela Folha, ao menos 1.052 médicos – dos 7.120 brasileiros que assumiram as vagas deixadas pelo fim do convênio com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) – já desistiram dos postos nesses três meses do ano.
Há dois meses, o Ministério da Saúde informou que o Mais Médicos seria encerrado, mesmo sem ter divulgado o balanço total das adesões do último edital.
Segundo o ministério, o tempo médio de permanência dos dois primeiros grupos de profissionais variou de uma semana a três meses. Os principais motivos relatados aos municípios para a saída foram a busca por outros locais de trabalho e por cursos de especialização e de residência médica.
Na opinião de Proenço, o número de desistências ainda pode aumentar. “As residências chamam até o dia 1º de abril. Ao longo do mês de março também podem ter ocorrido novas desistências”.
O médico pontua ainda um grande número de postos ociosos, mesmo antes da saída dos profissionais cubanos, estimado em 2000 postos, “o que estaria gerando uma desassistência muito importante nas pequenas cidades, nas mais vulneráveis”, afirma.
Um terceiro elemento, destaca Proenço, é que o Ministério da Saúde não tem renovado a participação de médicos, seja brasileiro ou formado no exterior, nas grandes cidades e regiões metropolitanas, causando desamparo nas periferias das grandes cidades.
“Não temos clareza de nenhuma proposta para conseguir prover e reter profissionais nessas localidades e certamente milhões de pessoas estão deixando de ser atendidas. Tudo isso está causando um impacto muito danoso na saúde da população brasileira, principalmente na população mais pobre e mais vulnerável”.
Os registros de saídas sobrecarregam e preocupam os municípios, e o governo ainda não indicou a reposição das vagas.

Fonte: Brasil de Fato

Nenhum comentário:

Postar um comentário