Imagem: reprodução |
O camponês Aluciano Ferreira dos Santos, 41, foi assassinado por pistoleiros
na cidade de Brejo da Madre de Deus,
enquanto se dirigia à rádio comunitária onde participaria de um programa de
rádio. Em 2009, Aluciano esteve no conflito de terra na fazenda Jabuticaba,
quando foi preso junto com mais três militantes, acusado pelo assassinato de
quatro pistoleiros que invadiram o acampamento na intenção de cometer uma
chacina. Devido a esse conflito, Aluciano esteve preso injustamente durante
oito anos.
Os dados publicados no caderno Conflitos no
Campo de 2018, registrados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgados em maio de 2019,
mostraram um aumento de quase 36% de
pessoas envolvidas em conflitos, o que representa, aproximadamente, um milhão de pessoas atingidas por
conflitos no campo brasileiro no ano passado.
No que se refere especificamente a conflitos
referentes à questão da terra, foi observado um crescimento de 11% em relação ao ano anterior. O
documento elaborado pela CPT denuncia, também, que em 33 anos, 1.938 trabalhadores foram assassinados em conflitos no campo. Das
1.466 ocorrências registradas,
somente 117 responsáveis pelos
assassinatos foram julgados, tendo
sido condenados apenas 101 executores e
33 mandantes.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) lançaram nota reproduzida a
seguir:
“Nota
Sobre assassinato do companheiro Aluciano.
Nesta quarta- feira à noite,
pistoleiros armam tocaia e matam Aluciano Ferreira dos Santos de 41 anos. Quando
estava chegando para um programa de rádio, na rádio comunitária, na cidade de
Brejo da Madre de Deus Agreste de Pernambuco.
Aluciano estava tentando refazer a sua
vida em uma cidade distante de São Joaquim do Monte, onde em 2009 em um
conflito de terra na fazenda Jabuticaba, foi preso junto com mais três
companheiros acusado pelo assassinato de 4 pistoleiros, que invadiram o
acampamento para cometer uma chacina.
Aluciano passou 8 anos preso
injustamente, pois sempre defendeu que ele nunca atirou em ninguém e que mesmo
os acampados que atiraram, foram para se defenderem do grupo de pistoleiro,
contratados pela família Guedes, dono da fazenda Jabuticaba e para realizar
despejo por conta própria. Os pistoleiros mortos pertenciam a uma quadrilha
coordenada por João do Moto Táxi, que levava o terror, a serviço dos
fazendeiros e empresários, na cidade e no campo da região. Em março de 2018 a
justiça convoca júri popular para julgamento dos acusado do conflito da fazenda
jabuticaba. Aluciano e os outros companheiros foram considerados inocentes e
imediatamente libertados, para recomeçar a vida.
Preocupados, a direção do MST e a
família de Aluciano, com a segurança dele e sua família, pois a família de João
Moto taxi que morreu também no conflito vivia ameaçando vingança. Aluciano
passou a viver na cidade de Brejo da Madre de Deus aguardando uma vaga para ser
assentado da Reforma agrária ao mesmo tempo em que passou a ser pastor da
igreja Assembleia de Deus, que se converteu durante os 8 anos de prisão.
Sobre o assassinato não sobra dúvida
nenhuma que Aluciano foi assassinado a mando da Família Guedes e dos jagunços
vinculada a família de João Moto Taxi, aproveitando o momento fértil em que o
próprio governo declara, que a cada militante do MST morto, os policiais
deveriam receber uma medalha de honra ao mérito, ao mesmo tempo que propõe
mudanças no estatuto do desarmamento, propondo mudanças que facilitam
fazendeiros e empresários ao porte e compras de armas, e criminalizam cada vez
mais os que lutam pela Reforma Agrária e a sociedade organizadas.
Neste momento de tristeza vamos cuidar
das coisas práticas: liberar o corpo do IML, fazer um sepultamento digno de um
guerreiro, que entregou a sua vida em nome da causa da Reforma Agrária. E
fortalecer nossos compromissos da defesa da vida e da liberdade. O Latifúndio
impede que os camponeses possam ser livres e viver dignamente (Plenamente).
Cobrar do governo que investigue e puna rigorosamente os assassinos de Aluciano
e ao mesmo tempo em que proteja a vida das outras famílias que ainda mantêm acampamento
na fazenda Jabuticaba que podem ser alvo fácil desta quadrilha de jagunços.
Assim, consternados diante do assassinato, viemos cobrar das autoridades das
secretarias: Secretaria Desenvolvimento Agrário, Secretaria da Justiça e
Direitos Humanos de Pernambuco a resolução e investigação do crime mencionado.
De forma rápida e eficiente.
“O
risco que corre o pau corre o machado.” Quem tem medo de formiga, não
acanha
formigueiro.....”
06
de junho de 2019
Direção
Estadual do MST
Fontes: Brasil de Fato/MST
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