Um dos principais mecanismos de financiamento
da educação pública brasileira está em risco: o Fundeb - Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação - tem vigência assegurada até 31
de dezembro de 2020. Se não for renovado, quase metade das escolas públicas
do país poderão fechar as portas!
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE) vem convocando audiências
e mobilizações em defesa do fundo permanente e lançou o dia nacional de
mobilização pelo novo FUNDEB, dia 27 de
Novembro (alterando a data da avaliação SAEPE para o dia 28).
Existem inúmeros motivos para defender o Fundeb
permanente e com mais recursos, a CNTE enumera cinco pontos principais:
1.
Muitas escolas ficarão sem recursos e poderão até fechar
Principal mecanismo de financiamento da
Educação Básica, o Fundeb é atualmente responsável por 50% de tudo o que se
investe por aluno a cada ano em pelo menos 4.810 municípios brasileiros (86% do
total de 5.570 municípios). Se o Fundeb não for renovado, quase metade das
escolas do país poderão fechar as portas, deixando alunos sem aulas. O Fundeb
precisa ser permanente para que os estudantes não corram o risco de perder esse
direito - e com mais recursos, para incluir os que ainda estão fora das redes.
2.
Corrige desigualdades socioeconômicas regionais
O Fundeb é um conjunto de 27 fundos que
distribui os recursos da educação em todos os entes da Federação, diminuindo as
desigualdades regionais no campo da educação. Para se ter uma ideia, apesar dos
municípios obterem cerca de 18% da arrecadação tributária, e os estados 25%,
esses entes são responsáveis, respectivamente, pelo atendimento de 43% e de 35%
do total de matrículas escolares. O Fundeb torna essa distribuição de recursos
mais justa, dando mais recursos para quem atende mais estudantes. Em 2019,
receberam a complementação da União os seguintes estados: Alagoas, Amazonas,
Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Com o aumento do
aporte da União, dos atuais 10% para até 40% em 10 anos, a maioria dos estados
será beneficiada com esses novos recursos.
3.
Promove a qualidade da educação pública
O CAQ (Custo-Aluno Qualidade) é um mecanismo
para determinar o quanto o Brasil precisa investir por aluno ao ano para
garantir um padrão de qualidade do ensino. Foi incluído em quatro das doze
estratégias da Meta 20 do novo PNE (Plano Nacional de Educação, Lei
13.005/2014). Para realizar este cálculo, o CAQ considera condições como
tamanho das turmas, formação, salários e carreira compatíveis com a
responsabilidade dos profissionais da educação, laboratórios, bibliotecas,
quadras poliesportivas, entre outros equipamentos, para cumprir a lei. O CAQ
precisa ser regulamentado e o novo Fundeb permanente e com mais recursos da
União poderá garantir esses recursos para a qualidade da educação.
4.
Valoriza os trabalhadores em educação
A CNTE propõe a subvinculação de no mínimo 80%
dos recursos do Fundeb para remunerar todos os profissionais da educação. O
aumento do aporte da União é uma forma de garantir melhores condições de
trabalho, salário e carreira para as trabalhadoras e trabalhadores das escolas
públicas. Essa valorização requer a imediata regulamentação do piso salarial
profissional e de diretrizes nacionais para os planos de carreira da categoria,
direitos previstos no art. 206 V e VIII da Constituição Federal.
5.
Fundeb atende a demanda por direito à educação!
O Fundeb já provou ser um instrumento
extraordinário para aumentar o número de matrículas nas escolas. Mas os
recursos ainda são insuficientes. O aumento do aporte da União no Fundeb, dos
atuais 10% para 40% em 10 anos, além da inclusão de novas receitas ao Fundo
(sobretudo as riquezas provindas da exploração de petróleo, gás e minérios), é
importante para que o país de fato possa incluir, com qualidade, os mais de 2
milhões de crianças e adolescentes que ainda estão fora da escola. Também é
necessário para a inclusão dos quase 80 milhões de jovens e adultos acima de 18
anos de idade que não concluíram a educação básica e os mais de 13 milhões de
adultos analfabetos no país.
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