sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

O QUE ACONTECE SE BOLSONARO CUMPRIR A PROMESSA DE ZERAR IMPOSTO DOS COMBUSTÍVEIS? Artigo de opinião por Daniel Filho

Imagem: G1


O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mais uma vez, usou a estratégia de transferir sua responsabilidade aos outros. Como sabe que não pode zerar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), pois a atitude impactaria segurança, salários e universidades, jogou para os governadores:
"Eu zero o federal hoje se eles zerarem o ICMS. Está feito o desafio aqui agora, tá ok?", declarou em coletiva.
A estratégia busca “aliviar” seu lado, visto que, impossibilitado de cumprir promessa de campanha (acabar com impostos, Estado Mínimo) precisa de uma boa desculpa para convencer os fiéis seguidores a continuarem defender seu governo. Nada melhor, então do que manter o que sempre fez: resultados positivos são por seu único mérito, os negativos sempre serão culpa de outros.
Na “democracia” de Bolsonaro, toda oposição é maligna e conspiratória a impedir que seu governo e aliados possa solucionar os problemas do país.
Mas o que é o ICMS? Qual impacto econômico para estados e municípios caso os governadores aceitassem “o desafio” do presidente?
O imposto submetido à “aposta” é responsável pela maior parte da arrecadação dos Estados. Tomando como exemplo o estado de São Paulo, que tem a maior capital do país, o tributo representa 84% (R$ 144 bilhões) de tudo o que o Estado recolhe por vias próprias.
“Populista e pouco responsável”, declarou o governador João Dória (PSDB), que apoiou Bolsonaro nas campanhas, sobre a fala do presidente.
Abrir mão desse tributo impactaria fortemente não apenas os cofres estaduais, mas também os municipais que, segundo a Constituição, recebem 25% do que é recolhido com ICMS. Segundo economistas o corte impactaria serviços públicos para a população, como segurança, educação e o salário dos servidores.
O próprio governo federal perderia. Somente o ano passado os tributos PIS/Cofins e Cide arrecadaram R$ 27,4 bilhões aos cofres públicos, segundo a Receita Federal.
Esses repasses são importantíssimos para as cidades menores que têm dificuldade em arrecadar tributos municipais em virtude da pouca atividade econômica.
O presidente não explicou se haveria uma compensação pela perda do tributo ou sequer convocou os governadores para um diálogo o que mostra um presidente que, em vez de governar visando todos os setores, busca o conforto na polarização política e a acirra ainda mais quando provoca e joga a população contra os agentes políticos e as instituições democráticas.
“Entendimento se faz reunindo, agrupando, não se faz por WhatsApp. Eu não conheço governo por WhatsApp”, provocou o governador de São Paulo, João Dória.
O problema reside quando milhões de brasileiras e brasileiros incautos reconhecem um governo que opta por governar pelas redes sociais.


MATÉRIAS RELACIONADAS




Nenhum comentário:

Postar um comentário