quinta-feira, 11 de junho de 2020

ELEIÇÕES MUNICIPAIS AFETADAS PELO COVID: COMO FICAM? Artigo de opinião por Daniel Filho



As eleições municipais de 2020 já sofrem com a instabilidade da democracia, dos poderes e crise política. Não bastando, soma-se ao desafio a pandemia do COVID-19 e crise econômica.
Propor uma extensão dos mandatos de vereadores e prefeitos colocaria ainda mais em xeque a já desestabilizada democracia, mas como manter calendário e campanha sem desrespeitar orientações da OMS?
Tudo indica que, se aprovado e sancionado, o primeiro turno deverá acontecer no dia 6 de dezembro e, em cidades que têm segundo turno, na segunda quinzena. Tal decisão deve acontecer ainda esse mês.
Pouco tempo para repensar agenda e materializar a ação de apresentação de projetos e propostas.

DESAFIOS

Tanto a pré-campanha como a campanha em si já lidam com a proibição da aglomeração. Por mais que o isolamento seja flexibilizado durante o ano, é praticamente impossível que sejam liberados comícios. O tradicional “corpo a corpo” deu lugar ao necessário isolamento social que impede reuniões com mais de dez pessoas e, ainda que pré-candidatos ousem driblar as autoridades, os atos, obviamente, não poderão ser divulgados. Toda movimentação nesse sentido será facilmente percebida e denunciada.
Portanto o primeiro desafio, tanto a candidatos como eleitores, é readaptar a forma de se fazer/debater a política.
As redes sociais soam como o principal, mais barato e democrático instrumento de propaganda e apresentação de propostas, mas têm como obstáculos uma polarização violenta, Fake News, robôs, considerando que o acesso ainda não é garantido plenamente a toda população, o que afeta grupos políticos específicos pendendo de forma irregular a balança da imparcialidade.
Candidatas e candidatos que outrora traçavam e planejavam uma agenda de campanha com visitas às comunidades e cabos eleitorais, precisarão readequar tal planejamento para o campo virtual em modalidades até então novas como as “lives”.
Para além da campanha, eis o desafio aos vencedores.
Os novos gestores ou reeleitos no mandato terão menos de vinte dias, caso a agenda eleitoral seja alterada, para organizar a equipe que tomará posse e conduzirá o município pelos próximos quatro anos. Claramente a dificuldade será maior em cidades que a oposição vencer, visto que necessitariam de mais tempo para uma transição tranquila que não afetasse os serviços públicos e a máquina.
Apresentar de que forma fará essa transição tão dinâmica, com o mínimo de danos ao funcionamento do município, deverá também fazer parte das propostas de campanha das oposições.
As eleições presidenciais de 2018 tiveram nas redes sociais um instrumento crucial para o resultado das urnas, mas 2020 poderá ser o marco em que os resultados, tanto para o executivo quanto legislativo, foram definidos exclusivamente pela internet.

Nenhum comentário:

Postar um comentário