As eleições municipais de 2020 já sofrem com
a instabilidade da democracia, dos poderes e crise política. Não bastando,
soma-se ao desafio a pandemia do COVID-19 e crise econômica.
Propor uma extensão dos mandatos de
vereadores e prefeitos colocaria ainda mais em xeque a já desestabilizada
democracia, mas como manter calendário e campanha sem desrespeitar orientações
da OMS?
Tudo indica que, se aprovado e sancionado, o
primeiro turno deverá acontecer no dia 6 de dezembro e, em cidades que têm
segundo turno, na segunda quinzena. Tal decisão deve acontecer ainda esse mês.
Pouco tempo para repensar agenda e
materializar a ação de apresentação de projetos e propostas.
DESAFIOS
Tanto a pré-campanha como a campanha em si já
lidam com a proibição da aglomeração. Por mais que o isolamento seja
flexibilizado durante o ano, é praticamente impossível que sejam liberados
comícios. O tradicional “corpo a corpo” deu lugar ao necessário isolamento
social que impede reuniões com mais de dez pessoas e, ainda que pré-candidatos
ousem driblar as autoridades, os atos, obviamente, não poderão ser divulgados. Toda
movimentação nesse sentido será facilmente percebida e denunciada.
Portanto o primeiro desafio, tanto a
candidatos como eleitores, é readaptar a forma de se fazer/debater a política.
As redes sociais soam como o principal, mais
barato e democrático instrumento de propaganda e apresentação de propostas, mas
têm como obstáculos uma polarização violenta, Fake News, robôs, considerando
que o acesso ainda não é garantido plenamente a toda população, o que afeta
grupos políticos específicos pendendo de forma irregular a balança da
imparcialidade.
Candidatas e candidatos que outrora traçavam
e planejavam uma agenda de campanha com visitas às comunidades e cabos
eleitorais, precisarão readequar tal planejamento para o campo virtual em
modalidades até então novas como as “lives”.
Para além da campanha, eis o desafio aos
vencedores.
Os novos gestores ou reeleitos no mandato
terão menos de vinte dias, caso a agenda eleitoral seja alterada, para
organizar a equipe que tomará posse e conduzirá o município pelos próximos
quatro anos. Claramente a dificuldade será maior em cidades que a oposição
vencer, visto que necessitariam de mais tempo para uma transição tranquila que
não afetasse os serviços públicos e a máquina.
Apresentar de que forma fará essa transição
tão dinâmica, com o mínimo de danos ao funcionamento do município, deverá
também fazer parte das propostas de campanha das oposições.
As eleições presidenciais de 2018 tiveram nas
redes sociais um instrumento crucial para o resultado das urnas, mas 2020
poderá ser o marco em que os resultados, tanto para o executivo quanto
legislativo, foram definidos exclusivamente pela internet.
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