O número de abstenções, votos brancos e nulos
seguiram dando o tom e definindo rumos nesse segundo turno.
Em capitais como Recife, São Paulo e Rio
Grande do Sul o número total de votos nulos, brancos e abstenções chegou a ser
maior que a votação dos segundos colocados.
Nos resultados finais o bolsonarismo
fracassou: 11 dos 13 apoiados pelo presidente Bolsonaro perderam, mas fracassa
também nossa democracia.
A esquerda sinalizou unidade em cidades
importantes, mas os políticos da direita tradicional foram os maiores
vencedores.
Dez
disputas foram vencidas pelo MDB, oito pelo PSDB e sete pelo Podemos.
Desde a fratura democrática de 2016, com o
golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, à prisão política do principal
líder nas pesquisas para a eleição de 2018, Lula, uma sequência de desesperança
ao eleitorado foi sendo construída e solidificada.
Formadores de opinião, a maioria dos meios de
comunicação contribuiu consideravelmente por desmerecer e fazer parecer que na
política “todos são iguais”. Com uma multa por não votar que varia entre R$1,05 e R$3,51, uma grande parcela da população opta por deixarem que outros
façam a escolha do seu futuro político e, naturalmente, são beneficiados os
políticos “de carreira”, donos de máquinas e redutos eleitorais. A surfar na abstenção
garantem a manutenção de suas oligarquias.
Ainda é cedo para compreender o tamanho de
tais impactos para a democracia brasileira, mas social e economicamente é claro
que o país não apenas não avançou, mas trouxe retrocessos que aprofundaram
ainda mais nossas crises sociais e que a negação da política é um projeto de
poder que segue seu curso com apoio do mercado, parte da grande mídia e ala
conservadora do país.
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