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No dia em que o município de Petrolândia, sertão de Pernambuco,
confirma o décimo primeiro óbito por
coronavírus e 24 casos ativos, chega
à redação do Blog Gota D’Água a
denúncia de que a Escola Municipal 1 de
Julho, localizada na Quadra 1,
mantém funcionários com atividades presenciais de entrega de
exercícios escolares para os estudantes mesmo a unidade de ensino tendo casos positivos e outros em
suspeita para Covid-19.
Tia de estudantes da escola, preocupada com
as determinações da gestão escolar, e pede anonimato, nos enviou áudios e
textos que comprovam a atitude de coagir funcionários a trabalharem
presencialmente nessas condições.
“Estou
procurando o Blog, pois acho absurdo e irresponsável essa atitude e não temos
mais uma ouvidoria para denunciar... A escola primeiro de julho fará entrega de
atividades hoje (11) pela manhã. Quatro funcionários que trabalharam até o
início da semana, testaram positivo e tiveram contato com os demais... Outros
que estão em aguardo do resultado e os que ainda estão sem sintomas foram
convocados, pela equipe gestora, para participar da entrega. Na verdade, estão
sendo ameaçados até de perder o contrato caso se recusem.”
Esse procedimento fere tanto os protocolos da
rede estadual de educação, seguidos pela rede municipal, que prevê: “confirmação ou contato com pessoas
diagnosticadas com COVID-19. Estes protocolos vão desde o cumprimento do
isolamento social de 14 dias ao acesso do aplicativo “Atende em Casa” (www.atendeemcasa.pe.gov.br), onde
é possível receber orientações sobre como proceder com os cuidados e a
necessidade de procurar o serviço de saúde.” Para
ter acesso à íntegra do documento, acesse:
https://www.pecontracoronavirus.pe.gov.br/wp-content/uploads/2020/10/protocolo_educacao_v02.pdf
E fere o código penal que trata como crime
sair do isolamento social aqueles que apresentam sintomas ou que já estejam
testado positivo para a doença:
Art. 268 do cód penal - Infringir
determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de
doença contagiosa. Pena: detenção de um mês a um ano e multa.
O negacionismo da doença, as provas de
desrespeito às recomendações dos órgãos de saúde, coerção e assédio moral a
funcionários que querem se preservar do contato, estão claros nos diversos
áudios e mensagens a que tivemos acesso:
“Sei
que a situação é complicada, tá o grupo aqui quase todo positivando e muitas
outras suspeitas, mas a gente tem que ser realista. A gente divulgou os
convites para os pais, a escola foi desinfetada e se a gente colocar um grupo e
quatro a cinco pessoas, que não estão com suspeita, dá certo... só que precisa de
coragem pra fazer isso e a gente não pode abandonar o barco quando ele está
afundando... É preciso ter coragem e agora não adianta querer saber como foi
que pegou, onde pegou, onde errou. Agora é dar conta de entregar essas
atividades porque já foi avisado aos pais (...) E digo mais, ficam achando que
foi por causa das entregas das tarefinhas que trouxe alguém contaminado pra
escola? Pode ser, mas pode ter sido também alguém que andou na política e trouxe o
vírus pra escola, pode ter sido alguém que foi pra piscina, pode ter sido
alguém que foi pro bar no domingo e segunda levou o vírus pra escola, pode ter
sido qualquer coisa desse tipo, gente... A gente tá arriscado a qualquer coisa
e ninguém está livre de nada. Aí depois não vai pra escola (trabalhar), mas vai
pra supermercado, pro açougue, pra padaria, vai pra esquina da casa. Gente,
vamos ser realistas, o vírus está aí e a gente tem que aprender a conviver com
ele. Eu estou aqui suspeita a dar positivo também, mas o meu resultado foi
extraviado e vou ter que fazer de novo e seja lá o que Deus quiser. Positivo ou
negativo eu vou aceitar e não vou colocar a culpa em ninguém. A culpa foi minha
que tirei minha máscara, que não lavei minha mão(...) agora ninguém venha dizer
que foi a tarefinha não que podem ter sido vários fatores.”
Diz nos áudios enviados ao grupo de funcionários
da escola.
A escola manteve a determinação de entregar
as atividades aos pais dos estudantes e foram entregues na manhã de hoje (11).
Procuramos as secretárias de saúde e de
educação. A secretaria de saúde afirmou que há, sim, o contato da vigilância
sanitária para denúncias: (87) 996467669.
A secretaria de educação através de Alexandrina respondeu nossa reportagem:
“Dia
30 de novembro a diretora entrou em contato me informando a situação da escola,
no outro dia teríamos a entrega das atividades. Eu orientei que fechassem a escola
e colocassem um aviso que entregariam em outro momento e assim aconteceu.
Passados oito dias em que a escola estava fechada a equipe da Secretaria de
Serviços urbanos foi lá e fez a desinfecção. Dia 10 servidores foram fazer a
limpeza e dia 11 que é hoje foi feito um cronograma para entrega das
atividades. Tenho todos os podcast de orientações. Pedi que fosse feito
cronograma com o mínimo de pessoas e organizassem de maneira que houvesse
distanciamento suficiente evitando contatos e riscos e inclusive usando
máscara, álcool e protetor facial que foi disponibilizado pela secretaria.
Entrei
em contato agora com a gestora pra saber como foi a postura de cada servidor
que foi chamado para fazer essa ação e uma da parte administrativa justificou
que tinha tido contato com alguém e não poderia ir. A outra foi uma professora
que disse que não iria pra se precaver e
proteger os seus, porém, tem agendamento todos os dias manhã e tarde com aulas
de reforço em casa. É contraditório! Além disso todos os cuidados e ações foram
e estão sendo tomados de acordo com o
protocolo.
Sem
mais, agradeço o contato e me disponibilizo para outros momentos em que julgar
necessário.”
Aos familiares dos estudantes que foram à
escola na manhã de hoje (11), fica o
alerta. Devem ficar atentos a qualquer sinal de sintoma e manter o isolamento
social. Às secretarias e órgãos de fiscalização responsáveis do município tomar
as devidas providências.
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