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Enfermeira, auxiliares e técnicas de enfermagem se desdobram em jornadas triplas para derrotar o vírus
Cuidar
de pacientes infectados por uma doença respiratória para a qual não
havia protocolos criados, ministrar medicamentos em meio a um mar de
incertezas, enfrentar colapsos do sistema de saúde, uma sobrecarga
de trabalho com risco iminente de contaminação e notificar
familiares sobre óbitos com uma frequência inédita.
Essa
é a rotina vivida há mais de um ano pela tão citada linha de
frente do combate ao coronavírus. Mas, ainda que a frase tenha sido
muito falada e ouvida, não deixa claro um marcador social
importante: a maioria dos profissionais que estão em contato direto
com os pacientes da covid-19 são do gênero feminino.
A
maior categoria da área da saúde, a enfermagem, é composta por 85%
de mulheres. Os dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)
mostram que são elas, as enfermeiras, técnicas e auxiliares de
enfermagem, principalmente, que protagonizam o enfrentamento ao vírus
cara a cara.
Os
profissionais de saúde estão no grupo prioritário para a
imunização contra a covid-19, justamente por serem trabalhadores
essencias e atuarem em ambientes de alto risco.
De
acordo com o boletim epidemiológico nº44, publicado pelo Ministério
da Saúde no fim de 2020, da primeira à última semana
epidemiológica da pandemia no ano passado, 442.285 casos de síndrome
gripal por covid-19 foram confirmados entre os profissionais de
saúde.
Cerca
de 148 mil dessas infecções se deram entre e técnicos e auxiliares
de enfermagem, 33,5% do total.
Mais
de 67 mil enfermeiros foram contaminados (15,2%) e 48 mil
diagnósticos positivos entre médicos foram registrados (11%).
Cerca
de 22 mil agentes comunitários de saúde também testaram positivo
(5,1%) e mais de 17 mil recepcionistas de unidades de saúde foram
infectados.
As
técnicas e auxiliares de enfermagem também são maioria entre os
pacientes que desenvolveram a Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG).
A
categoria se destaca, novamente, como a mais vitimada pelo vírus
entre os 452 óbitos registrados entre os profissionais de saúde até
a última semana do ano passado, correspondendo a 33,3% das mortes.
Mais
da metade (53,8%) dos profissionais de saúde que faleceram em
decorrência da doença respiratória, considerando todas as
categorias, eram do gênero feminino.
Diante
da subnotificação dos casos de infecção do vírus em toda a
população, o Cofen passou a receber e sistematizar as notificações
de óbitos e contaminações, disponibilizando os dados no
Observatório da Enfermagem.
As
informações do Conselho apontam para 49.075 casos reportados apenas
entre profissionais da categoria e um total de 648 óbitos.
Vale
destacar que a notificação ao Cofen não é obrigatória, ou seja,
é possível que o número seja ainda maior.
Dessas
648 vítimas fatais, 434 eram mulheres, 66,9% do total. Entre as
infecções, elas correspondem a 85% dos casos.
São
Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro são as unidades da
federação onde os profissionais da enfermagem mais adoeceram,
conforme monitoramento do Cofen.
Alguns
elementos justificam o fato das auxiliares e técnicas de enfermagem
serem as mais infectadas pela covid.
Elas
são maioria em número e também ocupam os postos mais precarizados,
com remuneração mais baixa.
Somado
a esses fatores, há ainda a defasagem na disponibilização dos
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), algo que se deu de
forma ampla no início da pandemia, expondo tais trabalhadoras ainda
mais.
Abaixo
link para o site Observatório
da Enfermagem:
Fonte:
Brasil de Fato
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