segunda-feira, 28 de junho de 2021

ARTICULAÇÃO DE POVOS INDÍGENAS FAZ CONVOCAÇÃO PARA RESIDENTES EM PETROLÂNDIA PARA CADASTRAMENTO DOS QUE AINDA NÃO RECEBERAM VACINA DO COVID

 

Imagem: reprodução


A articulação dos Povos Indígenas do Contexto Rural Urbano e Migrante do Estado de Pernambuco vem convocar todos os Indígenas que residem no Município de Petrolândia no Centro e na Zona Rural para começar, a partir de terça Feira (29) à sexta-feira (2), o cadastramento daqueles que ainda não receberam a vacina contra a Covid 19.

Aqueles que já receberam também estão convidados para poder fazer o levantamento de quantos indígenas existem dentro do Município de Petrolândia no Contexto Rural e Urbano.
Local: Rua Teodorico Maia N° 10
Salão Paroquial por trás da Igreja Matriz de São Francisco de Assis.


Em nota a articulação declara:


Somos Atikun, Fulni-ô, Kambiwá, Kapinawá, Pankará, Pankararu, Pipipă, Tuxá, Truká, Xucuru e, como tantos outros nativos desta terra, somos invisíveis. Invisíveis aos órgãos públicos, aos Municípios, Estados e a União. Muitas vezes, invisíveis até mesmo aos nossos parentes aldeados e que resistem em territórios demarcados ou em fase de demarcação. Nós, Povos indígenas em Contexto Rural Urbano e Migrantes, apesar de sermos mais da metade dos povos originários do país, ainda somos invisíveis.
Compreendemos nossos direitos, nossa representatividade e nossa importância - registrados na Constituição, na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e na Convenção n 169 da OIT - Organização Mundial do Trabalho sobre Povos Indígenas e Tribais. Reconhecemos as conquistas e lutas dos povos originários na esfera pública e social, compartilhamos dos anseios e necessidades de cada parente em todos os territórios do Brasil e, ainda sim, continuamos invisíveis.
Sabemos que o que nos faz indígena é nossa essência, a vivência da tradicionalidade, da cultura, dos nossos rituais e religiosidade. Percebemos que ser indígena não está em nossos corpos, em nossas cores ou onde construirmos nossa morada. Ser indígena é, antes de mais nada, nossa ancestralidade. Assim, buscamos, deixar de ser invisíveis e ocupar espaços, para que nossa representatividade se torne, também, visibilidade.
Articulação dos Povos Indígenas em Contexto Rural Urbano e Migrantes de Pernambuco nasce com essa missão. Estreitar relacionamentos com todas as esferas da sociedade, com outros povos originários e com representações não indígenas. Buscar e construir diálogos entre nós viventes das periferias das cidades e das ocupações rurais - com nossos parentes aldeados, permitindo celebrar nossa ancestralidade e construir uma rede que viabilize nosso futuro possível.
A APICRUMPE reconhece nessa articulação a única via para que nos tonemos visíveis e ocupemos as lacunas históricas da nossa ausência enquanto cidadão deste pais. Fomos donos da terra e, hoje, queremos ser - plenamente - parte dessa sociedade. Assim, confiamos na nossa juventude, nas possibilidades da tecnologia, no acesso à informação e, acima de tudo, na parceria e colaboração entre os povos do Brasil para coexistir e celebrar nossa visão do mundo.

Somos Povos Indígenas em Contexto Rural Urbano e Migrante e estamos prontos para lutar por reconheci mento e desenvolvimento social, tecnológico e econômico, sustentando nossa tradicionalidade e respeitando nossa essência. Somos originários e convidamos cada individuo da sociedade em que estamos presentes a tornar possível nossa articulação por direitos, visibilidade e respeito.


LAFAETE PANKARARU

Coordenador Geral APICRUMPE (Cacique Tekum Makam Pankararu)

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