quarta-feira, 18 de agosto de 2021

LULA SE PRONUNCIA SOBRE A MORTE DE MANOEL DA CONCEIÇÃO, MILITANTE DO MOVIMENTO CAMPESINO

 

Imagem: Arquivo

Nesta quarta (18), despede-se um dos maiores símbolos da luta pela reforma agrária no Brasil, Manoel da Conceição. O camponês lutou contra a ditadura, se forjou como líder sindical e foi um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT), organização pela qual concorreu ao cargo de governador de Pernambuco em 1982. Após quatro semanas internado com uma broncopneumonia aguda, Manoel faleceu no município de Imperatriz, no Maranhão, aos 86 anos.

O ex-presidente Lula lamentou a morte de Conceição e afirmou que, além de ter sido um grande personagem da luta pela democracia, era também um grande amigo.

Manoel da Conceição foi um militante histórico do Partido dos Trabalhadores. Um dos primeiros signatários do nosso partido. Combatente da ditadura, teve um papel fundamental na luta pela democracia do nosso país. Mas foi, além de tudo, um grande amigo. Chego hoje ao Maranhão com grande pesar por não poder encontrá-lo, mas com a certeza de que seguiremos honrando sua luta e seu legado em defesa do Brasil que sonhamos construir juntos”, declarou Lula.


BIOGRAFIA


Nascido em 1935 na região de Coroatá, Manoel da Conceição e sua família sofreram na pele a exploração e a injustiça do latifúndio, que os expulsou mais de uma vez das terras que cultivavam. Em 1960, depois de frequentar um curso do Movimento de Educação de Base, o MEB do educador Paulo Freire, organizou com outros companheiros dezenas de escolas para alfabetizar camponeses na região de Pindaré-Mirim.

Em 1963, fundou e foi eleito presidente do primeiro sindicato de Trabalhadores Rurais do Maranhão, invadido pelos militares no golpe do 1964, quando foram presos cerca de 200 filiados. Apesar da repressão, Manoel manteve o sindicato atuante até que, em 1968, num dia em que um médico da capital atendia pessoas na sede, a Polícia Militar invadiu o sindicato e Manoel da Conceição foi baleado no pé.

Preso sem qualquer tratamento por uma semana, Manoel perdeu a perna direita gangrenada. Levado por companheiros para São Paulo, implantou uma prótese mecânica e participou da organização de comitês de fábrica e da oposição sindical. Visitou a China e voltou a Pindaré em 1970. Foi preso novamente, em 1972, e transferido para o Rio, onde foi torturado no quartel da Polícia do Exército na Tijuca e no Centro de Informações da Marinha, sofrendo graves sequelas.

Acolhido pelo então presidente da CNBB, dom Aloisio Lorscheider, retornou a São Paulo, sob a proteção de dom Paulo Arns e do pastor James Wright, mas foi novamente preso e torturado no DOI-Codi de São Paulo em 1975. Foi necessária a intervenção direta do papa Paulo VI junto a Ernesto Geisel para que Manoel da Conceição fosse exilado em Genebra, na Suíça, onde participou da resistência à ditadura brasileira.

Manoel foi um dos primeiros exilados a retornar com a Anistia em 1979. Participou da criação e da primeira direção nacional do Partido dos Trabalhadores em 1980 e, também, da criação da CUT em 1983. Foi o primeiro presidente do PT em Pernambuco e, depois de retornar ao Maranhão, teve 111 mil votos na disputa pelo Senado em 1986.


Fonte: Brasil de Fato e Forum


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