segunda-feira, 11 de outubro de 2021

O QUE É POBREZA MENSTRUAL?

 


Pesquisa inédita realizada por Always revela que no Brasil uma em cada quatro jovens não teve dinheiro para comprar absorventes em algum momento de sua vida. Conheça melhor essa realidade e veja como mudar esse cenário


A menstruação não é doença, nem sinal de sujeira ou inferioridade da mulher. Hoje, essas e outras crenças, fruto de uma sociedade machista, estão se tornando ultrapassadas, mas ainda há um longo caminho a avançar.

Para Mirian Goldenberg, antropóloga e professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a falta de conversa aberta sobre o assunto reforça tabus e prejudica o desenvolvimento e a autoconfiança das garotas. “A menstruação ainda é estigmatizada, é motivo de vergonha. Muitas meninas deixam de usar determinadas roupas ou de praticar atividade física porque estão menstruadas, por exemplo. Há muito sofrimento por trás da menstruação. Mas deveria ser o contrário, ela deveria ser celebrada, pois é a demonstração da natureza de que a menina se tornou uma mulher”, explica a antropóloga.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em todo o planeta cerca de 1,8 bilhão de mulheres menstruam, o que representa quase 25% da população mundial. Já estava na hora de o ciclo menstrual ser encarado como um processo natural e saudável, que não tem nada, absolutamente nada de impuro.

Quando uma menina ajuda a outra, quando eu descubro que outras garotas sentem a mesma dor que a minha, o sofrimento já diminui. Por isso falar sobre o assunto menstruação e desconstruir tabus é um passo enorme em direção a uma sociedade mais justa para todas as mulheres”, salienta Goldenberg.


Pobreza menstrual e a falta de dignidade




Além de desconstruir tabus, é essencial jogar luz sobre a falta de higiene básica no período menstrual – conhecida como pobreza menstrual. Essa condição é motivo de constrangimento e coloca em risco a saúde de muitas meninas, mulheres e transexuais que vivem em situação de vulnerabilidade social e econômica.

Para quem tem um banheiro dentro de casa, um chuveiro com água quente e absorventes descartáveis à disposição para trocá-los sempre que necessário, a falta de acesso a itens de higiene durante a menstruação pode parecer inimaginável. Mas, infelizmente, essa é a realidade de quem mora nas ruas, em abrigos ou presídios e enfrenta, mensalmente, as dificuldades de menstruar sem contar com saneamento básico nem com protetores menstruais.


Always e o raio X da vulnerabilidade social


Para entender esse cenário, Always realizou, em parceria com a Toluna, uma pesquisa online com 1.124 mulheres entre 16 e 29 anos, de todas as classes e regiões do Brasil. A amostra privilegiou a população mais carente com até 21 anos.

O estudo apontou que a desigualdade de gênero e o baixo poder aquisitivo – segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pobreza atinge mais as mulheres, em especial pretas e pardas (são mais de 108 milhões no país) – limitam a compra de itens básicos de higiene. Diante dessas condições, metade das entrevistadas revelou já ter substituído o absorvente por papel higiênico, roupas velhas ou toalha de papel – recurso que oferece riscos à saúde, já que o uso de itens inadequados na menstruação pode provocar problemas como infecções no trato urinário e nos rins ou até lesões nos órgãos reprodutores femininos.


Além de problemas de saúde, a falta de condições mínimas ainda impacta o desempenho escolar e o futuro de muitas garotas. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que uma em cada dez meninas se ausenta da escola durante a menstruação por não contar com instalações ou materiais de higiene adequados nesse período.

E no Brasil esse índice é ainda pior. Ainda de acordo com a pesquisa realizada por Always, o absorvente externo descartável é considerado pelas entrevistadas um produto de primeira necessidade e sua falta afeta a confiança feminina. Porém, mais de uma em cada quatro jovens (29%) revelou não ter tido dinheiro para comprar produtos higiênicos para o período menstrual em algum momento de sua vida. Nas classes D e E, esse índice chega a 33%.

Essa condição afeta não só a segurança e a saúde dessas garotas como tem reflexos em sua vida escolar. O estudo apontou, por exemplo, que uma em cada quatro jovens já faltou à aula por não poder comprar absorventes. “Quase metade destas (48%) tentou esconder que o motivo foi a falta de absorventes e 45% acreditam que não ir à aula por falta de absorventes impactou negativamente o seu rendimento escolar, o desenvolvimento de suas habilidades e a sua autoconfiança. Cerca de 35%, por exemplo, deixaram de praticar esportes e sentiram muita vergonha na escola pela falta de produtos menstruais”, conta Goldenberg.


Campanha #MeninaAjudaMenina


A pobreza menstrual é real e prejudica a vida de muitas mulheres não só no Brasil, mas em todo o mundo. Always, que ao longo de toda a sua história sempre empoderou meninas e mulheres, lançou a campanha #MeninaAjudaMenina pelo Fim da Pobreza Menstrual. A proposta é promover a discussão sobre essa realidade no Brasil e contribuir junto com a sociedade para dar a todas a oportunidade de ter um futuro melhor.

Por acreditar que toda menina deve ter acesso a produtos de higiene em seu período menstrual e que o potencial dessas garotas não deve ser limitado pela falta de absorventes, Always faz um compromisso de longo prazo pelo fim da pobreza menstrual e convida todas as meninas e mulheres a abraçar essa causa. “Acreditamos que a falta de dignidade na menstruação reflete a desigualdade de gênero no país. Always quer contribuir para essa transformação”, salienta Juliana Azevedo, presidente da P&G no Brasil.


Fonte: Marie Claire


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