Pesquisa inédita realizada por Always revela que no Brasil uma em cada quatro jovens não teve dinheiro para comprar absorventes em algum momento de sua vida. Conheça melhor essa realidade e veja como mudar esse cenário
A menstruação não é doença, nem sinal de sujeira ou inferioridade da mulher. Hoje, essas e outras crenças, fruto de uma sociedade machista, estão se tornando ultrapassadas, mas ainda há um longo caminho a avançar.
Para Mirian Goldenberg, antropóloga e professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a falta de conversa aberta sobre o assunto reforça tabus e prejudica o desenvolvimento e a autoconfiança das garotas. “A menstruação ainda é estigmatizada, é motivo de vergonha. Muitas meninas deixam de usar determinadas roupas ou de praticar atividade física porque estão menstruadas, por exemplo. Há muito sofrimento por trás da menstruação. Mas deveria ser o contrário, ela deveria ser celebrada, pois é a demonstração da natureza de que a menina se tornou uma mulher”, explica a antropóloga.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em todo o planeta cerca de 1,8 bilhão de mulheres menstruam, o que representa quase 25% da população mundial. Já estava na hora de o ciclo menstrual ser encarado como um processo natural e saudável, que não tem nada, absolutamente nada de impuro.
“Quando uma menina ajuda a outra, quando eu descubro que outras garotas sentem a mesma dor que a minha, o sofrimento já diminui. Por isso falar sobre o assunto menstruação e desconstruir tabus é um passo enorme em direção a uma sociedade mais justa para todas as mulheres”, salienta Goldenberg.
Pobreza menstrual e a falta de dignidade
Além de desconstruir tabus, é essencial jogar luz sobre a falta de higiene básica no período menstrual – conhecida como pobreza menstrual. Essa condição é motivo de constrangimento e coloca em risco a saúde de muitas meninas, mulheres e transexuais que vivem em situação de vulnerabilidade social e econômica.
Para quem tem um banheiro dentro de casa, um chuveiro com água quente e absorventes descartáveis à disposição para trocá-los sempre que necessário, a falta de acesso a itens de higiene durante a menstruação pode parecer inimaginável. Mas, infelizmente, essa é a realidade de quem mora nas ruas, em abrigos ou presídios e enfrenta, mensalmente, as dificuldades de menstruar sem contar com saneamento básico nem com protetores menstruais.
Always e o raio X da vulnerabilidade social
Para entender esse cenário, Always realizou, em parceria com a Toluna, uma pesquisa online com 1.124 mulheres entre 16 e 29 anos, de todas as classes e regiões do Brasil. A amostra privilegiou a população mais carente com até 21 anos.
O estudo apontou que a desigualdade de gênero e o baixo poder aquisitivo – segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pobreza atinge mais as mulheres, em especial pretas e pardas (são mais de 108 milhões no país) – limitam a compra de itens básicos de higiene. Diante dessas condições, metade das entrevistadas revelou já ter substituído o absorvente por papel higiênico, roupas velhas ou toalha de papel – recurso que oferece riscos à saúde, já que o uso de itens inadequados na menstruação pode provocar problemas como infecções no trato urinário e nos rins ou até lesões nos órgãos reprodutores femininos.
Além de problemas de saúde, a falta de condições mínimas ainda impacta o desempenho escolar e o futuro de muitas garotas. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que uma em cada dez meninas se ausenta da escola durante a menstruação por não contar com instalações ou materiais de higiene adequados nesse período.
E no Brasil esse índice é ainda pior. Ainda de acordo com a pesquisa realizada por Always, o absorvente externo descartável é considerado pelas entrevistadas um produto de primeira necessidade e sua falta afeta a confiança feminina. Porém, mais de uma em cada quatro jovens (29%) revelou não ter tido dinheiro para comprar produtos higiênicos para o período menstrual em algum momento de sua vida. Nas classes D e E, esse índice chega a 33%.
Essa condição afeta não só a segurança e a saúde dessas garotas como tem reflexos em sua vida escolar. O estudo apontou, por exemplo, que uma em cada quatro jovens já faltou à aula por não poder comprar absorventes. “Quase metade destas (48%) tentou esconder que o motivo foi a falta de absorventes e 45% acreditam que não ir à aula por falta de absorventes impactou negativamente o seu rendimento escolar, o desenvolvimento de suas habilidades e a sua autoconfiança. Cerca de 35%, por exemplo, deixaram de praticar esportes e sentiram muita vergonha na escola pela falta de produtos menstruais”, conta Goldenberg.
Campanha #MeninaAjudaMenina
A pobreza menstrual é real e prejudica a vida de muitas mulheres não só no Brasil, mas em todo o mundo. Always, que ao longo de toda a sua história sempre empoderou meninas e mulheres, lançou a campanha #MeninaAjudaMenina pelo Fim da Pobreza Menstrual. A proposta é promover a discussão sobre essa realidade no Brasil e contribuir junto com a sociedade para dar a todas a oportunidade de ter um futuro melhor.
Por acreditar que toda menina deve ter acesso a produtos de higiene em seu período menstrual e que o potencial dessas garotas não deve ser limitado pela falta de absorventes, Always faz um compromisso de longo prazo pelo fim da pobreza menstrual e convida todas as meninas e mulheres a abraçar essa causa. “Acreditamos que a falta de dignidade na menstruação reflete a desigualdade de gênero no país. Always quer contribuir para essa transformação”, salienta Juliana Azevedo, presidente da P&G no Brasil.
Fonte: Marie Claire
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