A CNTE (Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação) lançou um documento norteador de como se deve ser
aplicado o ensino religioso nas escolas brasileiras sem ferir o estado laico (o
documento na íntegra segue em anexo ao fim dessa postagem).
Mesmo com a “facultatividade” posta em lei, é
possível crer num perfil docente dessa disciplina que respeite o estado laico, todas
as manifestações religiosas-culturais sem privilegiar nenhum, não faça proselitismo
e fortaleça a tolerância entre todas as formas de percepção do mundo, inclusive
as ateístas e agnósticas? Sim. Mas deveríamos propor uma sabatina ao candidato.
Não necessitaria um questionário tão amplo.
Aos que sabatinassem caberia observar como o candidato
reagiria (caras, bocas, palavras) diante as situações apresentadas.
Primeiro, a “crucificação” da transexual Viviany Belebony na
última parada LGBT em São Paulo. Se
questionaria:
O
que você sente ao ver essa cena?
Após ouvir a resposta, é apresentada a justificativa:
O
candidato compreende a lógica e a aceita?
Em seguida um confronto entre outras imagens
onde a simbologia de Jesus crucificado foi utilizada em diversos outros
contextos aceitos naturalmente pela sociedade consumista.
A primeira do jogador Neymar:
E na sequência diversas outras vezes em que
fora utilizada:
Deve se questionar, então:
Por
que as demais imagens não ferem a crença do próximo? Se ferem, por que não
geraram a mesma repercussão da simbologia da transexual?
Vamos a uma segunda etapa. Jornal
satírico Charlie Hebdo. Deverá observar as charges a seguir:
Se achar engraçado, é apresentada a charge do
mesmo jornal na sequência (a sequência pode ser variável):
E então? O candidato a professor de ensino
religioso mostrou mais indignação a uma do que a outra? Se a resposta for POSITIVA, a avaliação desse candidato deverá ser NEGATIVA.
Vamos ao outra fase da sabatina. De que forma
o candidato contextualizaria em sala de aula, para crianças e adolescentes, as
seguintes notícias?
EVANGÉLICOS QUEBRAM E URINAM EM IMAGEM
DE SANTA; PASTOR NEGA PARTICIPAÇÃO, MAS APÓIA FIÉIS:
UNIVERSITÁRIO
QUEIMA BÍBLIA EM ENCONTRO DE ATEUS NA UFAC E GERA PROTESTOS:
MARCO FELICIANO ATACA CATÓLICOS: “IGREJA
MORTA E FAJUTA”:
RIO DE JANEIRO LIDERA EM CASOS DE
DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA
E
então, ele mostra mais indignação a uma notícia do que a outra? Qual foi a
motivação?
Ficando clara a tendência para algum lado que
não seja o de evitar a proliferação de mais uma horda incapaz de interpretar e
aplicar algumas das que deveriam ser as maiores normas de conduta da sociedade: amar(respeitar) o próximo como a si mesmo, não julgar para não ser julgado, pregar
a caridade com atitudes sociais de confrontação a um sistema que exclui e não
distribui riquezas, a reprovação deveria ser imediata.
Mas surge a tristeza de uma pátria que se diz
educadora, não estar educada.
Parte de nossos líderes religiosos não compreende que, mais importante que
formar ovelhas e escravos, é preciso formar pastores e senhores do saber para
uma cultura de paz, enfim, começar a engatinhar para sua efetivação.
Temos vagas e professores aptos
suficientes, no ensino fundamental, para educar os falsos profetas da pátria
demagoga? Pelas exibições em massa de ódio seletivo, está claro que não.
Abaixo documento da CNTE acerca do ensino
religioso nas escolas públicas.
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