Foto: Dilson Sintepe |
O programa de Escola Integral, criado pelo
governo PSB como política de estado através da lei complementar n°125, de 10 de
Julho de 2008, em Pernambuco, completou 12 anos. Iniciado em 2003 com a
inauguração do Ginásio Pernambucano, outrora Centros de Ensino Experimental, o
programa conta hoje com 300 escolas, entre integrais, semi-integrais e
técnicas, com promessa de inauguração de mais unidades durante a gestão Paulo
Câmara. Em quantidade Pernambuco supera qualquer outro estado, mas e em
qualidade?
Foto: Daniel Filho |
O SINTEPE (Sindicato dos Trabalhadores de
Educação de Pernambuco) deu início hoje (09), na cidade de Salgueiro, ao ciclo
de seminários que analisam o cenário do programa de referência com o tema “QUAL
ESCOLA QUEREMOS?”. Estivemos presentes e faremos a matéria por partes. Essa
primeira totalmente dedicada às principais falas expressas pelos participantes:
“Referência
em quê? Quantidade de aula significa qualidade?”
Foto: Daniel Filho |
“Sou admiradora de Darcy Ribeiro,
Brizola... E quando ouvimos falar do programa me enchi de sonhos. Mas a escola
em período integral que nos foi entregue não era holística, era ‘conteudista’ ”
“Em
parte das escolas de referência os conselhos escolares existem apenas para
constar em cartório. Na prática não funcionam.”
“Com essas escolas nos foi introjetado a
ideia neoliberal: metas, ranking e competição. O estado nos jogou uns contra os
outros e, isso, ela fez muito bem.”
“É
inegável que as escolas em período integral são a vitrine do governo e os
resultados mostram isso. Mas os dados de sucesso das escolas são oriundos do
trabalho do professor e o custo é a sua saúde.”
“O SIEPE, sistema de diário escolar
eletrônico, foi criado para nos ensinar a mentir. Caso você falte em
determinado dia, é preciso contabilizar como se lá estivesse. Os conteúdos,
mesmo que não tenham sido contemplados plenamente, precisam ser incluídos como
se tivessem sido dados.”
“Que
avaliação é essa que nos divide em bolinhas verdes, amarelas e vermelhas?”
“É preciso criar uma ouvidoria para o
estudante das EREM’s. Ninguém melhor que nossos jovens para explicar tudo o que
eles sofrem nas escolas”
Foto: Daniel Filho |
“Grêmio
escolar em escola de referência praticamente não existe. São criadas diversas
dificuldades e nossos estudantes perdem a oportunidade de se formarem como cidadãos
politizados.”
“Um dos pontos positivos que vejo no
programa é a de, mesmo com dificuldade de encontrar professores em exatas,
deixar o professor lecionar na área para qual se formou. Nas regulares somos
obrigados a pegar uma salada de disciplinas para atender a carga horária.”
“Acredito
que, no papel, a Lei Complementar n°125, de Outubro de 2008, é lindo. O
problema é a prática. A escola é excludente e em nada democrática.”
“Se nos pautarmos pela lei é possível
garantir uma escola que seja referência para sua comunidade, mas ela deixa de
funcionar quando os gestores escolares não são escolhidos pelos estudantes e
passam a se declarar como ‘governo’. Então o gestor passa a agir para atender aos
mandos do governo e não às demandas de seus estudantes.”
“Temos
uma gratificação que chegou ao seu teto. Contribuímos com a previdência, mas
não levamos para a aposentadoria tal gratificação. Gozar licença-prêmio
significa abrir mão da gratificação e cursar mestrado é uma dificuldade...
Perdemos todos os nossos direitos.”
Foto: Daniel Filho |
“Nunca entendemos como funciona o bônus
escolar. Ano passado nossa escola atingiu a nota 5,25 e tivemos nota zero (0).
Esse ano subimos para 5,76 e, mais uma vez, zeramos, não iremos receber o
bônus. Não entendo as regras, não há transparência (...) Como querem nos
motivar se não levam em consideração o que evoluímos? Não somos máquinas
ensinando a máquinas, somos humanos.”
“Não
há dentro da lei complementar nada referente à quantidade de horas que devemos
lecionar, portanto gestores e gerências especulam e dizem que devemos pegar até
34 horas em sala. Um absurdo. Reivindiquei junto aos colegas, gestora e
gerência que ficaram temerosos, então falei diretamente com Paulo Dutra. Se não
há nada expresso na lei complementar a que nos deve reger é a regular e, nessa,
apenas 26 horas são em sala as horas restantes ficam para aula-atividade. Paulo
Dutra compreendeu e fui atendida. Mas imaginem quantos colegas aceitaram calados
e se submeteram a essa extensa carga horária?”
“Não há formação continuada aos
professores. O FORUM anual das escolas integrais é uma forma pontual de apresentar
palestras aos professores. Mas não dá pra chamar de formação continuada.”
“Há
diversos relatos de professores que sofrem assédio moral por causa das metas
estipuladas. Quando se alcança o resultado dedicam a vitória ao grupo, mas
quando o resultado não vem a culpa recai sobre os professores de Língua
Portuguesa e Matemática.”
Foto: Daniel Filho |
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