Imagens: Daniel Filho eFilosofia Hoje |
“Nó
mulheres somos metade da população mundial e mãe da outra metade.”
A frase acima ecoou no evento “MULHERES
PELA DEMOCRACIA E CONTRA O GOLPE” do último dia 17 no pátio do Carmo em
Recife que recebeu a visita da presidenta Dilma
Rousseff. Sua força deveria ecoar ainda mais. Tomar coração e veias de cada
mulher por mais representação em parlamentos e executivos.
O evento foi organizado pela Frente Brasil Popular, que reúne
entidades como MST, UNE, CUT e partidos políticos como PT
e PCdoB. Aconteceu um dia após a
vinda da Comissão de Defesa da Mulher,
projeto itinerante da ALEPE, à
Petrolândia.
Destacamos os dois atos por estarem
interligados ainda que indiretamente. Conectam-se pelo conteúdo e
contextualização. Como discutir mais direitos da mulher, mais participação
política, tanto nas discussões quanto na garantia paritária de ocupação dos
espaços, quando assistimos cotidianamente a negação da democracia? O
desrespeito a 54 milhões de votos que concederam o mandato da primeira mulher
presidenta do país? A batalha cotidiana de Dilma, da ditadura à democracia, é
reflexo do que sofreram e sofrem as mulheres do mundo para conquistarem
espaços, alcançarem direitos e impedir retrocessos.
As reformas políticas profundas que nosso
país necessita passa pela retomada de Dilma ao cargo:
"Quando
eu voltar, nós vamos ter que construir o verdadeiro governo de salvação
nacional. Porque um governo golpista nunca vai conseguir fazer um governo de salvação
nacional".
MAIS
MULHERES NA POLÍTICA
O Brasil adota a regra que reserva, nas
eleições proporcionais, no mínimo 30%
e no máximo 70% de vagas para cada
sexo nas listas de candidatos dos partidos políticos. Na prática essas
reservas, majoritariamente, são decorativas. Às mulheres não são dadas
condições paritárias para se concorrer. Seus nomes são usados para respeitar a
lei apenas.
Um bom exemplo pode ser observado no espaço
que aconteceu a audiência pública: a Câmara de Vereadores de Petrolândia tem
apenas uma cadeira ocupada por mulher, Dona
Santa (PSB). Vale o destaque que
nenhum dos seus colegas do legislativo estava presente no início da atividade.
Os vereadores Rogério Novaes (PSD) e Jorge Viana (PSL)
chegaram próximo do fim da audiência.
A partir desse fato é possível ler que as
mudanças necessárias para a garantia desta e tantas representatividades, que passa,
principalmente, pelos poderes legislativos do país, não pode ser esperada vir
das leis de homens que não se comprometem debater a causa. Precisa surgir do
clamor e mobilização.
TORNAR-SE MULHER
"Ninguém
nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico
define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da
civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado
que qualificam de feminino”.
Simone
de Beauvouir em O Segundo Sexo
Constantemente deturpada por quem insiste em negar
direitos, a famosa citação trata para além do sexo. Tornar-se mulher que
represente as demais representações sociais, não se define biologicamente, mas
através da consciência de gênero e classe para a garantia de que patriarcado e
misoginia não se perpetuem.
PRÉ-CANDIDATAS
FALAM
“Quem
é nascida e criada no sertão sabe como é a cultura do machismo. Quando na
gravidez de minha mãe o nosso pai sabia que teria uma filha, havia um certo
desgosto, então, desde a barriga a mulher sofre com o tratamento diferenciado(...).
Cresci ouvindo sobre coisas que eu não podia fazer: não podia ir pra festa só.
Não podia ficar na festa até o fim. Tinha que esperar o homem vir me convidar para
dançar ou corria o risco em ser taxada como ‘mulher à toa’. Cresci ouvindo o
que não podia, e tenho orgulho de dizer que cresci desconstruindo todas essas
proibições: passei a ir às festas, a ficar até o fim, a ter a iniciativa de
chamar os homens para dançar. E minha vida assim se deu. E hoje tenho orgulho
em assumir aqui um posicionamento que, por vezes, é dito que não cabe às
mulheres ou que não espaço para elas: Apresento-me aqui como pré-candidata a
prefeita de meu município com muito orgulho e sei que lutaremos uma batalha que
merece ser combatida.”
Adriana Gomes de Araújo (PT)
“Temos
muitas mulheres aqui com histórico de luta pelo povo. Então por que não vir nos
representar aqui na câmara? Aqui podemos lutar muito mais. Somos professoras,
agricultoras, donas de casa, então por que não sermos representante do povo?
Vamos lutar, participar. Sempre digo de cabeça erguida sem medo: Já tentei duas
vezes e costumo dizer que não perdi nenhuma vez. Eu não conquistei a vaga, o
direito de sentar aqui, mas através da política eu não perdi, eu ganhei muito
mais. Através da política a gente aprende, a gente constrói.”
Maria
Helena Gomes de Souza
(PSD)
Adriana e Maria Helena tornaram-se e são
grandes mulheres. Mulheres que nosso município precisa e que a boa política
almeja. Que o lançamento de seus nomes à pré-candidatura aos cargos de prefeita
e vereadora influenciem tantas outras a somar para a construção de uma nova era
política em nossa cidade.
São dias de Dilmas, Adrianas, Marias. São
dias de força, raça e gana...sempre!
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