terça-feira, 21 de junho de 2016

MULHERES PELA DEMOCRACIA

Imagens: Daniel Filho e 

Filosofia Hoje

“Nó mulheres somos metade da população mundial e mãe da outra metade.”

A frase acima ecoou no evento “MULHERES PELA DEMOCRACIA E CONTRA O GOLPE” do último dia 17 no pátio do Carmo em Recife que recebeu a visita da presidenta Dilma Rousseff. Sua força deveria ecoar ainda mais. Tomar coração e veias de cada mulher por mais representação em parlamentos e executivos.
O evento foi organizado pela Frente Brasil Popular, que reúne entidades como MST, UNE, CUT e partidos políticos como PT e PCdoB. Aconteceu um dia após a vinda da Comissão de Defesa da Mulher, projeto itinerante da ALEPE, à Petrolândia.
Destacamos os dois atos por estarem interligados ainda que indiretamente. Conectam-se pelo conteúdo e contextualização. Como discutir mais direitos da mulher, mais participação política, tanto nas discussões quanto na garantia paritária de ocupação dos espaços, quando assistimos cotidianamente a negação da democracia? O desrespeito a 54 milhões de votos que concederam o mandato da primeira mulher presidenta do país? A batalha cotidiana de Dilma, da ditadura à democracia, é reflexo do que sofreram e sofrem as mulheres do mundo para conquistarem espaços, alcançarem direitos e impedir retrocessos.
As reformas políticas profundas que nosso país necessita passa pela retomada de Dilma ao cargo:
"Quando eu voltar, nós vamos ter que construir o verdadeiro governo de salvação nacional. Porque um governo golpista nunca vai conseguir fazer um governo de salvação nacional".


MAIS MULHERES NA POLÍTICA

O Brasil adota a regra que reserva, nas eleições proporcionais, no mínimo 30% e no máximo 70% de vagas para cada sexo nas listas de candidatos dos partidos políticos. Na prática essas reservas, majoritariamente, são decorativas. Às mulheres não são dadas condições paritárias para se concorrer. Seus nomes são usados para respeitar a lei apenas.
Um bom exemplo pode ser observado no espaço que aconteceu a audiência pública: a Câmara de Vereadores de Petrolândia tem apenas uma cadeira ocupada por mulher, Dona Santa (PSB). Vale o destaque que nenhum dos seus colegas do legislativo estava presente no início da atividade. Os vereadores Rogério Novaes (PSD) e Jorge Viana (PSL) chegaram próximo do fim da audiência.
A partir desse fato é possível ler que as mudanças necessárias para a garantia desta e tantas representatividades, que passa, principalmente, pelos poderes legislativos do país, não pode ser esperada vir das leis de homens que não se comprometem debater a causa. Precisa surgir do clamor e mobilização.

TORNAR-SE MULHER

"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino”.
Simone de Beauvouir em O Segundo Sexo

Constantemente deturpada por quem insiste em negar direitos, a famosa citação trata para além do sexo. Tornar-se mulher que represente as demais representações sociais, não se define biologicamente, mas através da consciência de gênero e classe para a garantia de que patriarcado e misoginia não se perpetuem.

PRÉ-CANDIDATAS FALAM

“Quem é nascida e criada no sertão sabe como é a cultura do machismo. Quando na gravidez de minha mãe o nosso pai sabia que teria uma filha, havia um certo desgosto, então, desde a barriga a mulher sofre com o tratamento diferenciado(...). Cresci ouvindo sobre coisas que eu não podia fazer: não podia ir pra festa só. Não podia ficar na festa até o fim. Tinha que esperar o homem vir me convidar para dançar ou corria o risco em ser taxada como ‘mulher à toa’. Cresci ouvindo o que não podia, e tenho orgulho de dizer que cresci desconstruindo todas essas proibições: passei a ir às festas, a ficar até o fim, a ter a iniciativa de chamar os homens para dançar. E minha vida assim se deu. E hoje tenho orgulho em assumir aqui um posicionamento que, por vezes, é dito que não cabe às mulheres ou que não espaço para elas: Apresento-me aqui como pré-candidata a prefeita de meu município com muito orgulho e sei que lutaremos uma batalha que merece ser combatida.”
Adriana Gomes de Araújo (PT)

“Temos muitas mulheres aqui com histórico de luta pelo povo. Então por que não vir nos representar aqui na câmara? Aqui podemos lutar muito mais. Somos professoras, agricultoras, donas de casa, então por que não sermos representante do povo? Vamos lutar, participar. Sempre digo de cabeça erguida sem medo: Já tentei duas vezes e costumo dizer que não perdi nenhuma vez. Eu não conquistei a vaga, o direito de sentar aqui, mas através da política eu não perdi, eu ganhei muito mais. Através da política a gente aprende, a gente constrói.”
 Maria Helena Gomes de Souza (PSD)


Adriana e Maria Helena tornaram-se e são grandes mulheres. Mulheres que nosso município precisa e que a boa política almeja. Que o lançamento de seus nomes à pré-candidatura aos cargos de prefeita e vereadora influenciem tantas outras a somar para a construção de uma nova era política em nossa cidade.
São dias de Dilmas, Adrianas, Marias. São dias de força, raça e gana...sempre!

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