O Conselho Indigenista Missionário – Cimi
denuncia e repudia a ação paramilitar realizada por fazendeiros contra famílias
do povo Guarani-Kaiowá, do tekohá Tey Jusu, na região de Caarapó, no estado do
Mato Grosso do Sul, nesta terça-feira, 14, que resultou no assassinato do jovem
Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza Guarani-Kaiowá, 26, além de ao menos seis
feridos à bala, inclusive uma criança de doze anos baleada no abdômen.
Constatamos, com preocupação, que ações
paraestatais realizadas por setores do agronegócio tem sido recorrentes no Mato
Grosso do Sul. Desde agosto de 2015, quando foi assassinado o líder Simeão
Vilhalva, no tekohá Nhenderú Marangatu, foram registrados mais de 25 ataques
paramilitares contra comunidades do povo Guarani-Kaiowá no estado. Demonstrando
profundo desrespeito ao Estado de Direito e agindo na completa impunidade,
latifundiários têm optado pela prática corriqueira da “injustiça pelas próprias
mãos” no estado.
Consideramos que a atuação de parlamentares
ruralistas na tentativa de aprovar proposições legislativas, como a PEC 215/00,
e no âmbito de Comissões Parlamentares de Inquérito, como a CPI do Cimi e a CPI
da Funai/Incra, contribuem para aprofundar o sentimento de ódio aos indígenas,
agravando ainda mais a situação de violência contra os povos originários no
Brasil e, de modo especial, no Mato Grosso do Sul.
O Cimi solidariza-se com os Guarani-Kaiowá,
especialmente com os familiares da liderança assassinada e dos feridos, e exige
que o Ministério da Justiça tome providências imediatas e efetivas a fim de
fazer cessar os ataques paramilitares contra comunidades indígenas no Mato
Grosso do Sul, bem como, para identificar e punir os assassinos de mais uma
liderança indígena daquele estado.
Causa vergonha nacional e internacional ao
Brasil o fato de setores do agronegócio exportador de commodities agrícolas
continuar assassinando líderes de povos originários de nosso país.
O genocídio Guarani-Kaiowá avança pelas mãos
do agrocrime no Mato Grosso do Sul.
Brasília, 14 de junho de 2016
Conselho Indigenista Missionário –
Cimi
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