segunda-feira, 6 de junho de 2016

OFICINA INNOVATE E A GESTÃO SUSTENTÁVEL DA TERRA

Imagens: Daniel Filho


Um grupo de pesquisadores do projeto INNOVATE, uma cooperação teuto-brasileira, realizou recentemente uma serie de oficinas. A primeira aconteceu no Centro Cultural de Petrolândia no último dia 31, seguida de uma oficina no distrito de Apolônio Sales e outra no IF-Sertão de Floresta. Agricultores, representantes de vários órgãos ligados à agropecuária e ao meio ambiente, estudantes e outros interessados atenderam as oficinas. Três blocos temáticos foram apresentados e debatidos.

A PARTIR DE ESTUDOS REALIZADOS EM PERÍMETROS IRRIGADOS, O GRUPO CONCLUIU QUE:

O uso de herbicidas não é necessário (se a plantação for alta, e tiver muito mato permitir a entrada de ovelhas e bodes para pastar, sem causar danos à cultura).

Manter o mato (plantas herbáceas) e promover uma variedade destas plantas nas bordas da plantação (o mato que cresce no meio e no entorno da plantação não precisa ser roçado e nem reduz a produção, mas promove um refúgio importante para animais predadores de pragas das culturas).

Use esterco de cabra e evite pesticidas (o esterco contribui para enriquecer o solo, enquanto, pesticidas interrompem o desenvolvimento de um solo saudável).

No bananal: fertilização adicional com potássio e fósforo (para atender a demanda especialmente grande das bananeiras destes dois nutrientes).

Instale micro aspersores em coqueiros (em média, a produção pode dobrar em comparação com o sistema de gotejamento).

Promova o melhoramento genético em variedades de coqueiro (foi observado que coqueiros que produziam mais taninos nas folhas eram menos atacados por mosca branca).

ESTUDOS E OBSERVAÇÕES FEITOS NA CAATINGA, RECOMENDA-SE:

Manejar a carga animal de forma a ter, em média, menos do que um animal (bode, ovelha, gado) por hectare (para manter uma pastagem nativa rica e de alta qualidade, e evitar que degrade o solo, ao longo dos anos de utilização).

Usar raças de animais adaptadas ao sistema local (raças que sofrem menos com a estiagem).

Produzir e conservar forragem (para aumentar a oferta de alimento na estação seca).

Fazer a rotação do rebanho (dividir uma grande área em piquetes menores para uma recuperação do pasto nativo).

Corte sustentável de plantas forrageiras (evitar cortar grupos grande de macambira ou manchas que ficam próximas umas das outras, dar preferência à retirada de indivíduos isolados ou pequenos grupos com menos de 30m2 - pois a macambira abriga e protege vários bicho e plantas jovens).

Cercar um terço à metade do açude (para reservar parte da vegetação que cresce na beira dos açudes para a estação seca).

Finalmente, as áreas protegidas são refúgios para várias plantas e bichos. É importante manter espécies raras e permitir a sua dispersão em áreas degradadas de Caatinga. Os pesquisadores recomendam:

Estabelecer novas áreas protegidas num sistema conectado (estabelecer “corredores” entre áreas protegidas para permitir e fomentar a mobilidade de animais que também ajudam a dispersar sementes de plantas).

Monitorar a biodiversidade (conhecer o que existe, e acompanhar a presença destas espécies, e poder alertar se desaparecerem).

Estabelecer e manter um banco de dados accessível ao público (para saber o que existe, fomentar a troca de experiências e facilitar estudos comparativos de lugares e ao longo do tempo).

Fortalecer a educação ambiental (para conscientizar a população e promover uma mudança da cultura rumo a um respeito maior à natureza).

Contratar pessoas locais para o patrulhamento e monitoramento (aproveitando o conhecimento local e promover uma conscientização e um senso de propriedade da população local e gerar empregos da população no entorno das áreas protegidas).

Cooperar com ONGs locais, nacionais e internacionais (para facilitar a gestão das áreas protegidas que é complexa e que pode aproveitar experiências diversas).

Curta e acompanhe os trabalhos do grupo na página:


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