Foto: Daniel Filho |
O 33° Congresso Nacional da CNTE foi aberto oficialmente na noite
desta quinta-feira (12) pelo
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva
na Conferência “Conjunturas Internacional e Nacional”.
Aclamado por mais de 2500
profissionais da educação de todos os estados brasileiros e diversos países
como Argentina, Paraguai, Uruguai, Portugal, Angola, Suécia, Estados Unidos,
Japão, Alemanha, Noruega, Haiti, Canadá, além do movimento social brasileiro,
Lula fez um retrospecto de todos os avanços sociais conquistados após sua
eleição, em especial para a educação, fazendo uma analogia entre a histórica
dívida do Brasil para com índios, negros, pobres, trabalhadores:
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“Tenho orgulho de ter
incluído na grade curricular o ensino de História da África. Os estudantes
precisam aprender e reconhecer a dívida histórica que temos com o povo africano
(...) foram trazidos para cá não somente para serem escravizados, mas para
ajudarem a construir esse país (...). Muitos ensinaram que os negros foram
trazidos para trabalharem no lugar dos índios porque, diziam, que os índios
eram preguiçosos. Não, os índios não eram preguiçosos, eles foram exterminados
e, por isso, precisaram escravizar nossos irmãos africanos. Não podendo haver
dinheiro que pague essa dívida, devemos, no mínimo, sermos solidários,
garantindo relações de comércio, desenvolvimento e educação entre nossos
continentes.”
Foto: Daniel Filho |
Lula citou ainda a
mesquinhez de parte da elite brasileira que se incomodou com a ascensão dos mais
pobres e o quanto esse sentimento está presente no governo que, segundo ele,
entrou pelas portas dos fundos de forma usurpadora:
“Deixamos de lado o
complexo de vira-lata e passamos a ter orgulho de dizer que somos brasileiros,
mas agora querem mudar e fico triste por ver o quanto estamos e vamos
retroceder (...) Nunca pensei que iria voltar a ver crianças pedindo esmolas
nas ruas das capitais (...) fico triste ainda em ver que querem que o povo
brasileiro volte a andar de cabeça baixa, quando já tínhamos virado essa página
(...) não aguentam ver pobre se tornando engenheiro, professor, doutor... Mas
uma coisa que eles precisam aprender é que filho de pobre não é para ser
pedreiro, doméstica... se ele quiser, ele pode ser doutor.”
Foto: Daniel Filho |
Citou ainda os avanços na
educação em seu governo como a conquista do piso salarial nacional dos
professores, além da criação de universidades e institutos federais, extensão,
olimpíadas de matemática e língua portuguesa, transporte escolar pelo programa
Caminhos da Escola, e alertou aos presentes que é tempo de luta para não
retroceder:
“Quando governei esse
país nunca deixei ninguém se referir como ‘gasto na educação’, era para tratar
sempre como investimento, pois a grandeza de um país está em como se oferta a
educação para a população (...). Não fiz tudo o que queria, mas tenho certeza
que fiz mais do que todos os que me antecederam (...) Assisti ao anúncio do
atual ministro sobre aprovar o piso salarial dos professores acima da
inflação... ele falando como se isso fosse muita coisa e não a obrigação. É
preciso, companheiros, que estejam atentos ao que eles falam e é preciso muita
luta.”
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Lula reafirmou sua convicção
em continuar andando o país para retomar o crescimento e as conquistas sociais,
ainda que façam de tudo para tentá-lo impedir. Os presentes
lançaram diversos coros: “Brasil, urgente, Lula presidente”; “Volta,
Lula!”; “Lula guerreiro do povo brasileiro”.
O Congresso continua pela
noite com aprovação de regimento e plenárias de discussão.
Daniel Filho
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