Imagens: Leonardo Milano |
As mãos calejadas do trabalho com a enxada,
que durante anos semearam a terra no interior do Maranhão, agora têm novos
desafios. Lápis e caderno são os instrumentos. Uma história diferente está
sendo escrita.
O projeto de alfabetização Sim,
Eu Posso, inspirado em um modelo cubano voltado para jovens, adultos e
idosos, tem mudado a vida de trabalhadores urbanos, sem-terra, quilombolas e
indígenas no estado que é o terceiro em número de analfabetos no Brasil.
A dona de casa Doralice dos Santos Oliveira tinha 53 anos, mais de 40 deles
trabalhados na agricultura, quando foi apresentada ao mundo das letras:
“Quem
não sabe ler nem escrever, vive no mundo só pra dizer que está vivendo, mas não
sabe de nada. É como se estivesse no escuro, entendeu? A gente vê as coisas,
mas não sabe o que é.”
Doralice, que vive no município de Itaipava
do Grajaú, a cerca de 500 quilômetros da capital, São Luís, já não faz mais
parte do grupo dos 840 mil maranhenses analfabetos.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE), esse é o número de pessoas com mais de 15 anos que não
sabem ler e escrever no estado.
A iniciativa vem transformando, aos poucos, a
realidade da educação no estado.
O Sim, Eu Posso está na segunda etapa, com
mais de 20 mil alunos atendidos. As aulas são ministradas em 15 municípios, que
estão entre as cidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do
estado.
O projeto percorre assentamentos, aldeias e
outras comunidades.
O método consiste basicamente na associação
entre números e letras. A combinação é uma forma de tornar o aprendizado mais
fácil, uma vez que mesmo a população analfabeta tem conhecimentos básicos de
matemática.
Além disso, o projeto associa o uso de
cartilhas educativas ao recurso da televisão. Os ensinamentos são divididos em
65 capítulos em formato de telenovela e as aulas duram ao todo oito meses.
Entre os grupos atendidos na Jornada de
Alfabetização, há um segmento especial: o dos indígenas.
Na região central do Maranhão, cerca de 1.800
deles estão matriculados nas turmas do projeto.
Fonte: Brasil de Fato
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Para ouvir:
Radiodocumentário
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Projeto
“Sim, Eu Posso”, uma parceria do MST com o governo estadual, está na segunda
etapa com 20 mil inscritos
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