Mussolini |
Por sermos seres múltiplos, evidente que
ninguém pode ser definido e resumido tão somente ao fator gênero. Indivíduos
possuem tantas e infindas características que a diversidade constitui um valor
central da humanidade. Não obstante, ao pensarmos eleições e grupos de
eleitores, podemos lançar questões sobre perfis que unem certos grupos.
No caso dos eleitores de um deputado carioca
que há 30 anos vem exercendo
mandato sem ter aprovado um projeto de lei,
fazendo da política uma profissão junto de suas crias, chama atenção não
somente o fato de seus mais aguerridos seguidores serem homens.
Embora diferentes, estão unidos como
indivíduos ignorantes do saber historicamente acumulado e observam com desdém o
convívio democrático.
Não, não é desqualificação gratuita de seus
fãs. A ignorância é trazida para a
reflexão como elemento característico de seus
seguidores por conta mesmo de uma constatação concreta: na medida em que o
candidato a quem chamam de “mito” defende uma ditadura militar e diz ser contra
corrupção, temos um contrassenso lógico. É sabido que o regime civil-militar
brasileiro (1964-1985) foi uma grande escola que alicerçou grandes esquemas de
corrupção, sobretudo no setor das empreiteiras que hoje tomam o noticiário, mantidas
sob o silêncio de uma imprensa controlada e de vozes silenciadas na base de
torturas e balas. Será que indivíduos que não possuem vergonha do ridículo ao
sair em foto com deputado fascista não sabem disso?
Como projeto de “macho”, a virilidade
masculina é reforçada como estratégia de tal candidato, acompanhada de
elementos como “armas”, “força física”, “violência”. Os fiéis seguidores dão
saltos de alegria. Junto a isso, termos vagos como “povo”, “nação”, “Brasil acima
de tudo” são mobilizados diversas vezes para não adentrar no âmago de questões centrais
que caracterizam a sociedade brasileira. Ora, de qual Brasil esse individuo
está falando? O que entende como povo? Como observa os interesses divergentes
que estão na base da sociedade? Questões deixadas para reflexão, algo que
desagrada o senso imediato, curto e limitado dos fiéis seguidores do candidato,
sem o costume de pensar e refletir de modo sério e consequente.
A hipótese do patriarcalismo pode ser lançada
para se refletir sobre a predominância masculina de seus eleitores, sobretudo
quando o “mentor intelectual” dos apoiadores chegou a falar em entrevista que
tem uma filha por ter fraquejado. Mulher, sinônimo de fraqueza e inferioridade
em relação aos homens. De fato, embora reforce um grupo de eleitores homens,
mulheres aceitando esse deslize sincero de tal candidato seria aceitação
subserviente de piada humilhante.
Por fim, existe ainda fortemente o falso
moralismo. É de se questionar se em nenhum momento da vida tais indivíduos não
subverteram qualquer lei, se a história de vida familiar de cada um nunca
esteve marcada por qualquer ato infracional ou pela criminalidade.
Cada qual faça seu juízo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário