Imagens: ilustrativas |
Artigo de opinião por Daniel Filho
O Miss
& mister, edição mirim 2018 em Petrolândia, que vem “agitando as redes
sociais” deveria inspirar uma grande interrogação entre organizadores, mães,
pais e conselho tutelar: Quem vence?
Vencerão todas e todos os participantes se, às
crianças, estiver sendo construída a imagem de que tudo não passará de uma
grande festa onde todas vão se encontrar para se divertir e apresentar suas
capacidades e potencialidades únicas e individuais.
Serão todas e todos derrotados se a culminância,
no próximo sábado (12) a partir das 17h00min no BR Mania, for um "concurso" onde às
"vencedoras" e “vencedores” caberá a redução de sua infância a um
mero adjetivo (simpática, bonita, popular) e, consequentemente, reduzir as
demais à “derrota”:
“Mamãe,
quer dizer que sou feia?”
“Papai,
por que ele ganhou a faixa e eu não?”
“Quantas
‘curtidas’ eu tenho?”
“Só?
E quantas tem fulana? Por quê? Então eu perdi, né, papai?”
“Tudo
isso? Então eu sou a melhor de todas, né, mamãe?”
“Quero
ir de maquiagem e óculos pra escola.”
“Quero
ir com minha faixa pra mostrar na escola.”
São apenas algumas questões que podem vir a
surgir. Consequentemente, seus problemas.
A adultização, promovida por esse tipo de
disputa (a antecipar rotinas, costumes, vícios dos adultos nas crianças), pode
trazer problemas como: depressão, ansiedade, obesidade, baixa autoestima.
“Nesta
fase, as crianças são bastante influenciadas pelas suas referências, como pais
e professores, e ainda têm poucas condições de avaliar a situação de forma
adequada. Se a família conduz isso de maneira tranquila, como uma situação
divertida, de descontração, a criança pode levar isso numa boa. Do contrário,
se percebe que há uma pressão da família para que seja a melhor, pode ser que
valorize a vida de ‘miss’ mais do que deveria, uma vez que ainda não está
preparada para isso”. Analisa a psicóloga e analista do
comportamento Lygia T. Dorigon.
A temática é constante em diversos estudos
científicos e em países como a França esse tipo de concurso é proibido.
A desgraça que esse modelo de sociedade nos
joga (competição, exclusão, derrota, "vitória", frustração, metas,
falsa meritocracia), já é imposta pela vida. Por que, então, antecipar em uma
fase que precisa ser vivida plenamente para que, na juventude e idade adulta, haja
uma construção emotiva saudável?
Mães, pais, organizadores, conselho tutelar e
demais autoridades. É dever de todas e todos zelar pela saúde de nossas
crianças. Que dia 12 haja uma linda festa de confraternização e brincadeira
entre todas e todos participantes sem “perdas, ganhos e danos”.
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