Imagem: Jim Watson - AFP |
Depois da concessão da Base de Alcântara (MA) e do fim da exigência de visto para
turistas dos EUA, Jair Bolsonaro
(PSL) visitou Donald Trump nesta terça-feira (19) e prometeu que o Brasil apoiará novas ações contra o presidente
Nicolás Maduro na Venezuela e importará uma cota de trigo estadunidense sem a
aplicação de tarifas alfandegárias. Em troca, Trump deu uma sinalização vaga do
apoio da Casa Branca ao ingresso brasileiro na Organização para a Cooperação e
o Desenvolvimento Econômico (OCDE) – além de uma camisa da seleção
estadunidense de futebol.
Nem a possibilidade de ingresso no grupo dos
países mais ricos do mundo – o que, segundo a visão do Planalto, atrairia
investimentos externos – compensou a viagem. Essa é a interpretação de Gilberto
Maringoni, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC
(UFABC), que define a visita de Bolsonaro como “fiasco”.
Maringoni lembra que os próprios EUA exigem
que o Brasil abra mão de prerrogativas dos países em desenvolvimento na
Organização Mundial do Comércio (OMC) para pleitear um lugar na OCDE – que
reúne países considerados desenvolvidos que aceitam os princípios da democracia
representativa e da economia de mercado. Com tais prerrogativas, o Brasil
poderia defender, por exemplo, políticas de proteção a setores produtivos
nacionais.
Para o pesquisador, chama atenção a retórica
de Bolsonaro em relação à possibilidade de intervenção armada na Venezuela. "A
Venezuela não pode continuar da maneira como se encontra. Aquele povo tem que
ser libertado e contamos com o apoio dos EUA para que esse objetivo seja
alcançado", disse o presidente brasileiro, citando o poder
econômico e bélico estadunidense.
Segundo Maringoni, tal posição enfraquece a
política externa brasileira, baseada no princípio da resolução pacífica de
conflitos, a não intervenção em assuntos internos e, em consequência, a posição
do Brasil como polo mediador na América do Sul.
"Ele volta de mãos abanando. Com o
Brasil tomando parte no conflito venezuelano, em favor da oposição, de Juan
Guaidó, ele perde a condição de mediar não só com a Venezuela. Ele perde a
condição de mediador em qualquer situação, porque rompe com o segundo paradigma
do Rio Branco: a não intervenção em assuntos internos",
explica.
O pesquisador afirma que nem os governos de
Dutra, Castello Branco e Fernando Henrique Cardoso, conhecidos pela proximidade
com os EUA, aderiram às políticas da Casa Branca em um nível comparável ao de
Bolsonaro.
Fonte: Brasil de Fato
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