terça-feira, 18 de junho de 2019

VELHO CHICO AMARGO: A VERDADE SOBRE OS PROJETOS IRRIGADOS NO VALE DO SÃO FRANCISCO

Imagens: Reprodução


Em 1996 o jornalista francês, Didier Bloch, escreveu “As frutas amargas do Velho Chico: irrigação e desenvolvimento no Vale do São Francisco”, obra que expõe o modelo predominante de irrigação em nossa região do submédio São Francisco: suas implicações quanto à geração de empregos, condições de trabalho, acesso a créditos, concentração fundiária e preservação do meio ambiente.
A obra traz em seus anexos os projetos da Codevasf no São Francisco e a produção e exportação de frutas para o mercado interno e externo. Rômulo Soares Pedrosa, militante e dirigente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) enviou um artigo sobre a obra e a realidade por trás do que considera perverso sobre nossa fruticultura irrigada:

Embora conte como parte de uma massiva campanha midiática chamada “O Agro é Pop”, estimulada pelo agronegócio internacional, a propaganda esconde um lado perverso. Aqui vamos especificar a hortifruticultura irrigada do Vale do São Francisco.
Em “As frutas amargas do Velho Chico” o jornalista francês Didier Bloch mostra a realidade perversa e criminosa que se esconde. “A irrigação não é a salvação para o semiárido”, muito tem que ser revisto e cuidado, recomenda o autor, enumerando problemas derivados da irrigação na região do São Francisco. O livro foi uma encomenda de estudo feita pela OXFAN, Agência Britânica de Cooperação Internacional.
O que se vê em Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Juazeiro da Bahia não pode ser considerado bom para as trabalhadoras e trabalhadores envolvidos, tampouco para o futuro da região. Uma das muitas mentiras está relacionada ao número de empregos gerados, pouco mais de cem (100) mil para dez (10) milhões de habitantes. E, ainda assim, muitos são empregos temporários, com precarizações das condições de trabalho, pouca ou nenhuma garantia de direitos trabalhistas e dissídios coletivos não são respeitados.
Os aspectos ambientais também sofrem seus abalos: uso abusivo de agrotóxicos, degradação, salinização dos solos, assoreamento do Rio São Francisco com redução de sua vazão por causa do bombeamento intensivo (quem tem mais dinheiro, tem mais água). Esse é o lado perverso e mentiroso da fruticultura irrigada em nossa região.

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Artigo sobre degradação e revitalização (Andrea Zellhuber e Ruben Siqueira):

Artigo sobre as contradições de política de reforma agrária na região (Franciel Coelho Luz de Amorim):


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